Clóvis Silveira Góis Junior é eleito o mais novo  imortal da Academia de Letras de Itabuna- ALITA

 

Eleito por Aclamação, na sessão Plenária da ALITA na última quarta feira, dia 30 de novembro, Clóvis Góis Junior ocupará a cadeira nº 34, cujo patrono é Jorge Calmon.

Clóvis Góis Junior é historiador, administrador e Especialista “Gerenciamento de Micro e Pequenas Empresas”. Vem desenvolvendo ao longo dos anos a práxis literária e cultural no campo do conhecimento humano, com vistas à valorização da Língua Portuguesa e o cultivo da Historia Regional e das Ciências Humanas em Geral. Possui livros publicados tais como  “Sequeiro do Espinho: passos de um conflito” e “A Gênese do Adventismo Grapiúna´´ É ativo disseminador da cultura grapiúna na mídia através de pagina de natureza histórico-cultural .

A sessão solene de posse do novel acadêmico, Clóvis Silveira Góis Junior,será conduzida pelo Presidente da Alita, Prof. Wilson Caitano de Jesus Filho e terá como recipiendário o ilustre historiador Charles  Nascimento de Sá. A solenidade se realizará na sede da ALITA- Saguão da Reitoria da UFSB, Praça José Bastos, S/N no dia 19 de abril de 2023 às 19:30h.

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DISCURSO DE POSSE- Heloísa Prata e Prazeres

DISCURSO DE POSSE

HELOÍSA PRATA E PRAZERES

19 DE NOVEMBRO DE 2022

 

Senhor Presidente da Academia de Letras de Itabuna, Professor Wilson Caitano de Jesus Filho

Senhoras e senhores acadêmicos, autoridades, familiares e amigos

Saúdo-os, ilustres Sras. e Srs., neste ato solene de posse, consciente de que a Academia de Letras de Itabuna, ALITA, que ora me recebe, é o resultado do sonho de apaixonados pela arte literária, a cultura o saber e a Língua Portuguesa.  Agradeço a honra e o privilégio desta indicação de titularidade ao Ilm.º Sr. Presidente de Honra da Instituição, insigne escritor, Dr. Cyro de Mattos, e aos apoios confiantes das confreiras e confrades que me recepcionaram.

Encontro-me feliz entre vocês, mestres e mestras. Cabe-me, também, saudar e agradecer aos que me prestigiam, nesta noite festiva. Se somos o tempo que nos resta, encontro-me em circunstancial completude. E, consciente do nobre significado da distinção, aqui me apresento, presencialmente, após prolongado período de privação social, em face da pandemia, que ainda nos impacta.

 Almejo que eu possa contribuir com ações literárias e culturais, implementadas pelo ilustre corpo colegiado acadêmico da nossa ALITA. Já antes, estive em reunião deste honorável sodalício, quando com emoção assisti ao seu nascimento, em 2011, na solenidade, que empossou os membros fundadores, entre aqueles, o premiado poeta itabunense, Renato de Oliveira Prata, meu irmão.

A Academia de Letras de Itabuna demonstra lealdade à sua missão ao promover a literatura, a riqueza e o dinamismo da Língua Portuguesa, com um espírito, que defendo, honro e ao qual me associo, “O Abraço das Letras” (Litteris Amplecti), conforme insígnia inscrita no seu símbolo.

I

Inicio pedindo passagem às nove musas do Olimpo, ao padroeiro da cidade, São José e às forças espirituais, responsáveis por portas e portais, que acolham esse gesto de gratidão, deferência e admiração, que devoto às vozes, que me antecederam, na expectativa de que a homenagem, em memória de duas ilustres escritoras, conterrâneas, seja merecedora.

  Começo com a patronesse, escritora e pensadora grapiúna, referência inspiradora da cadeira número 14, que ora ocupo, Valdelice Soares Pinheiro (1929 – 1993). Cito sua voz, para nos conectarmos com a emoção:

[…] eu sou artista, este ser que não precisa se comprometer com nada, porque ele próprio, por si, já é o olho mágico que descobre o presente, que recria o objeto e o fato para o ângulo maior da história[1].

Valdelice Soares Pinheiro nasceu em Itabuna, em 24 de janeiro de 1929. Formou-se no Magistério, mais tarde, licenciando-se em Filosofia, em Porto Alegre, RS. Titulada nos estudos superiores, a Prof.ª Valdelice Pinheiro engajou-se, em sua terra, como uma das fundadoras da Faculdade de Filosofia de Itabuna, tendo sido, também, sua diretora[2]. Mais do que paradigmática, a sua obra contribui para a diversidade, que caracteriza o mundo Sul baiano. Valdelice Pinheiro[3], nos textos poéticos (poemas, prosa poética), filosóficos ou autorreflexivos, bem como na expressão visual dos seus desenhos, rascunhos e fotografia, opta por caminhos que não acolhem interpretações simplistas, adotando a complexidade do pensamento crítico.

Algumas de suas obras:

De dentro de mim. Itabuna: Itagraf, 1961; Pacto. Rio de Janeiro: Olímpica, 1977; Retomada. Revista FESPI, Ilhéus, p. 131-135, 1984; e aqueles estabelecidos pela confreira, professora e pesquisadora, Dra. Tica Simões: Restauração: um canto brasileiro. Ilhéus: Editus, 2000. (Poema de Folha Solta, Projeto Inéditos Valdelice Pinheiro. Coord. MLNSimões); Poesias. In: SIMÕES, Maria de Lourdes Netto. Expressão poética de Valdelice Pinheiro. Ilhéus, BA: Editus, 2002. 150 p.

Valdelice Soares Pinheiro faleceu em Itabuna, no dia 29 de agosto de 1993.

Com peculiar emoção, ocupo-me, a seguir, da biobibliografia de homenagem e preito de gratidão à minha ilustre antecessora, Titular da Cadeira nº14, Sônia Carvalho de Almeida Maron (1940 – 2021). A magistrada nasceu em Itajuípe e viveu em Itabuna; percorreu os caminhos do saber, nas áreas jurídica, acadêmica e literária. Mestre em Direito Penal pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), foi uma das fundadoras da Academia de Letras de Itabuna (ALITA). Na Instituição, confirmada presidente por dois mandatos, dispensava formalidades, preferia ser chamada pelo primeiro nome, sem títulos que a afastassem do interlocutor, porque queria proximidade e afeto ˗ palavras raras em nossa civilização “líquida”, descrita pelo do teórico polonês Zygmunt Bauman.

Ex-aluna do Ginásio Divina Providência. Sônia Maron foi juíza do Tribunal de Justiça da Bahia. Atuou nas cidades de Salvador e Itabuna, na Universidade Estadual de Santa Cruz, Uesc, na docência do curso de Direito. As suas contribuições para as áreas jurídica e acadêmica encontram-se na dissertação “O Instituto da Legítima Defesa: sua relevância no contexto da dogmática penal”. Seis anos após, lançou Legítima defesa no tribunal do júri. Mais alguns títulos, O Instituto da Legítima Defesa: sua relevância no contexto da dogmática penal, 2003; Sócrates, o homem e o mito. Diké: Revista jurídica do curso de direito da UESC, Ilhéus, BA, v.3 e artigos, como colaboradora de sítios eletrônicos, inclusive no da ALITA. A saudosa Sonia Maron, nos legou textos, que comprovam vontade de participação, em todas as instâncias do seu fazer, com voz amigável e lírica, ela anotou registros pessoais,

Aquela amiga que caminhou ao nosso lado para o colégio, dividiu o lanche, posou para retratos em preto e branco na máquina fotográfica Kodak, cantou de mãos dadas as cantigas de roda é única […]

(Cf. Amiga de ontem, amiga de sempre, in: alitaacademia.blogspot.com/2015/05)

Os seus companheiros lembram-se com apreço de histórias compartilhadas. Cyro de Mattos dela despediu-se, com uma elegia, da qual cito excerto:

[…]

Hora que não tem cura,

Vez que não tem volta

Enquanto a noite chega

Para soterrar o dia.

[…] [4].

Sônia Maron faleceu aos 81 anos, deixando-nos um exemplo de excelência e protagonismo feminino. Ave, Sônia Carvalho de Almeida Maron, sua memória é uma inspiração para todos nós, que tanto lhe agradecemos e admiramos.

II

Não cessaremos nunca de explorar

E o fim de toda nossa exploração

Será chegar ao ponto de partida

E o lugar reconhecer ainda

Como da vez primeira que o vimos.

(T.S. Eliot. (“Little Gidding”) Quatro Quartetos.

 Tradução de Ivan Junqueira)

 

Aqui nasci e esta cidade continua a evocar a minha identidade. Pessoal e literariamente vivo este vínculo espiritual e telúrico, preso à amizade, à raiz e à benignidade de minha herança familiar, conforme registros poéticos, que podem ser considerados um mesmo e único livro, pois, não se esgotando na biopoética, ocupam um espaço emocional e geográfico. Identifico-me como poeta, ensaísta e professora adjunta, aposentada, da Universidade Federal da Bahia. Titular da Cadeira nº 26 da Academia de Letras da Bahia.

Se somos o tempo que nos resta, tenho, para o meu próprio bem, mais de um daqueles sucessivos lugares a que o meu espírito viajante me levou. Concentro, porém, muitas das minhas predileções na maleável noção de pátria natal ˗ pois mais sedutoras são as lembranças da terra de origem, tema poetizado por Fernando Pessoa, nas composições do seu Cancioneiro (1930).

Ao recordar o consentimento, em manhãs luminosas de janeiros, no final dos anos 1950-1960 ˗ faixa temporal, companhia e memória literária para toda a vida ˗ há espaços essenciais, que me vêm à lembrança como o pedaço de costa da Mata Atlântica. Experiência que é a minha semente, extensão humana, que vejo da janela da vida. A casa onde vive a intimidade, o lugar onde sempre fui feliz, como resume a frase latina “Ubi bene ibi patria”, ou seja, onde se está bem, aí é a pátria.

A poesia se manifesta em minha vida precisamente por recobrir essa perspectiva existencial, liberdade da arte, virtude do silêncio. Desde que nasci aqui, junto à elevação do Pontalzinho, retorno, em estado de percepção absoluta ˗ navegação em todas as geografias que conheci, são pueris réplicas desses mapas essenciais. O Cachoeira, em sua realidade visível e, de modo algum, totalmente compreensível ˗ o que poderia muito bem assemelhar-se à dimensão aventureira da infância. Nesta cidade, pela primeira vez senti a espécie de contato único com a natureza e a cultura. Anos, muitos anos após, ficcionalmente, em poemas, narro descobertas, como quando, pela primeira vez, senti a comunicação imediata com a natureza criadora e aniquiladora. Deu-me a paisagem grapiúna lições de nova sensibilidade. Foi ali mesmo, na solidão sonora do mar da Barra de Itaípe, de Pontal de Ilhéus ou de Olivença, onde me apropriei de uma noção de geopoética. De não menor importância, a evocação da literatura, que herdei das estantes familiares e o sentimento de fascinação e medo, que me provocou a primeira visão dos cacauais. Não sem alguma aflição e considerável dose de dúvida, despedi-me desta cidade, onde fui recompensada por não poucas experiências, hoje, na poesia, percebo que não há percepção de obra poética completa, a escrita está sempre a se manifestar.

 A participação mítica com o mundo natural, os homens e todo o cosmos constituem o segredo da criação artística e seus efeitos, segundo a Fenomenologia ou como nos comprovam a obra poética de Cyro de Mattos, o universo narrativo de Adonias Filho ˗ Dono e Senhor desta Casa ˗ a prosa de Jorge Amado ou o luxo do universo do belmontino Sosígenes Costa; a liberdade de Firmino Alves; o Reverdor da recuperação épico-lírica, de Florisvaldo Mattos.

 Lembro-me e aqui homenageio as mestras, Prof.ª Alzira Paim, a Maestrina Zélia Lessa e a minha sensível professora de piano, Lourdes Dantas. Faço essas vivas referências, pois, foi assim que elos livrescos e musicais da minha história particular foram decantados e enriquecidos, com soldas poderosas, jamais esquecidas. Ressalto a importância de familiares e amigos, num caminho de busca literária, tudo impulsionado pelo desejo de ir além das últimas fronteiras, uma vez que a grapiunidade é inclusiva.

A linhagem dessa correlação de contingências serviu-me para inventar transferências juvenis, já que me sinto herdeira desse mundo rico, que é também devido aos escritores, os quais, considero minha própria tradição, no que diz respeito a criadores, que antecederam a contemporaneidade. Poetas clássicos, renascentistas, barrocos, românticos e modernos do cânone ocidental; lusos (António Vieira, Luís de Camões, Fernando Pessoa), brasileiros (Castro Alves, Casimiro de Abreu, Augusto dos Anjos, Cecilia Meireles, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade); ingleses, franceses, espanhóis e latino-americanos  (Emily Dickinson, Paul Verlaine, António Machado, Gabriel García Lorca, T.S. Eliot, Gabriela Mistral, César Vallejo, Octavio Paz), e prosadores nacionais ( Machado de Assis, Graciliano Ramos, Jorge Amado, Adonias Filho, Guimarães Rosa, Clarice Lispector); estrangeiros (Tolstoi, Kafka, Juan Rulfo, Jorge Luis Borges, Montaigne, Marcel Proust, Ernest Hemingway, William Faulkner, Thomas Hardy, José Saramago). Uma tradição sincrética e fecunda, na qual, deve-se lembrar, que o conceito de tradição ou patrimônio literário não pode ser dissociado de sua operação, graças ao cruzamento de hábitos, culturas e arquétipos da magnífica mestiçagem da qual somos filhos.

Junto à presença terna dos meus avós, pais, tios, irmãos e parentes, que me fazem sentir o ramo sergipano da família, e, principalmente, o ensinamento pelo exemplo. Vitral de memórias, conhecimentos, que acessam o dom das recapitulações, concepções de mundo até o alcance de eixos mais nobres, algumas verdades, sempre no território da poesia.

 Tudo isso intensifica o caráter mítico, quase sagrado, que as terras grapiúnas possuem para aquela borda da mata; para a margem do rio Cachoeira ou junto ao primordial oceano. Cito o poeta Cyro de Matos, cujo eu-lírico nos adverte: Bebo tudo no mistério (Cf. MATTOS, 2020. “Cerco das águas”, p. 454)

Ou como anotou José Dantas de Andrade, meu tio e preceptor,

quando as terras do Sul do Estado da Bahia começaram a criar fama, atraindo sergipanos, sírio-libaneses, sertanejos e gente de todos os pontos do Estado e do país, o arraial de Tabocas foi um dos preferidos por esses imigrantes.[5]

 O cacau protagoniza narrativas; possui ressonância merecida, pelo tratamento literário, que o insere no espaço das letras brasileiras. A densidade e a qualidade da produção artístico-cultural da região constituem fato incontestável. Representado por grandes romancistas, como os citados, Jorge Amado e Adonias Filho, dela fazem parte os ficcionistas Jorge Medauar, Cyro de Mattos, Euclides Neto, Hélio Pólvora, Ruy do Carmo Póvoas, Marcos Santarrita, e poetas como Sosígenes Costa, Telmo Padilha, Firmino Rocha, Minelvino Francisco Silva, o poeta Cyro de Mattos, Florisvaldo Mattos, dentre tantos.

Encaminho-me para a conclusão e relembro a alegria genuína, que relaciona a disposição para o novo, como vitória do espírito acadêmico, que permite a esta Casa de Adonias Filho receber vocações diversas. A ALITA também está viva, no Facebook, no Instagram, na sua página institucional, por iniciativa e talento da confreira, Raquel Rocha.

 Já finalizando, peço-lhes licença para a referência a um legado familiar, povoado de preceptoras, mundo feminino, que tem muitos nomes: Georgina, Aurora, Alzira, Amélia, Lourdes, Louralina e Athaíde, tia Sulinha. Preito e memória de gratidão aos meus pais, Agrícola Santana Prata e Alzira de Oliveira Prata; afeto e fidelidade aos irmãos, Renato de Oliveira Prata e Regina Amélia Prata Vidal; primas e primos, companheiros de infância, aqui representados pelos Martins de Oliveira, Marcia, Mercedes e Marcelo; Oliveira  Dantas, Marilene, Ronaldo, Marisa e Maruse e Roberto; Oliveira Menezes, Rubem e Rosevaldo; e, em memória, Rita, Raimunda Elba e Margarida Menezes;  também, em memória, os meus mentores afetivos, intelectuais e culturais, a quem dedico não poucos textos: João Martins de Oliveira, José Dantas de Andrade, Chiquinho e Raimundo Oliveira Cruz, esses últimos, filhos de Luís Manoel da Cruz, meu avô materno.

Alcanço por derradeiro o meu porto seguro, que me apoia e acompanha, Letícia, Ana e Daniel, joias geradas de uma vida cinquentenária, em comunhão, com Jamison Pedra Prazeres, esposo e companheiro de vida, presença que enriquece com  beleza visual todo o meu projeto de escrita ˗ família nuclear,  multiplicada, que alcança treze vidas, com Nilson Bolgenhagen, Oscar Goodman e Michele Mascarenhas Prata, e os amados cinco netos, João Filipe, Samuel, Olivia, Pedro e Leonardo, vidas vinculadas, que abraço, como meu patrimônio  amoroso .

Muito obrigada!

 Itabuna, 19 de novembro de 2022

[1] PINHEIRO In :.HISTÓRIA de Itabuna: Valdelice Pinheiro, poeta e artista plástica. Itabuna, 14 abr. 2020. Disponível em: http://www.historiadeitabuna.com.br/2020/04/valdelice-pinheiro-poeta-e-artista.html . Acesso em: 30 ago. 2022. p.1.

[2] MIRANDA, Antonio. Valdelice Soares Pinheiro (1929 – 1993). [S.l: S.n.], 2020. Disponível em: https://academiadeletrasdeitabuna.com.br/2021/12/24/adeus-a-juiza-sonia-maron-exalta-mulher-a-frente-de-seu-tempo/. Acesso em: 30 ago. 2022.

[3] PINHEIRO, Valdelice. Restauração: um canto brasileiro. Ilhéus: Editus, 2000. p. 8. (Poema de Folha Solta, Projeto Inéditos Valdelice Pinheiro. Coor. MLN Simões).

[4] MATTOS, Cyro de. Pesares de Sônia Maron. In: ROCHA, Raquel (Prod.). Homenagens dos Alitanos à querida Sônia Carvalho de Almeida Maron: uma das fundadoras e ex-presidente da Instituição. Itabuna: Academia de Letras de Itabuna (ALITA), 2021b. Disponível em: https://academiadeletrasdeitabuna.com.br/2021/12/22/homenagens-dos-alitanos-a-querida-sonia carvalho-de-almeida-maron-uma-das-fundadoras-e-ex-presidente-da-instituicao/ . Acesso em: 18 set. 2022.

[5] ANDRADE, José Dantas de. Documentário histórico ilustrado de Itabuna. 2. ed. Itabuna: Gráfica, 1986. p.84.

 

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Edital do I Concurso Literário da Academia de Letras De Itabuna

ALTERAÇÃO DE CRONOGRAMA

Em relação ao item 8, CRONOGRAMA, do Edital acima referido, procede-se a alteração a seguir:
– O período de INSCRIÇÕES fica prorrogado, a partir desta data, até 15 de março de 2023.

Em 04 de dezembro de 2022
Wilson Caitano de Jesus Filho
Presidente da ALITA.

 

Link para baixar o Edital em PDF

Regulamento Iº Concurso Literário de 2022 ALITA Academia de Letras de Itabuna

 

I CONCURSO LITERÁRIO DA ACADEMIA DE LETRAS DE ITABUNA – ALITA

Edital de Inscrição

A Academia de Letras de Itabuna – ALITA, no uso de suas prerrogativas legais, torna público para alunos dos cursos de instituições universitárias da Região Sul da Bahia, do particular entorno da Região Cacaueira, que está abrindo o presente Edital para seu primeiro Concurso Literário, conforme tema, objetivos e especificações do presente Regulamento.

Regulamento

1. Dos objetivos

  • Incentivar a criação literária e a revelação de novos talentos no campo da literatura.
  • Despertar para uma realidade crucial dessa Região, especificamente da Cidade de Itabuna e seu entorno, considerando circunstâncias geográficas, histórico-sociais e humanas
  • Suscitar o interesse e providências devidas por parte de órgãos públicos, de natureza científica e da população em geral, itabunenses e de municípios adjacentes, quanto ao relevante tema proposto.
  1. Do tema

  O RIO CACHOEIRA

  1. Da Estrutura e Gênero Literário

Prosa: Crônica Literária

  1. Público – alvo

Alunos regularmente matriculados em cursos superiores de Instituições Universitárias da Região Cacaueira da Bahia, cumprindo-se observar que a delimitação do conceito e abrangência da referida Região está explícito na obra referenciada ao final deste Regulamento, item 1, aqui tomado como base.

  1. Dos requisitos e modalidades de entrega

5.1 A crônica deverá ser redigida em prosa, obedecendo às normas da escrita padrão em Língua Portuguesa e em, no máximo, duas laudas.

5.2 Cada candidato só poderá concorrer com um único texto.
5.3 Ter uma só autoria, devidamente identificada, conforme moldes discriminados neste Regulamento.
5.4 Obedecer a preceitos éticos, sem ofensas de caráter moral a qualquer pessoa ou entidade específica da comunidade regional.

5.5 Ser original e inédita em qualquer tipo de mídia.

5.6 O arquivo digitado deverá ser em formato PDF, tamanho A-4, com as margens laterais, superior e inferior, de 2,5 cm, fonte Arial, tamanho 12, cor preta, espaço simples entre as linhas e parágrafo de alinhamento justificado.

6- Das Inscrições

6.1 As inscrições serão realizadas somente pelo link:

      https://forms.gle/rcn7kEZn69KaBZVs8 no período aprazado.

6.2. No ato de inscrição, os candidatos devem:

I – Preencher o formulário de inscrição, informando o seu nome completo, e-mail, telefone, comprovante de matrícula em Instituição de Ensino Superior;

II – Cópia digitalizada, em PDF, dos seguintes documentos:

a)  Documento de Identidade – RG.

b) CPF

c)  Comprovante de matrícula em Instituição de Ensino Superior.

6.3- Anexar a crônica, em arquivo PDF, apenas com o título de identificação.

6.4. Dúvidas e esclarecimentos devem ser enviados para: concursoliterarioalita@gmail.com

  1. Do julgamento e seleção

O julgamento das crônicas será realizado por Comissão Julgadora instituída pela ALITA, entre seus componentes regulares, observando- se:

7.1. Atendimento às exigências deste Regulamento.

7.2. Originalidade, observando-se a capacidade de o autor transpor para o texto literário aspectos e ideias relevantes à matéria em apreço.

7.3. Correção no trato da língua, considerando-se, no entanto, seu uso particular quanto à literariedade adstrita à natureza do gênero.

7.4. Observação dos aspectos explicitados nos itens dos Objetivos.

  1. Da Premiação

Serão concedidos prêmios aos candidatos vencedores em primeiro, segundo e terceiro lugares, em conformidade ao aqui exposto:

8.1 Primeiro lugar: será concedido valor em dinheiro (R$3.000,00), Diploma e publicação na revista Guriatã, periódico da ALITA.

8.2 Segundo lugar: será concedido valor em dinheiro, (R$2.000,00), Menção honrosa e publicação na revista Guriatã, periódico da ALITA.

8.3 Terceiro lugar: será concedido valor em dinheiro (R$1.000,00), Menção honrosa e publicação na revista Guriatã, periódico da ALITA.

  1. Do Cronograma

O Concurso será oficialmente lançado no dia 16 de setembro do ano em curso, às 20h00min e obedecerá ao cronograma a seguir:

9.1- 30 de setembro – Publicação do Edital Regulamento no sítio da Academia de Letras de Itabuna, na Internet e em outros meios impressos e digitais.

9.2 – 05 de outubro a 30 de novembro – Período de inscrições.

9.3 – 30 de novembro 2022 a 30 de março 2023 – Período de seleção.

9.4 -19 de abril 2023 – Divulgação dos Resultados do Concurso e Premiação.

  1. Disposições Finais

O presente Regulamento entra em vigor na data de sua publicação, devidamente assinado pelo Senhor Presidente da ALITA.

Observação:

O conceito e abrangência da Região Cacaueira da Bahia é o colocado na obra abaixo referenciada:

 – Rocha, Lurdes Bertol. A Região Cacaueira da Bahia. Dos Coronéis à Vassoura de Bruxa: Saga, Percepção, Representação. EDITUS, 2014. 2a. Edição.

Itabuna, 16 de setembro de 2022

Wilson Caitano de Jesus Filho

Presidente da Academia de Letras de Itabuna

 

 

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Academia de Letras de Itabuna lança seu primeiro Concurso Literário

A Academia de Letras de Itabuna lança seu Primeiro Concurso Literário cujo tema é  “O Rio Cachoeira” e contemplará estudantes instituições universitárias da Região Sul da Bahia, do particular entorno da Região Cacaueira

Os participantes devem enviar textos no gênero crônica literária. O concurso tem como objetivos incentivar a criação literária e a revelação de novos talentos no campo da literatura, despertar para uma realidade crucial dessa região, especificamente da cidade de Itabuna e seu entorno, considerando circunstâncias geográficas, histórico-sociais e humanas e suscitar o interesse e providências devidas por parte de órgãos públicos, de natureza científica e da população em geral, itabunenses e de municípios adjacentes, quanto ao relevante tema proposto.

A crônica deverá ser redigida em prosa, obedecendo às normas da escrita padrão em Língua Portuguesa e em, no máximo, duas laudas e cada candidato só poderá concorrer com um único texto. A crônica deve ter uma só autoria, devidamente identificada, conforme moldes discriminados no regulamento do concurso.

As inscrições acontecerão entre 05 de outubro a 30 de novembro. Em se tratando da premiação, o primeiro lugar receberá o valor em dinheiro de R$3.000,00 além de Diploma e publicação na revista Guriatã, periódico da ALITA. Ao segundo lugar, será concedido valor em dinheiro, de R$2.000,00, além de menção honrosa e publicação na revista Guriatã, periódico da ALITA. Ao terceiro lugar, será concedido valor em dinheiro de R$1.000,00, como também menção honrosa e publicação na revista Guriatã, periódico da ALITA.

De acordo com uma das organizadoras do concurso a escritora Margarida Fahel “A escolha do tema atende a importante e urgente necessidade da cidade de Itabuna, assim como de todo o seu entorno. A situação de nosso rio, hoje apenas triste lembrança do que foi em outras épocas, belo e caudaloso, local de pescarias e praias arenosas, hoje reduto de perigo e graves riscos à saúde pública.”

Acesse o edital neste link: https://academiadeletrasdeitabuna.com.br/2022/10/06/edital-do-i-concurso-literario-da-aademia-de-letras-de-itabuna/

 

 

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Discurso de Cyro de Mattos na posse de Heloisa Prazeres

 Discurso de Recepção à Acadêmica Heloisa Prata e Prazeres  na Cadeira 14 da Academia de Letras de Itabuna                  

                       Por Cyro de Mattos

Destaco esses versos do enorme poeta Francisco Carvalho:

homem não é de pedra

nem de areia

homem é o que mora

no que semeia

Associam-se os versos citados ao percurso realizado pela conterrânea Heloísa Prata e Prazeres, fazendo lembrar quando ainda era uma sementinha   das letras até se tornar árvore frondosa com frutos reluzentes. Ela retorna agora como boa filha à sua morada primeira, procedente do universo do ensino mesclado com as letras, despontando no que semeou e colheu por toda a sua trajetória de vida.

A Academia de Letras de Itabuna sabe hoje o quanto se engrandece com a chegada às suas hostes dessa conterrânea com biografia rica, que acaba de ser empossada na cadeira 14, antes ocupada pela confreira Sônia Carvalho de Almeida Maron, de saudosa memória. Uma mulher itabunense singular substitui outra mulher itabunense de vida marcante.  Bom saber que a cadeira 14 tem como patrona a poeta Valdelice Soares Pinheiro. Que combinação valorosa o tempo nos apresenta com essas três mulheres valorosas, nascidas em mesmo chão grapiúna, de outrora ricas plantações de cacau.

Filha de Agrícola Santana Prata e Alzira de Oliveira Prata, nossa   confreira Heloisa Prata e Prazeres é casada com Jamison Pedra, um festejado criador de gente e vida na arte da fotografia. Heloísa e Jamison são pais de Letícia, Ana e Daniel. Avós de João Filipe, Samuel, Olívia, Pedro e Leonardo. Ela é irmã do poeta Renato Prata, também membro efetivo da Academia de Letras de Itabuna.

A douta conterrânea mantém até hoje fortes laços afetivos com suas raízes. Criatura afável, veio ao mundo nesta terra de importantes  artistas desde que os pais, migrantes sergipanos, para aqui se mudaram no apogeu da lavra cacaueira e fixaram residência na antiga Rua da Jaqueira, hoje avenida Félix Mendonça. Ali, o migrante sergipano, usando a roupagem do sonho e da vontade, buscando criar a família com trabalho e dignidade instalou um estabelecimento comercial de frente para o  rio Cachoeira.

A menina conviveu na infância com a paisagem agradável que emergia do Cachoeira, naqueles idos um rio com águas claras, fontes puríssimas, peixe em abundância. Um rio manso no estio, virado bicho  de outro mundo quando descia nervoso nas águas turbulentas da cheia. Um rio  com seus habitantes ribeirinhos, de caracteres próprios, que lhe davam vida no visual cheio de cantos e cores:  o pescador, o tirador de areia, a lavadeira, o aguadeiro e o canoeiro.  De lá, de uma das margens de seu querido rio, a menina avistava o entorno da Mata Atlânica, que despontava do verde milenar,  bem longe, com a serra do Macuco  apontando para o azul dos céus sem fim.

Em Itabuna, fez o curso primário no Colégio da professora Alzira Paim, uma mulher que contribuiu na pequena cidade, ainda tropeçando nas pernas, para o crescimento do fluxo escolar em seus primeiros passos,  como dessa maneira também procederam as professoras Lúcia Oliveira, Noide Hage, Lindaura Brandão e o professor Chalupe. A  adolescente transferiu-se para Salvador onde cursou o ginasial no Colégio Severino Vieira e o clássico no Colégio da Bahia (Central). Aprovada no vestibular de Letras, graduou-se em Linguas Vernáculas com Inglês pelo Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia.

Seu currículo é vasto e rico na estrada do saber. Licenciada em Letras pela Universidade Federal da Bahia (1969); Bacharela em Letras pela Universidade Federal da Bahia (1972); Mestra em Teoria da Literatura pela Universidade Federal da Bahia (1980); Doutora em Literaturas Românicas pela Universidade de Cincinnati, Oh, EUA (1986). Vê-se assim, sem esforço, numa síntese de seu percurso nas Letras, que possui larga experiência neste campo do conhecimento humano, atuando com ênfase nos seguintes temas: poesia portuguesa, poesia brasileira, poesia moderna, literatura latino-americana e literatura norte-americana. Seu desempenho na área do ensino universitário e execução de projetos culturais é esplêndido. Ressalte-se que criou e organizou o Núcleo de Referência Cultural da Fundação CulturaI da Bahia.

Ela pertence à Academia de Letras da Bahia. Tradutora, autora de quatro livros de poesia e dois de ensaio. Sobre um de seus livros de poesia, Casa onde habitamos, em ensaio que incluí no meu livro Prosa e Poesia no Sul da Bahia, nós dissemos  o seguinte:

“Há nos oitenta e dois poemas que compõem essa casa, tecida com o labor do sonho, um ritmo que conduz a ideia através de versos bem construídos para o preenchimento dos vazios no mundo. Assim, nos domínios onde a atribuição a um autor consiste na boa literatura mesclada com instrumental crítico suficiente, o emprego de linguagem eficaz deixa-nos ver que aqui estamos diante de uma construção poética segura, de signo adornado pelo som na cadência musical própria do poema, que diz de emoções chegando da memória ou da razão, como se fossem sensações que na imagem iluminam o ser. Numa lírica moderna ressoa o uso do vocábulo estrangeiro, a boa referência a poetas e escritores de predileção pessoal, mas em especial o tempo que, na alma enlaçando afetos e afinidades, busca outro tempo, marcado através de experiências, revelações tantas perante a existência. “

Aos seus predicados de natureza intelectual, ajuntem-se os hábitos da criatura prestimosa, como apanágios de seu caráter, a leveza, a sinceridade, a solidariedade e a gratidão.  Com ela se aprende que a vida tem sentido se marcada com o entendimento e o saber que inaugura momentos positivos advindos do diálogo constante entre os seres e as coisas. A vida reveste-se de esperança e se propaga com afeto nas circunstâncias e propósitos das relações que circulam com seriedade sob o enleio do difícil gesto do viver.

Consta na programação do evento de hoje uma leitura  de poemas de Heloisa Prata e Prazeres. Peço permissão para me antecipar a essa singela homenagem que lhe vão prestar no final com a leitura de alguns de seus poemas por alguns de nossos confrades e confreiras. Quero ler alguns poemas de nossa lavra, os quais também servem como homenagem que presto à estimada confreira Heloísa Prata e Prazeres.

Com todos os sons de minha alma lírica, vou ler esses poemas.

Soneto das Nuvens

Lá da balaustrada olhava as nuvens,

acima do rio carregando gente

e diversas coisas.  Antes que a noite

chegasse, ofereciam viagens.

Mostravam castelos, cada gigante,

um velho barbudo em pé no tapete.

De calção, peito nu, lá no pátio,

ficava vendo-as no azul do céu.

Como elas que voltavam, voltaria

pra brincar com os amigos de infância

quando já fosse um homem? Só havia

um jeito de regressar ao passado,

rindo a mãe disse, sonhando acordado.

Um homem com o menino conversando.

 

Soneto da Infância Minha

 

Os quintais frutíferos. Houve afoito

amanhecer, de galho em galho, rosto

 de suor molhado deixando as tardes

que inventavam mentiras de verdade.

 Inúteis, mas importantes. Lonjuras

alcançavam as puras aventuras

bebidas no nascedouro da vida

com gosto de fruta amadurecida.

Tomava banho na lua de prata,

na rua onde dorme agora, quieta,

a minha turma. A vida não prendesse

meu pássaro, infância minha, não desse

ponto final nas vagas amorosas,

onde corri nas horas primorosas.

 

Águas do rio Cachoeira  

Descendo em adeus,

Entressonho e lágrima

Que emerge do coração

Sem fontes puríssimas.

Nas águas sem escamas

Já não há o ribeirinho

Com o vento de manhã doce.

Vômitos e excrementos

No funeral das águas

Eliminaram a paisagem clara.

Houve a expressão livre

Do sol lavando as faces,

A vida se desvendava

Com a magia das cores.

Viver era a aventura

Desenhada pelas mãos

De quem tudo nos dava

Sem querer nada de volta.

Sem mergulhos agora,

Competente abundância,

Espumas se escondem

Tingidas de vergonha.

De que serves enfermo

Sem brilho nas escamas,

Sem teus cachos de água

 Que sempre inventavas?

Confreira Heloisa Prata e Prazeres, a poeta Cecília Meireles, contemplando a sucessão dos seres humanos no discurso do tempo, assim nos fala:

                 E, atrás deles, filhos, netos

                seguindo os antepassados,

                vêm deixar sua vida caindo

                nos mesmos laços.

 

A cadeira 14 estava vacante durante bom período. Esperava por alguém de seu timbre intelectual, de alma cativante, de pensamento reflexivo e sensitivo que ilumina a parte obscura da matéria. Há tempos ela vos pertence de fato. Sua antiga ocupante, a magistrada e juíza de Direito Sônia Maron, lá na sua nova morada, erguida em outras dimensões cósmicas, certamente está dizendo que não há outra mulher que dignifique mais a cadeira 14 neste segundo momento do que a competente pedagoga e talentosa escritora.  A confreira Sônia Maron certamente está sorrindo de alegria, nessa noite festiva, com a feliz escolha da Academia de Letras de Itabuna.

Ilustre conterrânea, todos nós, membros da Academia de Letras de Itabuna, que gostamos de chamar com carinho de alitano uns aos outros, uníssonos em uma só corrente de abraço afetivo estávamos esperando a vossa chegada. Como expectantes de esperança aguardávamos para vos aplaudir com a beleza que se entreabre na parição da flor, e mais, com o encanto mágico do vento que é chegado ameno para se fixar na memória como sonho.

Professora, doutora, escritora, poeta Heloisa Prata e Prazeres, grapiúna  nessa linda floração das letras, nesta cadeira que vos pertence agora de direito e, ao mesmo tempo, na sua realidade existencial, sentai-vos.

E porque sois também uma alitana, estimada por vossos pares, ficai vós à vontade, com a permanência de vosso brilho. Obrigado.

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Calendário Alitano- Novembro e Dezembro de 2022

NOVEMBRO

5 – Dia da Ciência e da Cultura/ Nascimento de Rui Barbosa – Patrono da cadeira nº 1 da ALITA

11- Nascimento de Euclides Neto – Patrono da cadeira nº 8 da ALITA

14 – Nascimento Sosígenes Costa – Patrono da Cadeira nº 2 da ALITA

19 – Posse da Heloísa Prazeres na cadeira nº

20 – Dia Nacional da Consciência Negra

27 – Nascimento de Adonias Filho – Patrono da ALITA

28 – Nascimento de Itazil Benício dos Santos  Patrono da cadeira nº 32 da ALITA

29 – Nascimento Minelvino Francisco da Silva – Patrono da cadeira nº 11 da ALITA

30 –  Plenária- Assembléia Geral da ALITA

 

DEZEMBRO

10 – Nascimento de  Abel Pereira – Patrono da cadeira 16 da  ALITA

12  Estrelas de Itabuna – Escritores FICC/ALITA

17- Nascimento de Afrânio Peixoto, patrono da cadeira nº 12 da ALITA

17-   Outorga do Titulo de Presidente de Honra a Cyro de Mattos

 

 

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LANÇAMENTO DE RASCUNHOS REAIS – Tica Simões

Tive o prazer de prefaciar Rascunhos Reais.  Esse primeiro livro de poemas de Alessandro Fernandes de Santana resulta de uma experiência inicialmente realizada através de redes sociais, especialmente facebook e Instagram.  A socialização da sua produção poética, por esse caminho, suscitou uma comunicação imediata.  A positividade da sua recepção foi estímulo para o autor. Daí à publicação impressa, foi um passo…

Surpreendente é a juventude e a jovialidade  da poesia de Alessandro, especialmente quando se conhece a sua formação em economia e administração. Reitor da Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC,  com o peso que uma administração universitária demanda, surpreendem a leveza e a temática do seu livro que realiza um olhar sobre o amor. Ao lê-lo, lembrei de  Mia Coito, quando diz:  “Todos temos duas sombras. Apenas uma é visível. Há, porém, aqueles que conversam com a sua segunda sombra. Esses são os poetas.”  (O Mapeador de Ausências:  )

E, claro,  logo tb se impõe a ideia pessoana:  “o poeta é um fingidor/ finge tão completamente/ que chega a fingir que é dor/ a dor que deveras sente”.

Pois é… Rascunhos Reais surpreende. Conquista o leitor com  uma poesia que fala de amor. E encanta pelo ângulo sob o qual  trata o tema. Encanta pela visão filosófica, de  pureza e positividade.

  Depois, arrebata  com a bela ilustração de Sanqueilo Lima. São  20 belos desenhos em bico de pena,  que  conversam com os poemas,  linguagens que dialogam – a poemática e a pictórica –   em simplicidade lírica, através de traços espontâneos e expressões existenciais e intimistas.  O livro é, mesmo, uma produção sem apego a escolas ou a  cânone.  Em sintonia com a linguagem deste milênio, como preconizou Itálo Calvino,  são textos que se realizam em  leveza, visibilidade, multiplicidade, rapidez.   A visão romântica do poeta – sempre em  busca de expressar o amor –  alterna-se com a linguagem dos delicados desenhos, que semanticamente confluem ao mesmo tema. Poesia, portanto, apresentada nas duas linguagens!

Como o autor revela, o título do livro foi extraído do poema Sonhos. Tal afirmação induz à compreensão de que, com a sua publicação,  Rascunhos Reais transforma em realidade um sonho que existia em rascunhos  …  Esse poema parece ser uma mensagem para Letícia, filha a quem o livro é dedicado: “Sonhos […] esquecê-los jamais!”. E o refrão, que se repete nas quatro estrofes desse mesmo poema, enfatiza o foco: persistência! É uma poesia de crença no amor verdadeiro.

A atemporalidade do amor é marcada por uma visão intertextual, que passa por Shakespeare, Homero, Machado; Agatha Christie, e mesmo Álvaro de Campos, o heterônimo pessoano,  que diz:  “cartas de amor são ridículas”.  Drummond, Bandeira, Stendhal, Tchekhov… E, até mesmo, leva a pensar na instabilidade do amor líquido,  de Zygmunt Bauman.  Falando do amor, a poesia de Alessandro induz também o leitor a lembrar de outros poetas que falam da dor do amor, a exemplo de Camões: “Amor é fogo que arde sem se ver […] se tão contrário a si é o mesmo amor”. No entanto, de todos discorda. E o eu lírico de Rascunhos Reais diz: “Diante de tanta gente/com histórias interrompidas/reescrever o amor/se faz urgente”.   Assim, ao contrário,  o amor que a sua poesia traz é o amor encontro,  comunhão,  perenidade. Ideal, sem ser platônico. Amor companheirismo, presença, cumplicidade. Por isso, diz que “histórias que falem de dor/ ficam proibidas”.

                 Se a  positividade sobre o amor é inquestionável, isso é tb afirmado   ao olhar através da natureza, quando pensa  metaforicamente a vida, e afirma: “voar sozinho/ para um passarinho/ dói como espinho/ a machucar”.

 A sua apologia é ao tempo presente, porque o tempo é fugaz.  E reconhece que a vida é de conquistas, construção … e o amor, esse deve ser perenizado.  Então, os textos são como reflexões sobre o amor; são lições…  E afirma:   “o amor verdadeiro/ Não é uno/ É par” (Coração Real). E, é doação.  Finda o livro com o poema-conselho Metas, que refere quatro metas, enquanto o desenho com o qual dialoga, mostra  escalada de busca.

Assim, tematizando o amor, Rascunhos Reais  conceitua, indica estratégias, oferece  conselhos à guisa de um manual sobre  amor e vida.

 Para quem? – pergunta-se o leitor, que volta a  reler a dedicatória do livro…  para Letícia!

 Parabéns, Alessandro. Bons caminhos para o seu livro!

Ilhéus, novembro de 2022.

Tica Simões

 

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Poemas de Ruy Póvoa

ASTRONOMIA

Estou construindo
um james webb
com lentes potentes
que possam fazer
o meu verbatim.
Mas em vez de planetas
quero sondar
o arquivo lacrado
que me faz ser assim.
O meu james webb
vai me mostrar
os meus escondidos
do princípio ao fim,
tudo o que eu,
até o momento,
ignoro de mim.

Ruy Póvoas
10/11/22

 

 

ASTROFÍSICA

Me deram uma passagem
exclusiva, só de ida,
para um horizonte de visagem
assim que cheguei à vida.

O espaço-tempo do agora
se abria a todo instante
e comecei sem mais demora
a ter sonhos vacilantes.

Desde então, venho me sentindo
um verdadeiro paradoxo,
cheio de irregularidades.

A astrofísica me ferindo
porque só entendo a doxa
de minha singularidade.

Ruy Póvoas
10/11/22

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