ALITA 10 ANOS- Silmara Oliveira

Animai-vos povo Bahiense! 

Como palavras da noite escolho duas: animar e conspirar.

Faço referência ao título do livro Animai-vos povo Bahiense! A conspiração dos alfaiates, dos organizadores: Carlos Vasconcelos Domingues, Cícero Bathomarco Lemos e Edyala Yglesias.

O tempo é para animar-se, acelerar em alta a vibração no nosso entorno. Aproveitar o nosso lado psicológico – a alma, a mente e o coração, constantes na sede do nosso pensamento – para tomar posição altiva, já que adentramos o outono, estação que traz frescor e conforto visual na atmosfera. Somos quarenta acadêmicos, quarenta rotações de alegria por esta noite de felicitações à casa que nos une e, estamos vivos.

Se olharmos para os lados, há cinzas que recobrem, não só este nosso país, mas também, a terra inteira, A Terra em pandemia como já escreveu o poeta Aleilton Fonseca; se olharmos para trás, passos dados em estradas por vezes planas, por vezes, tortuosas, mas, se nos dignarmos a encarar o futuro, haveremos de ver luz brilhante no túnel, não no fim, nele inteiro, porque o que esta academia apurar ao longe, em idade muito avançada, certamente, sobreviverá.

O Tempo é para conspirar contra os maus augúrios dos últimos dias com a pandemia se alastrando, sem freios, pelo planeta, respirar em conjunto contra as desilusões de quando um sonho comum parece desvanecer, e tivemos que lutar para afastar alguns descompassos aqui na nossa academia. Aparecerão outras fissuras, é o comum da vida, mas fazemos parte de um sodalício que aniversaria dez anos de idade, a ALITA é, pois, uma criança, e estamos dando testemunho da nossa conspiração contra adversidades à sua infância.

Disto tratamos ao agradecer o companheirismo que em hora necessária nos tem acorrido em união e prontidão às ocorrências. Conspirar em sentido construtivo tem sido providência, a exemplo da água, que se desvia de obstáculos; animar tem sido a alma que eleva nossas ideias, vontade, emoção e caráter, em sentido de animus, formando nossa identidade alitana.

Estamos hoje numa expectativa de boas aventuranças, afinal, reunir em torno desta agremiação, um conjunto especial de pessoas com propósitos afins, de congraçamento com a arte e a literatura, colaborando, cada um à sua competência, nos torna confiantes para pautar projetos que, por sua vez, pretendem atrair de forma especial, leitores e atores sociais, que sintam nesta entidade os pés e a cabeça no futuro, sem esquecer a nossa origem.

E falar da origem, do começo da literatura, no território do cacau, requer de nós rememorar os pilares que fundamentam a profundidade de tais escrituras. Geográfica, ambiental e socialmente: uma imensidão de mar, a mata, paisagens virgens e densas em abundância de tons verdes, sua derrubada, índios como donos, animais em grande quantidade e tipos; homens que ambicionavam terras, populações que se formaram; o cacau trazido e disseminado por homens e juparás, implantado; o comércio que chegou, comunidades localizadas, para depois, a sociedade plena.

 Até aqui tudo muito simples no modo de dizer, mas ao mesmo tempo complexo como tem que ser. E para essa fala de complexas tensões sociais, grandes mestres. Mencionar seus nomes é como despertar o passado, dia após dia, em suas páginas de romances, contos e crônicas da vida narrada, poemas. Trazer em lufadas de memória amores e guerras, caminhos e fendas, tiroteios e correrias, banhos de rio e crianças ao peito, prostitutas e rezas, lautas mesas e fome, frio e sede, danças e mortes.

Entramos a chamar nominalmente, Adonias Filho, Jorge Amado, Jorge Medauar, Sosígenes Costa, João da Silva Campos, Ildázio Tavares, Euclides da Cunha, Telmo Padilha, Cyro de Mattos, Ruy do Carmo Póvoas, Valdelice Pinheiro, Hélio Pólvora, Maria de Lurdes Netto Simões, Sione Porto, Marcos Santarrita, Ceres Marilyse, James Amado, Firmino Rocha, Augusto Mário Ferreira, Natan Coutinho, Aleilton Fonseca e outros mais novos de temática mais renovada, sobre os aspectos humanos e sociais.

Enquanto escrevo, observo um caracol no meu quintal, no alto da velha caramboleira, me pergunto: mas como? Saído do chão e vigiado por Júlia, minha filha, que vive a tomar conta do destino dos caracóis do quintal, imediata analogia tracei entre a ALITA e o caracol. Pequenino ser, tão lento e tão no alto, no topo da árvore.

Sinto isso da Academia de Letras de Itabuna e penso que, pacientemente, traçamos um caminho que pode chegar a alturas.

A favor, tem edições de revistas, palestras, rodas de leituras em escolas, lançamento de livros, atividades culturais, é uma academia com empatia para com a identidade da Consciência Negra. Atividades que, possivelmente, serão acrescidas de outras com perfil mais moderno e de alcance em mídias digitais, atreladas ao mundo virtual.

São passos que devemos transformar em movimentos mais dinâmicos, com maior capacidade de abrangência. Lembrando que o lugar da academia será sempre o da cultura, primordialmente, no cuidado com a produção da escrita e da leitura. E é com esta perspectiva de bons ventos soprando ao nosso favor, que saudamos a Academia de Letras de Itabuna nos seus dez anos de existência e desejamos muitos, muitos, muitos anos de vida.

Parte II

Nesta noite de festa e celebração estou convicta de que a sabedoria é aliada da calma, da fé e da esperança. Por algum tempo esperamos pela posse de alguns convidados, agora membros acadêmicos, gratos confrades, de espírito livre e ações de intelecto ativo.

Assim foi com o confrade Alessandro Fernandes de Santana, convidado pela confreira Sônia Carvalho de Almeida Maron, o confrade Sílvio Porto, indicado pela Confreira Sione Porto, a confrade Joana Angélica Guimarães da Luz, a convite de quem vos fala neste momento, o confrade Wilson Caitano de Jesus Filho, por indicação de confrade João Otávio Macedo, a confreira Reheniglei Rehen convite de Cyro de Mattos,  e Charles Nascimento de Sá, por Janete Ruiz, alguns com mais, outros menos tempo de convite, todos confrades e confreiras empossados.

Agora reunidos, estaremos em condições de trabalhar em prol dessa região tão agastada por tantas faltas. Longe que estamos das condições de desenvolvimento econômico tão promissor, como de fato aconteceu tanto na vida real, quanto retratada na vida ficcional, pelos já mencionados escritores.

Nosso papel, enquanto alitanos, cada um em seus postos de trabalho e atuação social, devemos sempre pensar de modo a conduzir nosso grão de areia para esse construto por meio da literatura. Como chegaremos aos mais novos? Qual a chave de acesso para melhor aproximação com a comunidade local?

Questões fáceis de responder quando reunidas três importantes universidades: Universidade Estadual da Bahia – UNEB – acolhendo o confrade Charles Nascimento de Sá, Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC – Alessandro Fernandes Nascimento e Universidade Federal do Sul da Bahia – UFSB – Joana Angélica Guimarães da Luz, mais Sílvio Porto, Wilson Caitano de Jesus Filho e Reheniglei Rehen, pessoas de espírito e conhecimento, que há pouco juraram pelo bem da ALITA e seus objetivos.

Em nome de todos os alitanos, parabenizo e saúdo os novos acadêmicos para que imbuídos do sopro que anima a vida, possamos realizar o que se deseja e espera de uma academia de letras. Sejam todos bem-vindos.

Tenho verdadeira admiração a homens e mulheres quando se juntam em agremiações para realização de grandes feitos, assim como pedra angular que norteia e edifica a construção que se pretende, considero cada homem e cada mulher que edificou a Academia de Letras de Itabuna. Minha consideração especial aos fundadores, à sua dedicação diuturna para afirmação da solidez desta academia. A cada alitano que cumpre seu papel com empenho e dedicação a nossa gratidão, nosso amor e carinho.

 Ressalto que deposito minha fé em todos que estejam dispostos a acalentar o sonho de dignificar com trabalho e criatividade uma produção acadêmica que para além de dez anos, miremos para o alto e para frente, na composição social da intelectualidade que nos legou Adonias Filho, a quem tomo para exemplo, patrono desta academia, intelectualidade que é herança de um tempo, transformada em patrimônio da região cacaueira.

É com imensa alegria e esperança nos dias futuros da ACADEMIA DE LETRAS DE ITABUNA que os convoco, nobres confreiras e confrades a conspirar em favor de nós mesmo, alitanos.

Animai-vos povo alitanos!

 Silmara Oliveira

Presidente

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PRAÇAS DO CENTRO DE ITABUNA – SIGNIFICADOS/FUNÇÕES- Lurdes Bertol Rocha

Ao se pensar em praça, vêm à mente imagens de bancos, flores, árvores, pessoas conversando, descansando, passando, olhando o tempo que foi, que é, que virá. Algumas pessoas olham ensimesmadas na direção de um tempo que ficou em algum lugar do passado. Mas, na praça desfila também um mundo menos romântico: mendigos fazem dela sua cama; hippies tecem suas bijouterias; raizeiros apregoam e vendem suas poções mágicas; ambulantes expõem seus produtos; floristas vendem suas flores. A praça é, também, em alguns momentos, o templo de eventuais cultos religiosos, o púlpito de pregadores de promessas eternas e do fogo do inferno, o palco de malabaristas, o palanque de políticos. Pode ser ainda o lugar da degradação humana: jovens usando drogas, crianças cheirando cola, mendigos implorando por um pedaço de pão. Resumindo, pode-se dizer que a praça é o placo onde se apresentam os mais diversos eventos da vida urbana.

As praças têm significados específicos no cenário urbano: umas indicam o marco inicial de uma área urbana, outras representam fatos que marcaram a história do povo do lugar, outras ainda sinalizam para feitos de um determinado político ou homenageiam uma personalidade internacional, nacional ou local.

Além de se apresentarem com significados específicos, as praças têm, também, funções definidas, que vão se forjando com o uso que os cidadãos fazem delas ao longo do tempo.  Existem as praças que são um local de descanso, de fazer nada, de jogar conversa fora, enfim, de ver “a banda passar”. Outras são utilizadas para passagem, para esperar o transporte que as leve a algum lugar para onde queiram ir. Há as praças que servem de ajuntamento de pessoas que fazem trocas de objetos, vendem artigos adquiridos de forma um pouco enviesada: são as chamadas “ilhas do rato”. Existem praças que são parque infantil, onde as crianças, acompanhadas de algum adulto, ou acompanhadas de si mesmas, divertem-se nas gangorras, nos túneis, nos balanços. E há as praças de onde partem as reivindicações sociais, os protestos, as manifestações políticas, religiosas, as passeatas apregoando as qualidades políticas de um candidato a alguma coisa. As praças, em geral, são o lugar onde os “sem teto”, ao abrigo da abóbada celeste, descansam seu corpo cansado, para, em seguida, sair à procura de algo que, para eles, não está em lugar algum. Mas, as praças podem ser, também, o palco de ritmos e instrumentos, de música que enleva e que diverte.

Toda cidade tem sua praça, por menor que seja. É na praça, ou nas praças, por ser um espaço público, que as pessoas transitam livremente, chegam e saem à hora que querem, sem que sejam molestadas, pois a praça é do povo. Lugar de ajuntamento, de passagem, de comércio informal, de discursos, de pregações religiosas, de apregoar virtudes de raízes e simpatias, do mendigo, do sem-teto. Lugar de todos. Lugar de ninguém.

Algumas praças ficaram famosas e adquiriram status de signo-símbolo, como por exemplo, a praça de São Pedro, em Roma, a praça de São Marcos, em Veneza, a praça da Sé, em São Paulo, a praça da República, no Rio de Janeiro, a praça do Pelourinho, em Salvador, a praça Dom Eduardo, em Ilhéus, a praça Olinto Leone, em Itabuna, entre tantas outras.

No centro de Itabuna, algumas praças ostentam um passado que ficou na memória da cidade e cujo significado precisa ser desvendado (praça Firmino Alves). Outras servem de descanso para pessoas que esperam transporte para voltar a seu bairro (praça José Bastos). Outras ainda se constituem em pontos de concentração para caminhadas de manifestações reivindicatórias (Jardim do Ó). Há praças que oferecem lazer nos finais de tarde e nos finais de semana (praça Olinto Leone). E há as que são um largo, servem de estacionamento e passagem (praça Adame).

Em síntese, as praças do centro de Itabuna, consideradas como signos importantes são as praças Santo Antônio, Adami, Olinto Leone, José Bastos, Otávio Mangabeira (mais conhecida como Praça Camacan) e Jardim do Ó.

*Texto do livro da autora, “O centro da cidade de Itabuna: Trajetória, Signos e Significados”. Editus.

 

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SEGUNDA EDIÇÃO DO FESTIVAL LITERÁRIO SUL – BAHIA OCORRE AGORA EM SETEMBRO

    

O Segundo Festival Literário Sul – Bahia (FLISBA) acontecerá nos dias 24, 25 e 26 de setembro de 2021 pelo canal do FLISBA no Youtube. O FLISBA tem como tema nessa edição: “Primavera Literária: arte na superação da pandemia”. Serão três dias com mesas envolvendo debates literários, saraus, slam, apresentações de escritores, poetas e artistas, além de oficinas com contações de histórias e  escritas literárias. Todos os públicos, inclusive, crianças e adolescentes podem participar. Para Tácio Dê,  membro organizador,  “o FLISBA é um momento que une diversidade e ousadia, revigorando as artes enquanto força de cura”, ele aproveita para justificar o recorte do FLISBA para esse ano.

Já para Roger Ferreira, poeta do distrito de Taboquinhas, “o FLISBA é um movimento que une todo o litoral sul e o coletivo mantém às portas e  janelas abertas para a diversidade cultural, social e literária”, complementa o flisbiano de Itacaré.

Como na primeira edição, o FLISBA visa difundir a literatura, promover o intercâmbio cultural e refletir sobre a cultura popular, questões ligadas à diversidade de gênero e direitos humanos, as mulheres na literatura, conforme fica explicitado na programação do evento. Nessa segunda edição, as homenagens serão prestadas a Paulo Freire, Carolina Maria de Jesus e Elvira Foeppel. Respectivamente, um nordestino – educador, uma catadora de resíduos sólidos e escritora  do sudeste e  a sul-baiana que desafiou os costumes de seu tempo na região do cacau.

Para a professora Anarleide Menezes, o FLISBA “é uma realização coletiva e se tornou um aglutinador de artistas, pesquisadores,  escritores, poetas e pensadores contemporâneos.  Esse movimento, num impulso criativo,  protagoniza ações com a missão de dar voz  aos autores, abraçar suas novas linguagens e  divulgar suas experiências”, concluiu a também membro da Academia de Letras de Ilhéus.

As mesas literárias vão ocorrer pelas tardes e noites. A transmissão das mesas ocorrerá pelo Youtube. No entanto, as oficinas literárias vão ocorrer no turno da manhã via plataforma Zoom e terão suas inscrições realizadas de forma antecipada pelo Sympla com datas a serem divulgadas nas redes sociais do FLISBA. Ao longo da programação intervenções artísticas e lançamentos de livros serão realizadas.

As pessoas que vão acompanhar as mesas online e possuem interesse em receber certificação poderão fazer a inscrição via plataforma Sympla no seguinte link: https://www.sympla.com.br/ii-festival-literario-sul—bahia__1337857

Para Sheilla Shew, que participa da organização do evento, o FLISBA “terá uma rica programação, que inclui debates, saraus, slam, exposições editoriais e apresentações culturais, que respeita o legado literário e se soma as revelações dos nossos dias.”

A programação do FLISBA contempla o SLAM SUL-BAHIA MAGNUS VIEIRA, que  faz uma homenagem a um dos criadores do  FLISBA e do Slam dentro da programação do Festival. O poeta faleceu no mês de março deste ano, surpreendendo a comunidade cultural do Estado da Bahia. Os vencedores do Slam vão receber brindes e os participantes serão certificados pela participação. O Slam é uma competição de poesia falada.

O FLISBA 2021 está sendo organizado pelas seguintes pessoas: Anarleide Menezes, Aurora Souza, Cátia Hughes, Cremilda Conceição, Efson Lima, Fabrício Brandão, Geraldo Lavigne, Jane Hilda Badaró,  Igor Luiz, Indy Ribeiro, Laura Ganem, Luh Oliveira, Paula Anias, Pawlo Cidade, Ramayana Vargens, Raquel Rocha, Ruy Póvoas,  Roger Ferreira,  Sheilla Shew, Silmara Oliveira, Tácio Dê, Tales Pereira, Tica Simões e Walmir do Carmo. O perfil do coletivo continua eclético com  professores, advogados, jovens, idosos, homens e mulheres sob  diferentes perspectivas que se juntaram para a realização do FLISBA no ano passado e que continuam a desenvolver diversas ações literárias e culturais no sul da Bahia por meio das redes sociais durante esse período da pandemia.

Luh Oliveira, professora, escritora e  organizadora do FLISBA, defende que “a segunda edição do Flisba vem mostrar que ‘arte é preciso’, que a arte é uma espécie de tratamento terapêutico nesse momento de pandemia no qual ainda estamos imersos”. Ela complementa defendendo que o “Flisba veio para ficar e continuar seu propósito de fomento à literatura na nossa região e no entorno”.

A realização do FLISBA 2021 conta com os seguintes apoios: Academia de Letras de Ilhéus, Academia de Letras de Itabuna, Academia de Letras e Artes de Canavieiras, Centro Público de Economia Solidária (Cesol), Unime e Casa Jonas e Pilar.

Mais informações  sobre o FLISBA podem ser obtidas pelas redes sociais do evento. A organização pede que as pessoas se inscrevam nos canais, especialmente, no Youtube que será a plataforma principal para a transmissão do evento, assim como sigam as redes sociais do FLISBA.

Youtube: https://www.youtube.com/channel/UC2v08TIuCPOU59G_N-33fUw

Instagram: @flisba

Facebook:  Flisba

 

ASCOM/FLISBA

           

 

 

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O HUMANISMO EM JORGE AMADO (UM HUMANISTA NAS TERRAS DO CACAU)- Margarida Fahel

Começo esta fala, particularmente endereçada aos estudantes deste colégio, dizendo também da minha particular emoção, de alegria, de muita saudade e, até, de certo orgulho, por fazê-la neste estabelecimento de ensino que tive a honra profissional de implantar nos idos de 1983, na condição de Diretora. Lembro-me bem de sua inauguração, dos primeiros passos para organizá-lo e fazê-lo funcionar. Um esforço conjunto de um grupo de professores idealistas, vice-diretores, supervisora educacional, orientadora educacional, coordenadora pedagógica e um grupo de apoio comprometido. Àquele momento, era Superintendente Regional de Educação a profa. Edehilda Rodrigues de Oliveira, ainda hoje uma dileta amiga.

Na minha jornada como educadora, apesar da imensa gratificação pela minha carreira como Professora da Universidade Estadual de Santa Cruz-UESC, por algumas décadas, que me rendeu honras e alegrias, os anos em que aqui estive, dirigindo este estabelecimento, estão gravados em minha memória, em face da importância do trabalho que aqui realizamos todos.

De modo que volto aqui hoje com uma certeza: aqui vivi anos de trabalho profícuo, de alegrias, de esforço, de união, voltados para o ideal de uma vida melhor e de um mundo mais justo e mais bonito e que, não tenho dúvidas, só se realiza pela educação. Essas palavras iniciais procuro justificá-las em função do tema desta conversa, como verão.

Portanto, meus agradecimentos a Ceres, ilustre confreira, pela escolha deste local para a minha fala, demonstrando sua sensibilidade e carinho comigo. Peço-lhes registrarem meu mais profundo desejo de que esta casa de educação seja uma difusora da paz, alegria e conhecimentos ou, lembrando a nossa inesquecível poeta Valdelice Pinheiro, que aqui também seja “um campo de paz.”.

Assim dito, dirijo-me ao tema desta conversa de hoje e que despretensiosamente denominei de “O Humanismo em Jorge Amado”.

Inicio-a, pedindo licença para ler um trecho do crítico Hermes Rodrigues Nery, da apresentação da obra “Conversando com Jorge Amado”, de Alice Raillard:

“Sua literatura, fruto dessa experiência pessoal, genuína, que tudo quis recolher e contar, absorvendo com desmesurada intensidade o sabor da vida, em suas múltiplas e amplas perspectivas, é o painel de um país que quer se encontrar, de um povo com quase tudo por fazer.”

“Toda uma vida dedicada ao Brasil, expandindo a nossa cultura pelo mundo afora, das tradições, do ritmo, do fluir do nosso sangue mestiço, dos negros, das mulheres cativantes, da sedução da Bahia, de tudo isso escreveu (…) denunciando as insensibilidades das elites políticas em relação a tantos problemas que fazem sofrer o nosso povo, entre eles a miséria.” (Esta apresentação foi escrita em 1990).

Reputo como absolutamente verdadeiras as palavras de Rodrigues Nery e sobre os pontos levantados haverá momento de tratá-los, mas, neste prólogo, tomo como fundamento para o início de conversa a afirmação do crítico, segundo a qual a literatura de Jorge” é o painel de um país que quer se encontrar, de um povo com quase tudo por fazer.”

Parto do expresso porque desde os meus primeiros estudos sobre a obra de Jorge Amado, e já há bastantes anos, senti-me extremamente seduzida por um sopro, assim chamo, que, para mim, perpassava tudo que dele lia: uma atitude amorosa, compassiva e humana sobre os seres que habitavam sua ficção e um latente desejo de compreensão de suas realidades. Os aspectos estritamente ligados à urdidura ficcional, especialmente os mais formais, nunca me preocuparam de maneira especial. Não que não sejam importantes e passíveis do interesse crítico, mas não era exatamente o elemento de sedução ao meu olhar. Foi o fabuloso contador de histórias, como ele próprio gostava de rotular-se, com uma presença narrativa marcante e os sentimentos dele emanados que provocaram não apenas a minha admiração, mas a necessidade de estudá-lo e conhecê-lo com maior profundidade.

A obra de Amado, suas histórias nascidas das realidades conhecidas e vividas pelo autor, como ele próprio sempre quis dizer, a profusão de personagens retirados da engrenagem social de um tempo, de uma época, dos lugares caminhados, esteve sempre a levantar questionamentos que desembocavam quase rotineiramente nas questões sociais, políticas e econômicas, é fato, mas que não se limitavam a expô-las e denunciá-las. Sempre me pareceu que Jorge Amado intentava algo mais, ou através disso. Sempre me pareceu que o lirismo que envolvia todo o seu fabuloso mundo ficcional não era apenas uma lufada romântica para amenizar realidades tão dramáticas, na maioria das vezes.

A obra à qual me referi no início desta fala, de Alice Raillard, revela Jorge através dele mesmo, e revelando-se ele como um incrível e lúcido conhecedor do seu tempo, de sua época, de sua terra e de sua gente. Jorge Amado tem uma clara e vívida compreensão de sua obra, de sua evolução como ficcionista e do sentido maior de sua atividade de escritor. Ele tem uma consciência clara e precisa, desculpem a redundância, do sentido e missão de sua atividade literária. Relembro aqui palavras de outro grande escritor baiano, ainda em plena atividade inventiva, o nosso João Ubaldo Ribeiro, amigo dileto de Amado, quando disse com exatidão: “… Devemos a Jorge Amado a abertura da consciência literária no Brasil. Ele foi um pioneiro cheio de esplendor e obstinação. É um homem indissociavelmente ligado não somente à história da literatura, mas também à cultura brasileira. Foi escolhido pelas fadas, ou por quem quer que seja. Jorge atravessou toda a literatura brasileira, praticamente desde a Semana de Arte Moderna, e atravessou-a com uma obcessão que, pode-se dizer, chega ao sublime, o sentimento de uma missão. De forma incrível. Ele ajudou a introduzir o Brasil na modernidade.” Coloco essas coisas porque elas me levam ao foco proposto, verão.

Jorge analisa a fase inicial de sua obra, basicamente protagonizada pelos romances “O País do Carnaval”, “Cacau” e “Suor, fase de nítido engajamento político- ideológico, em que esteve preso aos ditames da estética e ideologia marxistas. Ele diz compreendê-la, além disso, em função do momento em que as escreveu, pouco mais que adolescente. Segue interpretando o seu “progredir” enquanto ficcionista e como criador de personagens quase heroicos, agora realmente representativos de sua terra: a princípio, a Cidade de Salvador da Bahia, como era então chamada, cidade que o abrigou e o fez crescer em suas ladeiras e suas ruas estreitas de então; daí emergiram as grandes figuras de vagabundos, meninos de rua, marginalizados, trabalhadores do cais da Bahia, pescadores e prostitutas, uma plêiade de personagens que ainda oscilam entre a realidade e a magia. De sua paixão pelo povo e sua realidade, explodiram os personagens da terra grapiúna, a sua terra, a civilização do cacau, da qual também fazemos parte.Daí surgiram, na pena mágica de Jorge Amado, os quase lendários coronéis, os jagunços, as prostitutas do Bataclã, as senhoras aprisionadas, os amores impossíveis, o sangue derramado nas roças de cacau. De lá e de cá –Salvador da Bahia e Terras Grapiúnas- as obras que encantaram o mundo: Dona Flor e Seus Dois Maridos, Jubiabá, Mar Morto, Os Pastores da Noite, Capitães de Areia,Tieta do Agreste; Terras do Sem Fim, São Jorge dos Ilhéus, Tocaia Grande e Gabriela, Cravo e Canela, citando somente algumas das obras do grande Jorge.

Na verdade, o defensor dos marginalizados, dos injustiçados, dos bêbados e vagabundos não foi plasmado, assim creio, pela ideologia comunista. Havia, sim, em Jorge, um ser profunda e humanamente tocado pelas fraquezas humanas e pelas dores sociais. Um ser capaz de entender os sentimentos humanos e, especialmente, um homem capaz de entender que um povo particularmente singular emergia desse caldo cultural baiano. Mesmo o leitor mais ingênuo percebe que o escritor, mais que apenas criador, ama seus personagens , os compreende, protege-os, além de defendê-los.

Um olhar mais arguto, portanto, percebe que Jorge sempre pretendeu mais do que contar as histórias que viu e viveu.Atualmente, novos paradigmas críticos estão aí e melhor podem explicar a obra amadeana. Na verdade, a própria Antropologia, e leia-se no Brasil Roberto Da Matta, já havia tomado em estudo a obra amadeana, vendo-a, especialmente Dona Flor e Seus Dois Maridos, como representativa de um caráter nacional. Ele alonga seus estudos a Gabriela, Cravo e Canela, e passa a mostrar a obra de Amado como bem mais significativa do que ingenuamente ou preconceituosamente se imaginava. Passa a vê-la como uma obra de caráter relacional, ou seja, que se objetiva a partir do entendimento de uma sociedade que se desenvolve pela via de estruturas sociais que se rivalizam, mas que precisam relacionar-se para subsistirem. A obra “A Casa e a Rua,” de Da Matta, atribui longas páginas à análise do romance de Amado. Diz ele: “… a sociedade brasileira é relacional. Um sistema no qual o básico, o valor fundamental, é relacionar, misturar, juntar, confundir, conciliar”. E aí, ele diz já se dirigindo à obra de Jorge: “… no caso da obra de um escritor como Jorge Amado e da tomada de um dos seus trabalhos como paradigma para os problemas da sociedade brasileira, (…) essas ideias parecem ser um belo ponto de partida”. Da Matta afirma, pois, categoricamente, sobre a narrativa de Amado: …” É impressionante, diz ele, que nenhum crítico tenha percebido essa chamada “guinada” do autor como um modo de enfrentar os temas não oficiais da sociedade brasileira”. “Em Gabriela, (Lançada em 1958) Jorge mistura a obra literária com a vida diária e com as instituições permanentes dessa sociedade”. Aparecem, então, não os temas estritamente históricos, os acontecimentos políticos, mas a presença “do outro mundo” e, particularmente, a presença da mulher, seja a prostituta ou a senhora. Surge a comida como elemento articulador das relações sociais. Os personagens assumem o papel das amizades, de um mundo marcado pelas relações afetivas. Atualmente, o campo dos Estudos Culturais permite revisar a crítica sobre essa obra, revelando-a como capaz de responder a questionamentos da Etnografia, ou seja, vê-la como reveladora de uma raça num determinado contexto geográfico. Uma pesquisa rápida revela atualmente um bom número de dissertações de mestrado e teses de doutorado que têm como foco a obra de Jorge Amado, levando-a, pois, aos estudos acadêmicos, admirando-a enquanto, basicamente, seu valor estético- literário e vendo-a em amplitudes outras, a partir de sua importância cultural, enxergando nela uma possibilidade de entender este país tão singular e esta não menos singular gente brasileira. Cito, aqui, para os mais interessados, estudos nessa linha, muito atuais:

1-O Brasil Best Seller de Jorge Amado- Literaturas e Identidade Nacional, de Ilana Seltzer Goldstein, da Editora SENAC, S.P(Tese de doutoramento em Antropologia Social).

2- Dissertação de Mestrado: Jorge Amado e a Identidade Nacional-Diálogos Políticos-Culturais, de Carolina F. Calixto.

3- Artigo: Retrato de certa Brasilidade, de Clarice Cohn.

4- Ensaios: Estudos Culturais: Propedêutica, Rivalidades e Perspectivas, de Luciano Rodrigues Lima.

Tal leitura da obra amadeana leva-me a caminhar um pouco mais na perseguição ao tema proposto e , vendo-a através do desejo do autor de entender e explicar sua gente e sua terra, pontuo a importância de grifar alguns elementos substantivos que, a meu entender, caracterizam essa singular gente baiana e mesmo brasileira e que estão expressos nos personagens magnificamente criados.

O primeiro deles, o sentimento de fraternidade. Enfatizo o termo, aqui, para vê-lo na acepção específica da mensagem do escritor: o desejo de unir um povo fruto de raças tão distintas, nascido de circunstâncias histórico-sociais tão discrepantes. Uni-lo pela dança, pela música, pela derrubada dos preconceitos religiosos e sociais. Uni-lo pela alegria e pela esperança. Falando a respeito, a escritora Alice Raillard expressa: “… Uma obra que poderíamos chamar de fraterna- o que, sem dúvida, está em parte ligado a seu brilho extraordinário – dirigido pela ideia de liberdade- noção da qual Jorge tomou consciência desde muito cedo e que orientou a sua obra e seu engajamento.”

Peço-lhes, então, que acrescentem este segundo termo, liberdade, como mais um elemento estruturador do tema aqui perseguido. Seus personagens, o escritor os quer livres e os constrói ou os retoma do contexto real da vida com essa finalidade. Ele entende que somente livres os indivíduos se apresentam genuínos, em suas grandezas e em suas fraquezas, em suas desgraças e suas alegrias. Os grandes personagens da obra amadeana, quer sejam os femininos, Gabriela à frente, Tieta, Dona Flor, Teresa Batista; quer sejam os personagens masculinos : Balduíno, Quincas Berro D’água, Pedro Arcanjo não se enquadram num modelo social estratificado, exatamente porque souberam viver aquilo que realmente eram em sua humanidade.

Veja-se, exemplificando isso, que a famosa Gabriela, talvez mesmo o seu personagem mais admirado e sedutor, não encantou os milhões de leitores apenas por ser bela, rústica e sensual. O que primordialmente a todos seduziu foi a ideia do amor sem condições, sem amarras: o amor pelo próprio amor, sem interesses medíocres ou como estratégia de segurança, de conforto ou ascensão social.Gabriela não ambicionava ser “senhora”, ter joias, vestidos, chapéus ou sapatos caros, sequer roças de cacau ou palacetes na cidade.Por isso, não precisava casar.O amor de Nacib lhe bastava e isso ela já tinha.Gabriela queria ser livre para não usar sapatos apertados, para dançar no Terno de Reis, para soltar pipa com a molecada.Ou seja, livre para ser ela mesma.Pode-se contestar isso, vendo-a como uma visão romântica de Jorge Amado, mas, se perguntarmos o que movem os desejos, a resposta óbvia será: os interesses.Interesses de domínio, de poder, de posse.Contra isso, Jorge criou Gabriela: livre, pura, íntegra.

Falando de Tocaia Grande, uma das mais significativas obras de Jorge em relação à civilização do cacau, o autor enfatiza a sua preocupação com o ideal da liberdade do homem: “… Creio que Tocaia Grande é um livro em que a ação corresponde exatamente à minha preocupação com a liberdade do homem. É um livro contra as ideologias. Contra a ideologia que é, creio – eu o disse em O Menino Grapiúna – um dos males fundamentais do nosso tempo”.

Outro aspecto encontrado na construção ora buscada revela-se na presença inequívoca do otimismo, da alegria e da esperança. Os romances de Amado, apesar das dores e sofrimentos, da violência, da crueza de determinados fatos e temas, são romances de fé na vida, numa explosão de força e de alegria de existir. Seus personagens caminham para frente, a esperança anima a luta e promove a mudança. Esse otimismo, aliás, o próprio escritor o reconhece e dele tem absoluta consciência. Falando de Gabriela, ele afirma: ”… Gabriela é um livro muito otimista sobre a vida – aliás, toda a minha obra é, eu não sou um pessimista, é uma das razões que faz com que eu seja pouco amado pela crítica, justamente porque não tenho este sentimento masoquista da vida a que eles são afeiçoados. É um livro otimista…”

O otimismo, a alegria de viver, a esperança vão contribuir com outro elemento que enxergo fundamental para o alcance do tema aqui tratado e diretamente vinculado ao sentido da obra de Jorge: “o encontro e a caracterização da identidade brasileira”. Tal identidade ele busca revelar, paulatinamente, em sua vasta obra, partindo do reconhecimento de caracteres que unem o povo brasileiro, particularmente o baiano: e ele o apresenta como um povo efusivo, generoso, jovial, de riso largo, sempre voltado para a festa, a dança, os cheiros e os sabores, capaz de transformar dores em risos. O aprofundamento dessa oposição, dores e risos, o levará, a partir de Gabriela, a inserir o humor em sua narrativa. Este aspecto acentua a ascensão ficcional do escritor e a capacidade de dar agora a sua obra um avesso, uma plurissignificação ainda não realizada de modo tão eloquente. O próprio Jorge, falando do humor, explica: …”é a capacidade de rir da besteira humana, da imbecilidade, e de condenar, por meio do riso, as injustiças, as feridas, toda a feiura, toda a ignomínia da vida numa sociedade desumana”.

Alcança-se, então, uma nova leitura da obra do escritor baiano, vendo-a essencialmente comprometida com a caracterização de um povo, de uma gente, de suas histórias, de sua história e, num conceito mais elástico, de uma civilização: a civilização do cacau, violenta e sofrida e a civilização da Salvador da Bahia. A Salvador daqueles menos favorecidos: os malandros, os marinheiros, os meninos de rua, os moradores do cais, os pescadores, as prostitutas, o “povo de santo”, a gente do povo, enfim.

Assim, mais uma vez, valho-me do próprio Jorge para comprovar o aqui revelado: ”… O Brasil é um país muito especial, muito… específico, por sua mistura de raças. Aqui se deu um fenômeno extraordinário: tudo que nos trouxeram os negros… A cultura negra nos deu um caráter diferente, um caráter quase feérico… O sentido da festa, os ritmos do nosso carnaval… O povo do Brasil é um povo extraordinário que luta, não perde a esperança, segue em frente na pior das condições.”

Ao lermos alguns manuscritos de Jorge, o Jorge crítico literário, o Jorge historiador, o Jorge misto de historiador e antropólogo, que muitos estudiosos desconhecem, percebemos claramente essa intenção do autor de Gabriela: caracterizar sua gente, o povo baiano, que ele tanto amou. A acadêmica Ilana Goldstein, em sua tese de doutoramento O Brasil Best Seller de Jorge Amado, diz:

“Ao fazer um balanço dos muitos manuscritos em que Jorge Amado faz o papel de crítico de arte ou crítico literário, percebe-se que, em geral, seu critério de julgamento ao analisar uma obra é o grau de baianidade e brasilidade das obras em questão. Ele valoriza artistas e intelectuais que se reapropriam da cultura popular, (…) por causa da “mistura de sangues.” A partir da Bahia –o “coração do Brasil”, por Jorge Amado- emergem representações da identidade nacional brasileira: seríamos uma nação mestiça na qual as contribuições mais importantes viriam dos africanos e portugueses; um país em que os artistas se aproximam do povo e onde a cultura popular “penetra pelos cinco sentidos”; nosso povo seria resistente e otimista, a alegria vencendo a tristeza”.

A preocupação e intenção de Amado com essa representação da identidade em sua obra é tal que se pode comprová-la, até mesmo, no trato dado à língua e nos temas ligados ao sincretismo religioso, este, aliás, sempre enfático em Jorge Amado. Num discurso de agradecimento, ao receber o título de doutor honoris causa, em Lyon, na França, ele proferiu: “… nós nascemos num grande leito de amor, onde as raças se cruzaram e se misturaram”. E ele não está a falar aí apenas da mistura “das três matrizes básicas da nossa nacionalidade” (o português, o africano e o indígena), mas referia-se, também, ao fato de elas terem se somado, no decorrer do tempo, “a imigrantes japoneses, semitas, eslavos, latinos, e anglo-saxões, num duro processo que prossegue e se amplia (…), uma civilização mestiça, novidade no mundo. ”A presença dos libaneses e sírios, por exemplo, na comunidade da civilização do cacau, é vista com a extrema simpatia do autor, como se vê através do personagem Nacib. Na verdade, Nacib e Gabriela são os protagonistas da obra Gabriela, Cravo e Canela. Jorge Amado sempre reiterou que esse romance era a história de amor do turco Nacib e da mulata Gabriela. Nós, pobres leitores enxergamos ali tantas e tantas coisas…

Gostaria de frisar, ainda, que Jorge Amado, em sua consciência de escritor missionário e também visionário, como dele é dito, tornou-se o antropólogo e historiador de sua gente. Apaixonado pela Bahia, em seus manuscritos ele conta a fundação da cidade de Salvador da Bahia, alternando versão de natureza factual, histórica e versão de natureza mítica. Quero demonstrar, com essa alusão, que a “verdade” da obra de Jorge, de sua ficção, é uma verdade que extrapola o nível do realismo no que comumente o enquadram, para ser o porta-voz da alma, dos costumes, das tradições e das crenças de uma gente especial, que se fez a partir de uma cultura branca, europeia (o português), da religiosidade cristã e de uma cultura negra, da riqueza de seus orixás, preferencialmente, e que depois se alargou, se enriqueceu, em função dos imigrantes aqui chegados. Dessa forma, uma base antropológica serve de assento, intencionalmente, à obra amadeana.

Assim, ouso afirmar que Amado, longe de enxergar o homem através de um estreitismo ideológico, no que estaria ligado aos postulados marxistas, presentes no início de sua obra, o vê em sua condição de ser social, por uma ótica antropológica também, como acabamos de sinalizar, entendendo-o em sua complexidade humana, existencial e racial, fugindo a um determinismo redutor. Vê-se nos personagens criados, assim como na visão do narrador, a expressão de uma certeza maior: a de que os seres humanos não precisam apenas de pão, de casa, de bens materiais que os sustentem e protejam, mas necessitam da alegria, da festa, da bondade, da amizade, da generosidade, do amor, enfim. E, acima de tudo, precisam ser livres para pensar e fazer escolhas. Pensar é transgredir e na transgressão está a força dos personagens amadeanos. E, em razão de tudo isso, a presença da poesia e da magia se instala em Jorge Amado, envolvendo a obra e os seres que a habitam. Essa poesia está impressa na beleza que Jorge confere aos seus personagens, na ternura com que os trata. E, aí, destacam-se os papéis femininos. Mesmo em romances em que os personagens são construídos a partir de um contexto de brutal violência, como é o caso de Tereza Batista, os sentimentos bons e puros continuam latentes e resgatam sua personagem. Tereza opta pela vida e pela esperança através do filho desejado.

Dessa forma, Jorge ergue sua multidão de seres, envolvendo-os num halo de fantasia, algumas vezes, magia e heroísmo, num processo que lembra o realismo fantástico. No entanto, e pode parecer paradoxal, em face da precariedade de suas vidas, na visão do criador, eles são, antes de tudo, humanos: vítimas ou algozes, oprimidos ou opressores, mas, sempre, capazes de sofrer, sentir, chorar, amar, alegrar-se e ter confiança no futuro.

Desaguamos, então, no questionamento óbvio: é Jorge Amado um humanista?O escritor que criou os cruéis e temidos coronéis do cacau- aqueles que construíram uma civilização adubada com sangue- o romancista que cantou prostitutas e vagabundos, que demonstrou o outro lado das histórias de heroísmo das tocaias grandes… É ele um humanista?

Teríamos que indagar, inicialmente: que é ser um humanista?Que é o humanismo, então?Numa acepção bem simplificada, humanismo seria a corrente filosófica que estuda a ética e a natureza humana, entretanto, várias outras acepções são comumente conhecidas: o termo tornou-se corriqueiro no campo dos estudos estéticos e literários, vez que rotulou todo o movimento literário e intelectual do Renascimento (Séculos XV e XVI). Tal movimento teve sua inspiração no mundo greco-romano, numa visão filosófica segundo a qual o homem era o centro de todas as coisas. Daí a denominação “humanismo” para essa concepção do mundo e do homem. Como decorrência, humanista é o seguidor do “humanismo”. Aprofundamentos sobre o tema nos levariam a várias correntes e classificações do humanismo (marxista, cigiloso, renascentista, positivista contiano, logosófico e universalista, para alguns), mas não me parece necessário discuti-los neste instante.

Desvinculando-se o termo dos rigores clássicos, ou mesmo de uma conotação de natureza estritamente estética, ele ganhou foros mais livres e amplos e passou a qualificar pessoas preocupadas fundamentalmente com a felicidade do ser humano, com aqueles elementos que lhe conferem humanidade, particularmente os sentimentos, as fraquezas e grandezas de sua condição. O conceito se estende, ainda, a todos aqueles que acreditam que a jornada do homem sobre a terra deve constituir-se na busca de valores que elevem essa condição humana, tornando a sociedade dos homens uma sociedade mais justa, mais feliz, mais igualitária. São aqueles que creem no bem, nos valores humanos: na generosidade, na alegria e no amor. São os que creem, trabalham e lutam por um mundo melhor.

Para mim, está vividamente clara essa intenção e esse propósito em Jorge Amado. Aliás, é o próprio Jorge que diz: “… hoje tenho a impressão de que o mais importante em minha obra é o humanismo, a relação com o homem, o criador da humanidade.” Por isso, falando de Charles Chaplin, o maravilhoso cineasta inglês, criador do imortal Carlito, o doce palhaço, Jorge afirma:…”mais do que qualquer outro artista do nosso tempo, Chaplin contribuiu para o melhoramento da humanidade.” Falando sobre um chamado humanismo brasileiro, afirmou Jorge, em um dos seus manuscritos: “… é a luta contra o preconceito, o ódio e o racismo. A apartheid é o anti-humanismo, pois que separação extrema entre as etnias; o povo brasileiro representa o verdadeiro humanismo, os sentimentos mais nobres e profundos, por se originar na fusão interétnica, portanto plena de amor e tolerância”.

Literalmente consciente, pois, de sua missão de romancista, de usar sua palavra a serviço de um mundo mais belo, Jorge ainda afirma: “(…) O romance é uma história que se conta. A história de um indivíduo, uma classe, um lugar, um grupo de pessoas, um casal, um louco, um filósofo, um guardador de porcos, não importa, mas é uma história de algo ou de alguém, de fatos, individuais ou coletivos, uma história que se conta a partir do que se sabe sobre o ser humano. É o que penso.” Indiscutível, pois, a preocupação de Amado com a natureza do ser humano, vendo-o como o grande centro de todas as coisas e de sua própria história.

Acredito estar imaculadamente clara, em todos os seus romances, a paixão de Jorge pelo ser humano. Por isso, ele quis cantá-lo em suas dores e sofrimentos, em suas lutas e superações, em suas alegrias e amores, em seus erros e em suas virtudes. Sem julgá-lo ou condená-lo. Apenas, compreendendo-o em sua humanidade. Essa paixão pelo homem, por sua liberdade, pela bondade, pela amizade e lealdade fez dele um apologista da igualdade de crenças, do respeito à individualidade, da compaixão ante o sofrimento, ante os abandonados e esquecidos.

Creio, portanto, e gostaria de enfatizar esta afirmação, que mais importante do que estudar a obra de Jorge Amado pela urdidura ficcional apenas, ou pelo pitoresco e dramático de suas histórias, será obrigatório desvelá-lo, ainda mais, naquilo que ele tem de mais grandioso, a meu ver: a sua mensagem de um novo tempo, de um tempo de respeito a cada pessoa, independente de suas crenças, de seus papéis sociais.

Vivemos num pais, infelizmente, ainda indiscutivelmente violento, no qual, inclusive, a violência parece banalizar-se. Vivemos num estado violento, a Bahia. Vivem todos aqui, em Itabuna, numa das cidades mais violentas do Brasil, em sua faixa populacional. Imprescindível, pois, ler Jorge e acreditar, como ele, num tempo melhor, a partir do que cada um pode fazer. Então, fecho esta conversa, voltando à minha citação inicial, retomando as palavras do crítico citado, Rodrigues Nery- lembram-se?- falando da obra de Jorge e que me parecem tão atuais em sua sabedoria:

“Sua literatura é o painel de um país que quer se encontrar, de um povo com quase tudo por fazer.”

Otimistas e esperançosos à moda de Amado, poderemos, talvez, dizer agora, parodiando o próprio Nery: Um povo que não desiste de se encontrar, mas com muito, muito, muito ainda por fazer!

Obrigada a todos!

Margarida Cordeiro Fahel

Professora Titular de Literatura Brasileira (Aposentada) da Universidade Estadual de Santa Cruz-UESC.

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Academia de Letras de Itabuna publica 3ª edição da revista Guriatã

A Academia de Letras de Itabuna (ALITA), presidida pela professora Silmara Oliveira, acaba de publicar o número 3 da revista Guriatã na qual traz artigos e ensaios, poesia, ficção, textos diversos, discursos e registros, assinados pelos acadêmicos integrantes do corpo de associados e por escritores convidados. Com o selo da Libri Editorial, de Brasília, a revista também divulga uma série de atividades literárias e culturais dos membros da instituição.

Segundo o editor da Guriatã, escritor e poeta Cyro de Mattos, no editorial “Revista como pássaro das letras e da cultura”, como cidadela de resistência, arquitetada na palavra escrita, “Guriatã vem pela terceira vez com o seu canto para repercutir em espaço de construção de conhecimento, permuta de experiências literárias, em especial as que são produzidas no sul da Bahia”.

Também integrante da Academia de Letras da Bahia, ele assim define a publicação: “Guriatã comporta o pensamento e o sentimento como crença de que o veículo dessa natureza impresso ainda funciona no contexto dos tempos atuais, em que prevalece a imagem visual e/ou a linguagem internética movida pela rapidez e globalização do que transmite.”

Autores para apreciar

A revista apresenta dessa vez textos de Reheniglei Rehem, Heloísa Prazeres e Marcus Mota, doutores em Letras; ensaio de Cyro de Mattos sobre romance de estreia de Dostoiewski; poemas de Telmo Padilha, Valdelice Pinheiro, Walker Luna, Ruy Póvoas, Renato Prata e Ceres Marylise; contos de Aramis Ribeiro Costa, Lilia Gramacho e Gerana Damulakis; crônicas de Raquel Rocha, João Otávio e Ruy Espinheira Filho; discursos de Sônia Maron e Silmara Oliveira, além de ampla divulgação das atividades literárias e culturais dos membros da instituição.

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Magia da leitura move trajetórias na Academia de Letras de Itabuna

Em tempos de distanciamento físico, a tela preta do aplicativo zoom serviu como tapete vermelho para a entrada de seis novos membros no rol da Alita (Academia de Letras de Itabuna). Unido pela celebração à literatura, o grupo soma ao conjunto de homens e mulheres a comemorar a primeira década da entidade.

Desde a última segunda-feira (19), foram integrados ao quadro alitano os reitores Alessandro Fernandes de Santana, da UESC (Universidade Estadual de Santa Cruz) e Joana Angélica Guimarães da Luz, da UFSB (Universidade Federal do Sul da Bahia); o médico neurologista Sílvio Porto de Oliveira; professores Charles Nascimento Sá; Reheniglei Rehem e Wilson Caitano de Jesus Filho.

O tema pandemia, causador deste afastamento temporário em favor da saúde, foi mencionado no discurso do juiz Marcos Bandeira, um dos fundadores da Alita. Na recepção aos hoje confrades e confreiras, ele trouxe o conceito de Aldeia Global, de Marshall McLuhan – assim contextualizando a extensão das mudanças impostas ao mundo pelo coronavírus. Apesar dos dissabores enfrentados, considera ser esta uma oportunidade de reflexão para todos serem melhores.

Para mostrar ao mundo

Também fundador da Academia, o escritor Cyro de Mattos lembrou passos da trajetória de uma década, com lançamentos de livros e da Revista Guriatã, que chegou a três edições com conteúdo produzido por integrantes da entidade – artigos, crônicas, contos, poesias, entre outros gêneros.

O professor Ruy Póvoas, outro nome desde o início da instituição, homenageou a ex-presidente, juíza Sônia Carvalho de Almeida Maron, recordando ações marcantes. Entre elas, incursões em escolas da rede municipal e uma reunião no terreiro de candomblé Ilê Axé Ijexá Orixá Olufon.

A presidente da Alita, Silmara Oliveira, é uma entusiasta para as atividades seguirem, inclusive tendo na tecnologia uma aliada; frisa também a relevância de a entidade enaltecer nossos escritores e o valoroso papel da literatura para mostrar ao mundo o sul da Bahia.

“Reunidos, estaremos em condições de trabalhar em prol dessa região, tão agastada por tantas faltas. Enquanto alitanos, cada um em seus postos de trabalho e condição social, é pensar no modo a conduzir nosso grão de areia para esse construto por meio da literatura”, conclamou.

“Faróis para sociedade”

As palavras de cada novo membro da Alita trouxeram revelações do que lhes despertou paixão pela magia da literatura. O professor doutor Alessandro Santana, que tem como patrono o escritor João da Silva Campos, recordou o quanto lhe encantavam as cartas que a mãe lia e escrevia a pedido da parteira “Mãe Preta” em Arataca, cidade onde ele foi criado.

Passeou por nomes que abrilhantam a literatura regional, como Cyro de Mattos e Ruy Póvoas, anotando sobre o papel das academias de letras e das universidades neste tempo de tantas trevas. “Têm obrigação de serem faróis para a sociedade, trazendo conhecimento científico num momento de negacionismo tão forte, mas também trazendo a arte. (…) Neste momento de tanto desespero estamos aqui para trazer coisas positivas, mostrando luz, mostrando que existe expectativa de um futuro melhor e a arte serve pra isso”, sublinhou.

A professora doutora Joana Angélica Guimarães da Luz, trazendo como patrono o escritor Machado de Assis, compartilhou a honraria da posse com os irmãos Jorge, Vera, Isabel, Ana e Nice, para agradecer pela cumplicidade e homenagear a memória dos pais, Juraci e Eunice. “Os grandes responsáveis pela nossa trajetória”.

Nascida em Itajuípe, ela morou em Itabuna, Salvador e abraçou a literatura como paixão, por incentivo dos pais. “Na leitura fugia do barulho de uma casa com quatro cômodos e seis crianças. Quando entrava no mundo dos livros, não ouvia nada, mergulhada no mundo mágico que me era trazido pelas palavras”, recordou a educadora, que retornou a Itabuna após 40 anos, trazendo consigo a Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB).

Logo após o discurso, informou que será disponibilizada uma sala nas novas instalações da reitoria da UFSB, no antigo Fórum Ruy Barbosa, no centro de Itabuna. “Estamos finalizando nossa reforma, para que a Alita faça dali a sua casa”, anunciou.

“Mundo multicolorido”

Ocupando a vaga da saudosa professora Maria Delile de Oliveira, o médico Sílvio Porto tem como patrono o escritor Firmino Rocha, “orgulho desse chão grapiúna”. Citando a experiência profissional e acadêmica no Brasil e exterior, destacou a “possibilidade de contribuir, compartilhar muitas histórias e culturas de um tempo, do povo da nossa terra”.

O professor Wilson Caitano, cujo patrono é o escritor, publicitário, graduado em Direito e capoeirista Augusto Mário Ferreira, notabilizou-se pelas mensagens disseminadas ao escrever obras voltadas para a literatura infantil. Ele contou sobre as influências da infância, tanto pelos livros de Monteiro Lobato como pela poesia de Castro Alves.

Como legítimo herdeiro da oralidade, o docente empossado também reconhece frutos das histórias a ele contadas nas noites de lua cheia no município de Cipó, no nordeste da Bahia. “O escritor traz em sua bagagem uma memória afetiva, que conecta o presente e o passado”, definiu.

Já o professor doutor Charles Nascimento, tendo como patrono o poeta Nathan Coutinho, relatou o quão paralelos são para ele o apreço à história e à literatura. Ainda na adolescência, num distrito de Camacan, descobriu a companhia “do mundo multicolorido das páginas de um livro”.

Um dos nomes históricos no curso de Letras da Uesc, a professora doutora Reheniglei Rehen traz como patrono na Alita o escritor Jorge Medauar. Fez referências filosóficas à obra dele e, a exemplo dos anteriores, encontrou elementos de pertencimento a motivar a escrita desse autor.

A solenidade foi prestigiada pelo secretário estadual de Educação, professor doutor Jerônimo Rodrigues; secretária estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação e ex-reitora da Uesc, igualmente doutora Adélia Pinheiro, além dos ex-reitores Aurélio Ruiz de Macedo, Antônio Joaquim Bastos e Renée Albagli Nogueira; o presidente da Academia de Letras da Bahia, Ordep Serra, junto a outras autoridades.

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III Roda de Leitura aconteceu no Instituto Municipal Teosópolis- 2018

Aconteceu nesta sexta-feira dia 06 de julho de 2018 a terceira Roda de Leitura da Academia de Letras de Itabuna – ALITA. A escola escolhida para a realização do projeto nesta terceira edição foi o Instituto Municipal Teosópolis.

As acadêmicas Lurdes Bertol e Raquel Rocha abriram a Roda falando sobre a importância da literatura e contaram sobre uma época em que não existiam computadores, tablets, celulares e videogames sendo acompanhadas atentamente pelos olhares curiosos das crianças. Em seguida foram lidas histórias clássicas da literatura infantil, “A Pomba e a Formiga”, “O Galo e a Raposa” de La Fontaine ( 1621-1695) e “Os três porquinhos”  um dos mais populares contos de fadas celtas, cujas primeiras publicações datam século XVIII.

As crianças ouviram atentas às histórias e ao final puderam verbalizar o que entenderam e o que aprenderam com as fábulas. Para a escritora Lurdes Bertol “As crianças foram muito receptivas, ouviram as histórias com atenção e interagiram na hora da conversa sobre o que ouviram.” E acrescentou: “As rodas de leitura permitem que as crianças, que não têm o hábito do trato com os livros, fiquem curiosas e despertem para o mundo da imaginação para o qual as letras nos transportam.”

Para Raquel Rocha, coordenadora do projeto, a leitura tem importância nas áreas pedagógicas, social e humana. “A criança que lê adquire conhecimentos diversos, amplia seu vocabulário, melhora a ortografia, a capacidade de compreensão e as habilidades de comunicação, o que contribui para um melhor desempenho em todas as disciplinas. As crianças que lê também consegue expressar suas ideias, suas opiniões e torna-se um cidadão mais consciente e mais crítico. Por último a leitura amplia a compreensão do mundo, contribui para a criatividade, a imaginação, desenvolve o afeto, a capacidade de entender e lidar com suas próprias emoções. Tudo isso é possível através desse hábito prazeroso que tem a magia de nos transportar para outros mundos.”

O projeto Roda de Leitura é realizado pela Academia de Letras de Itabuna e acontece em escolas públicas e particulares da cidade de Itabuna, tendo como objetivo reinserir o hábito da leitura na vida das crianças como uma atividade lúdica e instigante.

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