PORTARIA Nº 01/2024

PORTARIA ACADEMIA DE LETRAS DE ITABUNA – ALITA
Nº 01/2024

A Presidente da Academia de Letras de Itabuna – ALITA, Raquel Rocha, no uso de suas atribuições, lastreado no disposto nos Artigos 18, parágrafo III, do Regimento Interno.

RESOLVE

Designar a acadêmica Margarida Cordeiro Fahel para representar a Academia de Letras de Itabuna – ALITA no lançamento da obra “O Realismo mágico de Gabriel Garcia Marquez e o Problema Penal”, do advogado criminalista Sergio Habib, também membro desta instituição. O lançamento ocorrerá na Livraria Escariz, Shopping Barra, em Salvador às 18 horas do dia 17 de maio de 2024.

Itabuna,13 de maio de 2024

Raquel Silva Rocha

PRESIDENTE

 

PORTARIA Nº 01/2024 Read More »

OMISSÃO NA CULTURA- Cyro de Mattos

A quem cabe zelar pela cultura de um povo e não corresponde aos seus apelos comete omissão imperdoável. A cultura alimenta a autoestima e reforça os laços identitários de uma sociedade nas suas relações com a vida.  Se a educação é o corpo da sociedade, que precisa ser bem alimentado, que dizer de sua alma, a cultura? Quem não valoriza a cultura de seu povo, contribui para que não haja resposta quando se pergunta qual é o seu nome, onde você nasceu e para onde você vai. Torna assim o ser humano um caminhante no vazio do estar para viver ou, se quiserem, cadáver ambulante que procria, como diz o poeta Fernando Pessoa.

O que vemos por aqui entristece. Ainda hoje viceja esse comportamento atávico para anular o que foi produzido para representar e permanecer como referência do nosso patrimônio cultural. O Museu da Casa Verde, por exemplo, que antes foi o espaço de convivência social da elite, com reuniões importantes de políticos, quando então eram debatidos assuntos relevantes de nossa cidade, encontra-se fechado há tempos. Seu patrimônio valioso, que muito diz sobre a história da burguesia cacaueira no tempo dos coronéis, está encoberto pelas sombras da indiferença do poder público. Assim contribui para que o visitante, o estudante e o habitante dessa terra desconheçam um capítulo importante da civilização do cacau, com seus costumes, valores, linguagens, suas relações políticas e sociais como marcas de uma maneira singular de proceder perante o mundo.  Não recebe o mínimo apoio do poder público, da classe empresarial e de clube de serviço, para que se torne um espaço movimentado com vistas ao conhecimento da história coletiva municipal e regional.

O quiosque Walter Moreira, na praça Olinto Leoni, obra realizada na gestão do professor Flávio Simões, quando presidente da Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania, foi demolido. Já serviu para exposições de artistas plásticos locais, comércio de artesanato, lançamento de livro e local como parte das comemorações no Dia de Cidade, com exposição de fotos históricas e dos prefeitos. Dá pena saber o destino que impuseram ao Quiosque Walter Moreira no jardim da Praça Olinto Leoni. A memória desse artista da cor, que passou uma vida retratando na tela a paisagem humana e física dessa terra, não merece essa pancada.

O Monumento da Saga Grapiúna, criado pelo artista Richard Wagner, itabunense de fama mundial, erguido nas proximidades do Supermercado Jequitibá, é uma homenagem aos elementos formadores da civilização grapiúna – o sergipano, o negro, o índio e o árabe, e não está tendo melhor destino. Monumento que remete as gerações de hoje e de amanhã à infância da civilização do cacau, em nossa cidade e na região, encontra-se também no descaso. O gradil protetor ao seu redor está danificado, lá dentro o seu interior serve de depósito de coisas imprestáveis e lixo. Não existe fiscalização nem proteção para preservar uma obra artística e cultural de valor inestimável.  Árvores cresceram ao seu redor, tirando-lhe a visibilidade.

Com sua beleza rica de significados, em que se retrata a história da civilização cacaueira baiana, representada em figuras, símbolos, cenas e paisagens, o painel composto de azulejos, criado pela arte genial de Genaro de Carvalho, instalado no prédio Comendador Firmino Alves, onde funcionava o antigo Banco Econômico, entre a avenida do Cinquentenário e a praça Adami, nos idos de 1953, é indiscutivelmente um dos patrimônios artísticos de incalculável valor dessa terra  onde nasceram o romancista Jorge Amado e o poeta  Telmo Padilha.

Essa obra de arte magnífica esteve entregue à indiferença de autoridades, ao longo dos anos.   Ficou sem alguns azulejos, na frente serviu para que camelôs fixassem seus produtos à venda no comércio informal. A FICC fez a reconstituição das avarias no painel, mas até hoje a valiosa obra de Genaro de Carvalho não teve a preservação merecida para que seu estado não volte como antes. Na frente dele, camelôs improvisam o gradil como expositor para vender seus produtos. Dentro do gradil protetor guardam a bicicleta.  A poluição visual do painel às vezes prossegue com a faixa estendida de um poste a outro, na frente, para anunciar a venda de um produto novo chegado ao comércio local.

O prédio do Colégio Divina Providência e o do Cine Itabuna tomaram uma destinação comercial, nem parece que ali a vida saudável fez morada, através de gerações que aprendiam com mestres do ensino em um e se divertiam com Oscarito e Grande Otelo, o Gordo e o Magro, no outro.

Perdemos o Castelinho, o Cine Itabuna, o prédio do Ginásio Divina Providência, o casarão do coronel Henrique Alves dos Reis, o Campo da Desportiva, o Teatrinho ABC na Praça Camacã, a fachada da residência onde morou o comendador Firmino Alves e sua família na praça Olinto Leoni está desfigurada. Até quando vamos continuar maltratando a nossa memória e o nosso patrimônio arquitetônico, portador de rico simbolismo em nossa história?

E o rio Cachoeira, que tanto contribuiu para a progressão da cidade, alimentou os pobres, forneceu ganho às gentes do povo, teve peixe em abundância quando as águas eram claras? Há tempos vem chorando água, virou um esgoto a céu aberto.

Estamos perto das eleições municipais. Será que com o prefeito que vai chegar, ou mesmo que o atual se reeleja, ocorrerá mudança nessa mentalidade tacanha? Tomara!  Ainda há tempo para amparar a nossa cultura, que é rica de conteúdo e história, e salvar o que resta. Basta boa vontade.

———–

 Cyro de Mattos nasceu em Itabuna, no Sul da Bahia, é autor de 67 livros pessoais, de diversos gêneros.  Editado e publicado também em Portugal, Itália, Espanha, França, Alemanha, Dinamarca, Rússia, México, Cuba e Estados Unidos. Premiado no Brasil, Portugal, Itália, México e Cuba. Conquistou o Prêmio Casa das Américas 2023. Membro das Academias de Letras da Bahia, Ilhéus e Itabuna. Presidente de Honra da Academia de Letras de Itabuna-ALITA. Primeiro Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual de Santa Cruz (Sul da Bahia). Distinguido com a Medalha Zumbi dos Palmares da Câmara de Vereadores de Salvador. Recebeu a Comenda Dois de Julho da Assembleia Legislativa da Bahia.

OMISSÃO NA CULTURA- Cyro de Mattos Read More »

Livro de Cyro de Mattos Vencedor do Prêmio Literário Casa das Américas Teve Leitura e Análise em Havana

Havana, (Prensa Latina) – A Casa das Américas promoveu no dia 25 de abril passado, no Salão Manuel Galich da instituição cultural da capital, a apresentação com análises e leituras dos livros vencedores em 2023 do Prêmio Literário Casa das Américas e, entre eles, na categoria Literatura Brasileira, Infancia com Animal y Pesailla y otras historias (Infância com Bicho e Pesadelo e Outras histórias), do baiano (de Itabuna) Cyro de Mattos, na tradução para o espanhol da professora doutora em Letras Esther Pérez, fundadora e presidente da Fundação Martin Luther King em Havana. No evento, o escritor grapiúna divulgou um vídeo no qual ressalta a importância do Prêmio Literário Casa de las Américas no Continente Hispânico e sua valorização no Brasil e por isso a sua obra terá mais visibilidade agora no plano nacional e internacional.

A instituição apresentou os outros livros vencedores em 2023: Todos somos islas, de Felipe Núñez (Colômbia, conto); e Después del incendio (Papeles de guerra: Venezuela 2013-2021), de Eduardo Ernesto Viloria (Venezuela, literatura testemunhal); La orilla de Caliban. El rastro de la filosofía afrocaribe en el siglo xx, de Roberto Almanza (Colômbia, Prêmio de estudos sobre a presença negra na América contemporânea e no Caribe) e Diario de las revelaciones, de Gustavo Pereira (Venezuela, vencedor do Prêmio de Poesia José Lezama Lima).

No próprio Salão Manuel Galich foi realizado depois o painel El sencillo arte de narrar (una provocación), com o jornalista e contador de histórias mexicano Fabrizio Mejía, o escritor e sociólogo argentino Hernán Ronsino e a dramaturga cubana Lourdes de Armas, membros do júri do Novel. A Casa de las Américas celebrou seu 65º aniversário em 28 de abril passado, e o prêmio é um dos principais protagonistas de sua história. Criado em 1959 e realizado pela primeira vez em janeiro de 1960, o Prêmio Literário Casa de las Américas é o concurso cultural mais antigo do país e o mais antigo do gênero no continente.

 

Eduardo Viloria Daboín, vencedor do Premio Casa de las Américas 2023 na categoría Testimonio, e Fernando Luis Rojas, diretor do Fondo Editorial Casa de las Américas, fazendo a apresentação do livro de Cyro.

Fernando Luís Rojas, diretor do Fundo Editorial Casa das Américas, fazendo a leitura e análise do livro de Cyro de Mattos.

 

Infancia con Animal y Pesadilla y otras historias, vencedor do Prêmio Literário Casa de las Américas, 2023, literatura brasileira.

Infancia con Animal y Pesadilla y otras historias, vencedor do Prêmio Literário Casa de las Américas, 2023, literatura brasileira.

 

 

Livro de Cyro de Mattos Vencedor do Prêmio Literário Casa das Américas Teve Leitura e Análise em Havana Read More »

MENSAGEM PARA RAQUEL- Silvio Porto

Discurso proferido na Posse da nova Diretoria  da Academia de Letras de Itabuna.

 

“Non vi, sed arte! (“Não pela força, sim pela arte!”)

“As virtudes do homem e da mulher superiores são como o vento, as virtudes de um homem e de uma mulher comum são como o capim; quando vento passa o capim se curva.”

Digníssima Senhora Raquel Rocha, Presidente empossada hoje da Academia de Letras de Itabuna.

Senhoras e Senhores Acadêmicos!

Minha família, meus amigos, autoridades aqui presentes, demais convidados para esta noite memorável.

Falar neste cenáculo literário, por onde passaram e ainda frequentam proeminentes figuras do ambiente acadêmico , artístico, intelectual e político da nossa terra , não apenas dignifica, como consagra a alma. Louvo o trabalho de todos que  produzem escritos, livros, artigos, discursos e que levam com certeza  a plenitude da vida.

É uma honra para mim, desfrutar da companhia de nobres e imortais confrades e confreiras e vir até aqui dar as boas vindas a nossa querida Presidente Raquel Rocha.

Austregésilo de Athayde ao se referir a Machado de Assis, pela iniciativa de fundar a Academia Brasileira  de Letras , patrono das letras brasileiras,  disse: “ Machado escolhe uma forma de aperfeiçoamento dos valores intelectuais que são os últimos vestígios que se apagam na história tormentosa da humanidade”.

Nesta Academia , minha Presidente espero que revigore sempre a palavra Liberdade.

Ainda na obra Machadiana, encontramos: “A liberdade não morre onde restar uma folha de papel para decreta-la”.

Que o amor a liberdade seja uma bandeira firme e sempre hasteada na sua jornada nesta Academia.

Que a sua gestão seja democrática.

Democracia como um valor , uma prática diária, um princípio ético para todos independente de suas crenças, ideologias e de seus conceitos.

Aprendi o que não se registra o tempo leva. É por isso e para isso que devemos escrever o que aprendemos de nossos avós e de nossos pais.

A transmissão oral pode ficar para sempre em algumas situações, mas muita coisa pode se perder.

É considerado imortal todo aquele que fez ou faz de sua vida uma obra a ser lida, a ser seguida, a ser admirada, a ser internalizada. É objetivo da Academia de Letras de Itabuna,  manter viva, na memória de todos, a contribuição que ilustres homens e mulheres deram, no sentido de colaborar para o aperfeiçoamento da sociedade e da humanidade.

A imortalidade de uma pessoa pode estar em sua vida, em sua arte, em sua obra, em sua descendência.

Francisca Praguer Fróes, foi uma das primeiras mulheres formadas em Medicina, pioneira em todas as áreas em que atuou, principalmente na defesa dos direitos femininos. Ela dizia: “Eu sou feminista por herança e convicção”; “A inferioridade da mulher não é fisiológica, nem psicológica; ela é social.”

Jorge Calmon um imortal, disse “é o principio que faz de qualquer pessoa, letrada ou não, um imortal.”

Ele diz: “Efetivamente, há homens e mulheres  que se tornam instituições. São Poucos e poucas.  Constituem exceções.

A regra geral é o lugar comum,  que a lei da vida vai tangendo, em marcha entre o nascimento e a morte. Nessa indistinta mediania, as inteligências não brilham, o esforço não avulta, o caráter não logra atingir forma, consistência. “

É a grande planície dos homens e mulheres comuns. Vez por outra, desse solo grapiuna nasce ou surge por adoção  uma mulher guerreira e que luta pelo que acredita.

O talento, a virtude, o mérito rompem a vulgaridade e projetam um futuro promissor para todos que amam a cultura e a arte.

Raquel essa é a casa de todos confrades e confreiras vivos da Alita e mais de Sônia Maron, de Delile Oliveira, de Adonias Filho, de Telmo Padilha, de Firmino Rocha, Valdelice Pinheiro, Jorge Amado, Carlos Eduardo Passos, Gil Nunes Maia, Sosigenes Costa, Hélio Pólvora, entre outros gigantes da nossa Academia. Você sempre estará bem acompanhada, seja com exemplos ou boas lembranças.

Você hoje assume um compromisso. Um compromisso de manter viva  a arte e a cultura no sul da Bahia, na Bahia e no Brasil.

De lutar pela Liberdade!

De lutar pela Democracia!

Meus agradecimentos pela oportunidade de falar para uma plateia tão distinta e culta.

Boa sorte Raquel ao lado dos confrades e confreiras:

Lurdes Bertol, nossa Vice-Presidente

Eliabe Izabel de Moraes, nossa 1°. Secretária

Maria Luisa Nora,  nossa 2°. Secretária

Gustavo Veloso, nosso 1°. Tesoureiro

Marcos Bandeira, nosso 2°. Tesoureiro

Margarida Fahel,  nossa Diretora da Revista

Sérgio Sepúlveda, nosso Diretor de Ações Culturais

Clovis Junior, nosso Diretor da Biblioteca

Heloísa Prazeres, como Diretora do Arquivo

Rafael Gama, nosso Diretor de Comunicação Social e Marketing

Gustavo Cunha, como nosso Diretor de Projetos e Pesquisas.

Raquel seja o farol da Liberdade na nossa Alita!

Deus seja louvado!

Silvio Porto de Oliveira.

Presidente da Academia de Medicina de Itabuna.

Em 20/04/2024.

MENSAGEM PARA RAQUEL- Silvio Porto Read More »