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Julho: I Roda de Leitura Sônia Maron acontece na Creche Irmã Margarida

Magia, curiosidade, fantasia e muita diversão! Assim foi a reabertura do projeto Roda de Leitura da Academia de Letras de Itabuna-ALITA, agora denominado Roda de Leitura Sônia Maron, nome de uma das fundadoras da Academia de Letras de Itabuna, e também presidente por dois mandatos. A acadêmica Raquel Rocha, coordenadora do projeto, fala sobre a homenagem: “Sônia foi a primeira acadêmica a abraçar o projeto Roda de Leitura, esteve presente em todas as rodas, era apaixonada por essas tardes, transbordava amor pelos livros, pelas crianças e pela nossa academia. A Roda de Leitura de que ela tanto gostava e para a qual muito contribuiu, agora recebe seu nome. É uma singela homenagem a essa grande mulher que tinha uma força inabalável e um coração do tamanho do mundo.”

A primeira edição de reabertura da Roda de Leitura Sônia Maron aconteceu na sexta-feira, dia 08 de julho de 2022,  no Centro Comunitário e Creche Irmã Margarida, no bairro Pedro Gerônimo. Participaram da Roda de Leitura os acadêmicos Jorge Batista, Janete Ruiz e Raquel Rocha. As crianças da creche puderam ouvir histórias, assistir a interpretação do ator Jorge Batista e participar das narrativas. Lembrando que objetivo do projeto é fomentar o gosto pela leitura na primeira e segunda infância.

De acordo com o acadêmico Jorge Batista: “Um projeto de leitura é sempre uma humanização do outro, para o outro e com o outro.  Quem faz a leitura, quem conta uma história e quem ouve, ouve com o corpo todo. A leitura movimenta o corpo todo. Rubem Alves dizia ‘A gente ama não é a pessoa que fala bonito. É a pessoa que escuta bonito’. O encontro com a leitura é exatamente isso e a roda de leitura é o encontro de crianças ouvindo bonito, aquilo que é o universo mágico de uma boa leitura.”

Toda equipe de trabalhadores da Creche Irmã Margarida estava presente, Otonio Guimarães, Maria Conceição Guimarães (presidente), Maria Auxiliadora (vice presidente), Miraneia Carvalho (diretora pedagógica), Luciene Santana  (vice-diretora pedagógica) e Jamile Barros (coordenadora).  Para a diretora pedagógica Miraneia Carvelho da instituição “Foi maravilhoso! as crianças interagiram, se divertiram e começam perceber q ler é também prazer. A cada leitura um aprendizado que vai acontecendo de forma leve e criativa. Foi realmente um momento de prazer.”

Raquel Rocha, diretora de comunicação da ALITA deu início A Roda de Leitura contando a Fábula “A formiga e a pomba”, do escritor francês Jean de La Fontaine. Na sequência, a vice-presidente, Janete Macêdo apresentou uma das obras do escritor Cyro de Mattos “Minha Feira tudo tem como onda vai vem” e a Roda de Leitura foi concluída com a performance do diretor de ações culturais, Jorge Batista que encantou a criançada com três histórias.

A vice-presidente, Janete Macêdo descreveu esse momento especial “Na tarde chuvosa da última sexta-feira fomos recebidos com carinho das coordenadoras, professoras e recreadoras e com uma expectativa desconfiada das crianças do. Lá do alto, se vislumbra uma paisagem privilegiada da cidade de Itabuna, mas rapidamente o olhar se depara com os seus contrastes: a opulência das grandes construções e a pobreza das pequenas casas inacabadas. Nosso obrigado aos que fazem a Creche Irmã Margarida, em especial as companheiras da Casa da Amizade, Maria Auxiliadora e Conceição, pela oportunidade desse contato com, quem sabe, futuro ávidos leitores ou autores.”

O projeto tem o intuito de visitar mensalmente instituições públicas e privadas da cidade de Itabuna, levando sempre a magia do livro e o gosto pela leitura para as crianças de Itabuna.

Raquel Rocha

Coordenadora do Projeto Roda de Leitura Sônia Maron

08 de julho de 2022.

 

 

 

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III WEBINÁRIO ESTUDOS AMADIANOS HOMENAGEIA CYRO DE MATTOS

Pelo terceiro ano consecutivo irão se reunir em torno de Jorge Amado dezenas de universidades, academias de letras, grupos de pesquisas, casas de cultura, prefeituras, pesquisadoras e pesquisadores de diversos estados brasileiros, Itália, França e Estados Unidos da Américas. O evento é o III Webinário Estudos Amadianos sob a coordenação geral do grupo de pesquisa CLIC (Crítica Literária e Identidade Cultural), liderado pelo professor Gildeci de Oliveira Leite (UNEB). Como nos anos anteriores, as palestras/lives serão transmitidas pelo Canal Universidade da Gente, hospedado no Youtube:

https://www.youtube.com/channel/UCIn2MteQibM5p2l3NpKWdNA/featured

A abertura acontecerá dia 08 de agosto às 19:00 horas com a mesa “Cyro de Mattos: diálogo com Jorge Amado”. A homenagem a Cyro de Mattos coaduna com espírito amadiano de confraternização e reconhecimento dos pares. Ao todo serão 16 mesas em horários variados de 08 a 16 de agosto de 2022. As lives serão abertas ao grande público e aos que desejarem certificados as inscrições já se iniciaram através do link https://forms.gle/Wv3DC34v9gQ9bHTKA . A certificação será proporcional à participação.

Entre os convidados confirmaram-se com as presenças de Eduardo de Assis Duarte (UFMG), Antonella Rita Roscilli (ALB / UFBA-CNPq / IGHB / Diretora “Sarapegbe”-Rivista Italiana Bilingue di Dialogo Interculturale), Tiziana Tonon (Università degli studi di Genova, ANITI — Associazione Nazionale Italiana Traduttori e Interpreti), Edvaldo A. Bergamo (UnB), Paula Sperb (jornalista e crítica literária), Rita Olivieri-Godet (Université de Rennes II), Charles Perrone (University of Florida), Dain Borges (University of Chicago), Antônio Luciano Tosta (University of Kansas). Serão mais de sessenta apresentações de pesquisas sobre a vida e obra de Jorge Amado, constituindo-se, também, em oportunidade de formação de leitores dos diversos níveis de proficiência leitora e principalmente para a formação docente.

Direto das terras amadianas do cacau as Academia de Letras de Ilhéus (ALI) e a Academia de Letras de Itabuna (ALITA) confirmaram mesas com Cyro de Mattos, Tica Simões, Baisa Nora, Reheniglei Rehem, Heloísa Prata e Prazeres (ALB/UFBA), Nelson Cerqueira (ALB/UFBA), Pawlo Cidade, André Rosa (ALI/UESC), Neuza Maria Kerner (ALI), Maria Luiza Heine (ALI), Jane Hilda Badaró (ALI). A Academia de Letras da Bahia (ALB), uma das signatárias do evento, também confirmou contribuição através de seus membros e com presença confirmada de seu presidente Ordep Serra.

Dentre os diversos signatários, alguns já citados, estão a Fundação Casa de Jorge Amado, Casa do Rio Vermelho (juntamente com Prefeitura de Salvador), Academia de Letras de Aracaju, Center for Global and International Studies, University of Kansas, Prefeitura de Seabra e o apoio cultural da Editus (Editora da UESC – Universidade Estadual de Santa Cruz) e da Companhia das Letras na Educação. É importante lembrar os importantes papéis dos nove programas de pós-graduação, a exemplo do PPGEL (Programa de Pós-graduação em Estudo de Linguagens) e MPEJA (Mestrado Profissional de Educação de Jovens e Adultos), os dois da UNEB (Universidade do Estado da Bahia).

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A TRANSGENERIDADE NA VISÃO FENOMENOLÓGICA- Raquel Rocha

Um dos temas mais discutidos na contemporaneidade e que se apresenta como um grande desafio para os Psicólogos é a Transgeneridade. Transgêneros são pessoas que possuem uma identidade de gênero diferente do seu sexo biológico. A transgeneridade não é uma orientação sexual é uma identidade.

A hipótese científica pra os transgêneros é a de que nesses indivíduos o cérebro não se desenvolve em sintonia com a genitália do embrião. O psiquiatra do Hospital das Clínicas, Alexandre Saadeh em entrevista ao programa Fantástico da Rede Globo corrobora com essa explicação, segundo o médico no embrião humano a genitália se desenvolve por volta da décima semana mas nessa fase o cérebro ainda está se desenvolvendo e ainda não tem uma identidade de gênero. Somente na vigésima semana é que se denine a área no cérebro onde ocorre a identidade de gênero. Normalmente no embrião com órgão sexual masculino o cérebro se define como masculino. Da mesma forma, quando o órgão sexual é feminino, o cérebro se define como feminino. Mas em alguns casos o cérebro se desenvolve no sexo oposto ao órgão sexual, dando origem ao indivíduo transgênero. Um transgênero já nasce transgênero, não se torna transgênero pela criação dos pais, nem por escolha própria.

Um artigo feito por pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Boston avaliou 40 trabalhos sobre o tema e aponta que a identidade de gênero é uma condição biológica que não pode ser modificada através de intervenção psicológica. A literatura até o momento monstra que ha diversas particularidades biológicas que podem definir a identidade de gênero, como características de algumas áreas do cérebro e genes relacionados à produção hormonal. (Fonte BBC)

A identidade de gênero independe da opção sexual uma vez que a pessoa transgênera pode ser heterossexual, homossexual ou bissexual. No Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais 5.ª edição ou DSM-5 da Associação Americana de Psiquiatria de 2013 a transgeneridade ainda aparece como um distúrbio nominado de Disforia de Gênero (Códigos 302.6, 302.85 e 302.6) conceituada como “Incongruência acentuada entre o gênero experimentado/expresso e o gênero designado de uma pessoa” tendo como primeiro critério “Forte desejo de pertencer ao outro gênero ou insistência de que um gênero é o outro (ou algum gênero alternativo diferente do designado).”

Em 2015 a Organização Mundial de Saúde- OMS anunciou que deixaria de considerar transgeneridade um distúrbio. Segundo a organização estima-se que uma em cada cem pessoas sejam transgêneras.

Essa questão tem sido debatida como nunca antes em meios acadêmicos, médicos e religiosos, as vezes com informações científicas sérias as vezes permeada de preconceitos. Dentre todas as áreas de conhecimento que precisam compreender esse fenômeno a Psicologia se faz fundamentalmente importante. É condição sine qua non que os profissionais da atualidade debatam sobre a despatologização da transexualidade de forma séria, ética e embasada nos estudos mais recentes. As correntes psicológicas clássicas não se debruçaram especificamente sobre o tema transgeneridade, por motivos diverso: tabu, preconceito, desconhecimento médico da época. O que a princípio parece ser um fator limitador é na verdade uma ferramenta que nos deixa livre para pensar no sujeito por trás do rótulo de transgênero, sem tentar encaixa-lo em teorias.

Como a corrente Humanista na visão Fenomenológica pondera, é importante pensar na pessoa por trás do diagnóstico. Pensar no sujeito trans dentro do seu contexto de dificuldades, enfrentamentos e principalmente dentro dos seus fatores de riscos. Muitas vezes o sujeito transgênero apresenta histórico de tentativas de suicídio, de automutilação, muitos são rejeitados pelas famílias e pelos amigos, sofrem assédio, preconceito e discriminação. Como resultado de seu sofrimento psíquico eles podem vir a desenvolver transtornos mentais como depressão, transtorno de estresse pós traumático e síndrome do pânico. É importante que a psicologia atue no sentido de fortalecer o sujeito para lidar todas as adversidades apresentadas e ao mesmo tempo  reconhecer-se como sujeito em toda sua singularidade.

A despatologização nesse processo é de fundamental importância. A Fenomenologia busca justamente a especificidade do ser. Para o psicólogo Humanista, Marcos Alberto  Pinto (2007) “ precisamos encontrar a pessoa que existe e que está por trás do rótulo, pessoa esta que como todas, possuem sentimentos, histórias e sentidos.” O olhar para o sujeito, para sua história de vida, sua constituição psíquica, suas dores, suas angustias e acima de tudo trabalhar com sujeito, qualquer que seja a corrente psicológica, para que ele possa ser quem realmente ele é.

REFERÊNCIA

PINTO, Marcos Alberto. A Pessoa por trás do Diagnostico. VII Forum Brasileiro da Abordagem Centrada na Pessoa- Nova Friburgo 2007
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-5: manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 992p.
BBC Brasil  “Na escola e na família, a difícil batalha de crianças transgênero por aceitação” http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/04/150407_criancas_transgenero_uk_fn
PROGRAMA FANTÁSTICO- Rede Globo http://g1.globo.com/fantastico/

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ALITA, Centro Cultural Teosópolis e Editora Via Litterarum promovem Noite de Autógrafos.

 

O Centro Cultural Teosópolis sediou na última sexta-feira (15/07/22) uma noite de autógrafo com os escritores Albione Souza Silva, Bira Lima, Charles Sá, Egnaldo França, Leila Oliveira, Mariana Souza e Sérgio Machado.

O evento foi organizado pela Centro Cultural Teosópolis, pela Academia de Letras de Itabuna-ALITA e pela editora Via Litterarum.

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POBRE RIO CACHOEIRA- Sione Porto

Menina, vi o Rio Cachoeira,
Belo e veloz, descer
Em busca do mar,
Com seu verde e ondas vertiginosas,
Brilhar perto das margens,
Nos fazendo encantar!
Então, comigo pensava,
Quão magnífico, ó Rio Cachoeira,
Cheio de vida e amplexos,
Trazendo cardumes nas redes
Peixes a se multiplicar,
Para os pobres alimentar!
Menina, vi o Rio Cachoeira
Banhando as lavadeiras,
Que após lavar roupas tão alvas,
Entoando sonoros cantos ribeirinhos,
Saíam com suas trouxas na cabeça,
Nos fazendo sonhar e sonhar!
Hoje, procuro o Rio Cachoeira,
De tanta beleza de outrora,
Mas apenas vejo sujeira,
dentro e nos seus arredores,
povoado de garças sorrateiras,
Que triste é o Rio Cachoeira!
Será que ninguém ver o seu penar?
Antes tão absoluto e majestoso,
A deslizar nas ondas fortes
Na sólida terra grapiúna,
Que hoje geme e sangra,
Querendo se recuperar?
Bravo Rio Cachoeira,
Estrela brilhante,
Daqueles que o amam,
Certamente uma voz,
Falará mais alto para o salvar,
E, como aquele que não foge à luta, sobreviverá!

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ANÍSIO TEIXEIRA, UM IMPORTANTE EDUCADOR BRASILEIRO DO SÉCULO XX- Raimunda Alves Moreira de Assis

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“Só existirá democracia no Brasil no dia
em que se montar no país a máquina
que prepara as democracias. Essa
máquina é a da escola pública.”
Anísio Spínola Teixeira

12 de julho, um dia especial!  Data em que celebramos os 120 anos de nascimento do grande educador baiano, filho de Caetité, Anísio Spínola Teixeira.  O seu protagonismo na história da educação brasileira é de fundamental importância. Foi um dos ativistas mais entusiasmados do Movimento da Escola Nova, defendia os princípios do ensino público, gratuito, laico e democrático. Ele lutava por uma educação como direitos de todos e não privilégio da elite dominante.

Atuou, durante grande parte de sua vida no desenvolvimento de projetos de gestão democrática na educação publica. Aos 24 anos, foi Secretário de Educação da Bahia, desenvolvendo planos de reformas e democratização da educação no Estado. Sempre com a ideia de uma educação integral, a exemplo da Escola Parque, construída no bairro da Liberdade, um local pobre e populoso da capital baiana. Esta escola permanece em atividade até hoje. Anísio Teixeira exerceu vários cargos executivos, foi Secretário da Educação do Rio de Janeiro, onde realizou uma ampla reforma na rede de ensino, a partir de uma visão de sistema, em que se integra o ensino da escola primária à universidade. Também fundou a Universidade do Distrito Federal, em 1935 e que, pouco tempo depois foi transformada na Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil. A militância político-educacional de Anísio foi interrompida durante o período ditatorial do Estado Novo. Nesse momento, recolheu-se á sua cidade Natal e passou a se dedicar a atividade de mineração, trabalho desenvolvido pelos familiares.

Anísio Teixeira retoma as atividades educacionais em 1947 e, mais uma vez, assumiu o cargo de Secretário da Educação da Bahia, realizando reformas importantes. É consagrado como excelente gestor criador de políticas públicas de educação. Em 1951, assumiu a função de Secretário Geral da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), tornando-se, no ano seguinte, diretor do INEP (Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos). Também participou em 1950 dos debates para a implantação da Lei Nacional de Diretrizes e Bases, sempre como árduo defensor da educação pública. Também, ao lado de Darcy Ribeiro foi um dos fundadores da Universidade de Brasília, da qual se tornou reitor em 1963. Mas, com o golpe militar de 1964 afastou-se do cargo e foi para os Estados Unidos, lecionando nas Universidades de Colúmbia e da Califórnia. De volta ao Brasil em 1966, tornou-se consultor da Fundação Getúlio Vargas.  Não obstante, ter uma trajetória atribulada no exercício de tantos cargos e funções públicas  ao longo de sua vida, o educador publicou muitos livros e artigos, podemos destacar alguns: Educação Progressiva,  Educação para a Democracia,  Educação não é Privilégio, Educação é um Direito. Nestas obras estão cravadas suas idéias há mais de 70 anos e algumas delas, ainda hoje, não foram implantadas. Contudo, nos anima a certeza de que idéias não morrem.

Em 1971, o seu amigo Hermes Lima, o anima a candidatar-se para uma vaga na Academia de Letras. Anísio iniciou uma série de visitas protocolares aos Imortais e numa das últimas visitas esteve com o lexicógrafo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, quando desapareceu em circunstâncias misteriosas. A família preocupada passou a procurá-lo, sendo informada pelos militares de que ele se encontrava detido. Após dois dias do desaparecimento, em 14 de março de 1971, o seu corpo foi encontrado, no fosso do elevador da residência do Aurélio, na Avenida Rui Barbosa, no Rio de Janeiro. Apesar do laudo de morte acidental, há suspeitas de que tenha sido vítima das forças de repressão do governo do General Emílio Garrastazu Médici.

Diante do legado histórico deixado para o povo brasileiro por este educador que dedicou a sua vida em defesa de uma escola pública democrática e de qualidade para todos, é que nós da Academia de Letras de Itabuna (ALITA) rendemos as nossas mais sinceras e profundas homenagens ao educador Anísio Teixeira

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Poemas serenos ao som de guitarras espanholas

Poemas serenos ao som de guitarras espanholas
Décio Torres Cruz

“Guitarra de Salamanca” é o mais novo livro de poesias de Cyro de Mattos, publicado pela editora paulista Espelho d’Alma e também pela Editora Verbum, de Madrid. São vinte e um poemas em uma edição bilíngue (português-espanhol), com prefácio de Raquel da Silva Ortega, que também assina a tradução dos poemas para a língua espanhola. Divididos em quatro partes, cada uma faz referência à música: “Tocata”, “andamento”, “fuga” e “fechamento”, enfatizando a qualidade musical de seus versos, que soam como guitarras cativantes. E os sons desse e de outros instrumentos nos acompanham ao longo da leitura de seus versos sonoros, como uma bela cantiga que encanta e seduz o leitor.
Alguns dos títulos dos poemas criam belas imagens poéticas, como “Da lágrima rejeitada”, “Das travessias solitárias”, “Dos desviados da ternura” e “Da visita do passarinho”. Cada um desses títulos desafia a nossa imaginação a criar uma história deles advinda. Os poemas do livro conduzem-nos pelos becos e ruas antigas de Salamanca e de Toledo e nos convidam a passear por belas cidades centenárias que nos revelam o antigo de nós mesmos, na companhia de escritores espanhóis de tempos distintos que atuam como anfitriões e nossos cicerones.
Além de poeta, o autor grapiúna é ficcionista, ensaísta, cronista, jornalista e advogado. Já ganhou diversos prêmios literários importantes. Membro da Academia de Letras da Bahia, já escreveu 60 livros, alguns deles traduzidos e publicados em vários países europeus. O livro pode ser adquirido diretamente da editora.

*Décio Torres é Doutor em Literatura Comparada pela State University of New York (1997), EUA, Mestre em Letras e Lingüística (concentração em Teoria da Literatura, 1986), Especialista em Tradução (1992) e Bacharel em Letras (Língua Estrangeira Inglês, 1980), pela Universidade Federal da Bahia. Tradutor e poeta.

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EU E ILHÉUS: UMA HISTÓRIA DE AMOR- Marcos Bandeira

Um lugar onde nossos pensamentos fazem eco transcendendo os limites do universo palpável da realidade social; onde o tempo da memória retorna devagar e onde a magia de seus encantos se revela nos versos dos poetas: essa é Ilhéus, nossa Princesa do Sul!

Ilhéus deriva de ilhéu, que traduz habitante da ilha. Sua beleza majestosa é pontificada na Catedral Dom Eduardo, cuja abóboda é vislumbrada de todos os lados, mas o seu feitiço maior nos alcança quando passamos pela ponte que liga Pontal a Ilhéus e voltamos nossas vistas para o outeiro de São Sebastião por onde a vemos esgueirando-se sobre os ombros do morro. Um pouco mais atrás avista-se os espigões da Igreja da Piedade, como se fossem arranhar os céus fazendo lembrar que a cidade de São Jorge está a seus pés.

Na moldura e no cerne de sua existência convém lembrarmo-nos de um pouco de sua história que serviu de cenário para muitos fatos sociais que se imortalizaram ao longo do tempo: a capitania de São Jorge dos Ilhéus coube ao escrivão da Fazenda Real de Portugal, Jorge de Figueiredo Correia, que não podendo vir, mandou em seu lugar o jovem Francisco Romero, o qual partiu do Rio Tejo em 1535 chegando nestas terras no mesmo ano, aportando inicialmente na ilha de Tinharé, depois no Morro de São Paulo, para finalmente fixar-se no cume do outeiro de São Sebastião, recebendo, a sede, inicialmente, o nome de Vila de São Jorge. A extensão territorial era muito grande, abarcando em seu leito, Itabuna, Itajuípe, até o território onde hoje se encontra edificada a capital Brasília. A primeira igreja matriz foi construída no ano de 1556.

Sua marca histórica é exposta nas letras de famosos escritores grapiúnas quando Jorge Amado exalta sua cor morena de “Gabriela Cravo e Canela” no romance entre o árabe Nacib e a morena Gabriela e no coronelismo de Misael Tavares que exerceu o cargo de intendente e era considerado o “rei do cacau”; quando Hélio Pólvora afirma que nela “aspirarmos os odores do fermento do fruto de ouro oriundos dos cochos das fazendas de cacau”; quando o Estuário do Pontal, ponto de encontro do Rio Cachoeira com o mar, serviu de inspiração para Adonias Filho divisar “Jindiba”, a árvore testemunha da então vila de pescadores do Pontal, onde suas mulheres, a exemplo de Lina do Malhado, começaram a perder seus maridos para o misterioso mar.

Ainda viajando nas asas da ficção e da realidade da região cacaueira não podemos esquecer da figura de Juca Badaró e Horácio da Silveira e sua luta de sangue nessas terras do sem fim onde foram imortalizadas tocaias e lutas sangrentas, passando pela disputa do poder político entre o coronel Pessoa e o coronel,  Domingos Adami de Sá (Intendente que construiu o atual prédio da Prefeitura Municipal de Ilhéus). Não podemos esquecer do então jovem João Mangabeira, bacharel em Direito naquela época (1897) com 17 anos e que aos 20 anos já era intendente e deputado Federal, chegando a ser Ministro de Estado do Governo, cuja visão socialista e humanista o fez deixar para a posteridade, a seguinte lição:

“Não basta a igualdade perante a Lei.

É preciso igual oportunidade.

Igual oportunidade implica igual condição.

Porque, se as condições não são iguais,

Ninguém dirá que sejam iguais as oportunidades”.

Nessas terras do sem fim desfilaram personalidades ilustres que fizeram a história, como o advogado Ruy Penalva, o médico Soares Lopes, o meu inesquecível professor de Direito Romano, Hamilton Ignácio Castro e o seu fino trato, a firmeza de caráter e retidão profissional dos médicos José Dunham de Moura Costa e Nelson Costa, bem como de tantas almas grandiosas e de outros grandes homens que continuam a construir páginas nestas terras , como o professor e jurista Francolino Neto, Soane Nazaré de Andrade e outros idealistas que ajudaram a tornar realidade a Faculdade Católica de Direito de Ilhéus, hoje Universidade Estadual de Santa Cruz, elevando sobremodo a cultura e a formação acadêmica do povo da região sul da Bahia.

E a construção da 1ª  ponte, motivo de tanto clamor dos moradores do Pontal, grande parte formada por pescadores e nativos que utilizavam barcos e balsas para se deslocarem ao centro da cidade que aprenderam a chamar de “Ilhéus”? Não obstante o poderio econômico e político, foi demorada e difícil sua construção, conforme se pode aferir nos versos de Alberto Hoisel, extraídos do discurso de posse na Academia de Letras de Ilhéus do escritor Antônio Lopes em seu livro “Solo de Trombone”:

“De moda sai o colete

em tempo que longe vai

sai Getúlio do Catete

só essa ponte não sai!

Sai Herval da Prefeitura

(seu prestígio, não decai!)

Catalão , da Agricultura…

Só essa ponte não sai!

De Abel um livro de haicai…

E Ilhéus, Terra do Cacau…

Sai livro bom, livro mau.

Só essa ponte não sai!”.

Nada mais convidativo do que saborear um autêntico kibe árabe acompanhado de um chop estupidamente gelado no Bar Vesúvio, recanto outrora dos coronéis e do famoso romance do árabe Nacib com a fascinante Gabriela, imortalizada na obra de Jorge Amado, e hoje, ponto de encontro de artistas, turistas e pessoas comuns . O bar “Vesúvio” foi inaugurado em 1919 pelos italianos Nicolau Caprichio e Vicenti Queverini, sendo adquirido por Nacib em 1945. Sentar-se à frente do Bar Vesúvio e sentir a brisa que vem do mar é experimentar interiormente um pouco do feitiço e dos mistérios guardados nesse lugar mágico de tantas histórias, encravado entre o Teatro Municipal de Ilhéus e a majestosa Catedral D. Eduardo. As peculiaridades desta terra são vistas na linguagem ou na conduta típica de cada morador. O morador do Pontal, principalmente, quando atravessa a ponte não se dirige para o centro, mas para Ilhéus, onde Salvador é Bahia e ingerir bebida alcoólica é “comer rama”, e por aí vai… tem até praia do Marciano.

Certa feita, espairecendo da faina diária nas bandas de Porto Seguro, saí da comodidade de um bom hotel em companhia de minha família à procura de uma barraca que fornecesse um bom caranguejo e uma ‘lambreta”. A maratona foi árdua, pois só encontrávamos pratos típicos do Rio ou de São Paulo, quando, finalmente, para gáudio de todos os tripulantes, encontramos uma barraca do Rei do Caranguejo. O tão procurado marisco estava lá, mas com um pirão tão pálido e umas pernas por fazer que fiquei com dó do bicho. Não merecia tanto desprezo! Também, era caranguejo preparado por mineiro recém chegado à Bahia. Se eles conhecessem o Chinaê, a Barraca Guarani, o Ribeiro ou o camarão empanado do “Tio Dico’ chegariam à conclusão de que a diferença começa pelo paladar.

A beleza natural realça a majestade de Ilhéus: o morro de Pernambuco a sinalizar para os navegantes de além África, o rumo a seguir; o estuário do Pontal a nos brindar com suas águas mansas; o encontro do velho Cachoeira com o mar, e as belas praias de areias extensas e margeadas por lindos coqueirais a enfeitar a orla do norte ou as praias do sul. A paradisíaca Olivença, estância hidromineral de localização privilegiada e que atrai tantos turistas, fascinados pela beleza e tranquilidade do local, bem como pelo folclore do sincretismo religioso da puxada do mastro de São Sebastião que é erguido em frente à igrejinha construída pelo padres da Companhia de Jesus em 1700. Os caboclos de Olivença, provavelmente remanescentes dos tupiniquins, bem como os antigos pescadores do Pontal são pessoas simples, mas cismadas. Se você sai do meio deles e passa a ocupar algum cargo mais importante e se não cometer com eles qualquer desfeita é Deus no Céu e você na Terra, mas se você cair na desdita de, por mero descuido, não cumprimentá-los, aí, como dizem na gíria popular, “o bicho pega” e dará ensejo ao “ranço do caboclo”, configurado pelo olhar matreiro, retraído, de soslaio do caboclo, como a dizer: “esse aí é metido a besta “. Muitas vezes, a cisma cinge-se apenas ao fato de você não mais fazer parte do grupo sem ter cometido qualquer pecado contra ele, que simplesmente deixa de falar com você.

Ilhéus é desse jeito: se existe o ranço do caboclo, existe também o ranço do coronelismo, legado da época áurea do cacau e que diferencia as pessoas pelo sobrenome (patente) ou pelas arrobas de cacau que ainda sonham que possuem, razão talvez mais funda da sociedade Ilheense ter sido tachada por alguns de “fechada”.

O turista que visita Ilhéus é o de veraneio, normalmente visualizado num casal e sua prole, que vem em busca de tranquilidade, ouvir uma boa música ao som de voz e violão e se perder na magia das ruas e maravilhosas praias de Ilhéus. Não há dúvidas que o clima ameno de Ilhéus, ou seja, quente e úmido, contribui para tudo isso.

Ilhéus é abençoada por DEUS, protegida por três padroeiros (São Jorge, São Sebastião e Nossa Senhora da Vitória), linda por natureza, rica por sua história de lutas e enredos. Imortalizada nos versos do poeta belmontense Sosígenes Costa e do poeta Melo Barreto Filho que a imortalizou como Princesa do Sul, como se pode apreciar no seu soneto “Ilhéus”:

“Ilhéus é uma esperança permanente

Voltada para o azul sem fim dos mares

É a Princesa do Sul, proclama, crente,

Quem lhe sabe a doçura dos seus lares.

Ilhéus é uma certeza que o presente

sacerdote do tempo – em seus altares

oferece ao futuro onipotente

Visão maravilhosa dos palmares!

Ah! Quantas seduções ilhéus encerra!

E o peregrino, seduzido, anseia

Desvendar-lhe os encantos da cidade…

E antes que o peregrino alcance a terra,

Unhão …Pontal… a terra amiga o enleia

Num amplo abraço de hospitalidade.

Ilhéus é muito mais do que os versos possam exprimir, pois a sua beleza é inefável e indefinida, só podendo ser verdadeiramente apreciada por quem teve o privilégio de desfrutar intensamente dos encantos de suas esquinas, dos seus morros que circundam a cidade, de suas praias maravilhosas, de sua gente e da pujança de sua rica história, enfim, de seus mistérios. Por isso, a chamo de “Doce Ilhéus”!

Os encantos da terra de São Jorge dos Ilhéus atraem e convidam a todos diariamente para a construção de outros fatos sociais que amanhã poderão tornar-se históricos. A terra é fértil e a imaginação emanada da inspiração dos ancestrais que pisaram neste chão é infinita…

*Marcos Antonio Santos Bandeira é Juiz de Direito aposentado, advogado, professor do Curso de Direito da UESC, Acadêmico ex-presidente da Academia de Letras de Itabuna e Membro Efetivo do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia.

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