Editus lança mais um livro do escritor Cyro de Mattos

 

 A Editus, Editora da UESC, acaba de lançar mais um livro de Cyro de Mattos. Intitulado “Gabriel García Márquez e outras crônicas”, a publicação reúne 43 crônicas distribuídas em três segmentos: crônicas literárias, crônicas de futebol e crônicas de natureza diversa. Na primeira parte do livro, o autor mostra o quanto é amarga a memória da indesejada, que chega para nos privar da companhia do companheiro de letras nessa viagem em que não há retorno. Ficam apenas as lembranças do personagem que inventou mundos com a palavra, o aceno daqueles que na passagem por este planeta dedicaram-se à arte literária com alma, força e vida. Assumiram a solidão de ler a vida através da linguagem tomada emprestada à fantasia.

Em comovidas pinceladas, o cronista ressalta as veredas percorridas pelo escritor ou poeta, que fez da vida crença e sonho, meta e persistência, solidão e ternura. João Ubaldo Ribeiro, Gabriel García Márquez, Monteiro Lobato, Sonia Coutinho, Francisco Carvalho, Telmo Padilha, Salim Miguel, Nelly Novaes Coelho, Jorge Amado e Caio Porfírio Carneiro dentre outros são os personagens que motivam as crônicas enfeixadas na primeira parte do livro, ora com a poesia da vida, ora com a tristeza que a morte marca no seu julgado irreversível.

Já na segunda parte, Crônicas Esportivas, o futebol é o assunto que centraliza o texto, ora focado no futebol amador, jogado com arte e encanto no campo esburacado da terra natal do cronista, ora é a tragédia que alcançou o time da chapecoense, matando em desastre aéreo quase o time todo. O evento sinistro fez nascer do pesar imenso a união na dor entre o povo brasileiro e o colombiano.

A terceira parte apresenta-se com o assunto de natureza diversa, ora pende da aventura humana na fase da infância, que era pura curtição no azul dos dias, quando ainda não existiam os divertimentos de hoje com os jogos eletrônicos, ora circula pela cidade grande, com sua agitação no cotidiano, disputa pelo espaço, medo de ser atingido por uma bala perdida quando se rezava na missa. O cronista também logra extrair da vida o caso da mulher pobre que teve quatro filhos duma só vez, gerando apreensões para criá-los no marido, um simples dono de uma venda.  São crônicas em que se pretende revelar que a vida passa e não se basta em si mesma,  é acrescida de significados pela linguagem literária quando articulada com sentimento e razão, o que dá valor a ela.

        Cyro de Mattos é autor de mais de cinquenta livros, de diversos gêneros.  Publicado também em Portugal, Itália, Espanha, França, Alemanha, Dinamarca, Rússia, México e Estados Unidos. Agraciado com o Prêmio Afonso Arinos, da Academia Brasileira de Letras, em 1970, livro Os Brabos, novelas, o Jabuti em 1988, Os Recuados, contos, e o Prêmio de Ficção Pen Clube do Brasil, com Os Ventos Gemedores, romance, em 2017. Membro das Academias de Letras da Bahia, de Itabuna e de Ilhéus. Primeiro Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual de Santa Cruz (Sul da Bahia). Na Rubem, revista digital de crônicas, publicada em Curitiba, escreve quinzenalmente, às quintas-feiras. A revista foi criada há cinco anos como homenagem a Rubem Braga, o grande cronista brasileiro.

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Festa Literária Internacional do Pelourinho é lançada

Saiba o que vai acontecer na FLIPELÔ, de 17 a 21 de novembro

 

152 eventos serão realizados na FLIPELÔ 2021, que terá a presença de 60 escritores que lançarão suas obras ou falarão sobre literatura no Brasil, em África e na América Latina; 85 artistas ao todo participarão da Festa Literária, que acontecerá em 123 espaços do Centro Histórico, onde serão realizadas mesas de debates, bate-papos com públicos de todas as idades, encontros com autores, lançamentos de livros, saraus de poesia e cordel, programação infantil, exposições, apresentações teatrais, shows  musicais, ações formativas, vivência artesanal e oficinas gastron&oci rc;micas. Em 2021 a Festa Literária Internacional do Pelourinho acontecerá de forma híbrida, com programação presencial e virtual (www.youtube.com/flipelo), do dia 17 a 21 de novembro, e tem o escritor alagoano Graciliano Ramos como homenageado.

Escritores locais, nacionais e internacionais, poetas, artistas visuais, atores, compositores, cantores, músicos estarão em contato direto com o seu público, que em meio ao emblemático cenário do Centro Histórico poderá circular com segurança e mergulhar no fantástico mundo das letras.

Dezenas de escritores – baianos, de outros Estados brasileiros, da América Latina e África – participarão da FLIPELÔ em atividades presenciais e remotas. Teremos mesas de debate; rodas de conversa; apresentação de publicações; o espaço “Com a Palavra o Escritor”; o espaço “Terreiro de Poesia: AVOZEDITA”; bate papos; saraus; pingue-pongues literários; recitais com lançamento de livro; Projeto Contando Histórias do Metrô e o PodNews. Essas atividades literárias serão realizadas no Teatro Sesc-Senac Pelourinho, Café Teatro Zélia Gattai da Fundação Casa de Jorge Amado, Museu Eug&e circ;nio Leal Teixeira, Casa do Benin, Casarão 17 e Igreja Rosário dos Pretos.

Todos os espaços da FLIPELÔ contarão com audiodescritores. Um recurso de acessibilidade comunicacional para as pessoas cegas, que permite que elas tenham conhecimento de todo o ambiente através da descrição das imagens. As atividades que serão realizadas na Fundação Casa de Jorge Amado e no Sesc terão intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (Libras) para as pessoas surdas, com o objetivo de comunicar o que está sendo dito. Já o espaço de contação de estórias terá recursos acessíveis e contará com a presença de profissionais que trabalham com crianças e jovens com deficiência.

Rota Amado Sabores e oficinas gastronômicas

A rica, colorida e saborosa gastronomia baiana tem lugar garantido na FLIPELÔ. 28 bares e restaurantes do Centro Histórico integram a Rota Gastronômica Amados Sabores, que contará com pratos exclusivos inspirados pelo tema “Amado Sertão – Comida Sertaneja da Bahia”, com inspiração no livro “A Cozinha Sertaneja da Bahia”, de Guilherme Radel (1930-2019). Os pratos terão preços entre R$ 23,90 e R$ 69,90.Além disso, teremos oficinas gastronômicas ministradas pelo Senac Pelourinho e pala Casa do Benin.

Rota das Artes e Exposições

Dez ateliês de artistas visuais que fazem do Centro Histórico da capital baiana um espaço pulsante de criação artística irão compor a Rota das Artes. Será possível encontrar obras de artes das mais variadas, como telas em diversas técnicas, mosaicos e esculturas, dos mais diversos movimentos artísticos: Arte Primitiva, Contemporânea, Cubismo Afro-brasileiro, Arte Bruta, Fine Art, Fotografia, Pintura Corporal e Arte Digital.  Os ateliês estarão abertos ao público todos os dias da FLIPELÔ, a partir das 10h, com exposição de obras de arte.

A FLIPELÔ contará também com as seguintes exposições artísticas:

– “O Guardião”, na Casa 47 – Fundação Casa de Jorge Amado, das 10h às 18h;

– “Amados Olhares”, na Estação do Metrô – Campo da Pólvora;

– “Fluxo e Refluxo: Do tráfico de escravos entre o golfo do Benim e a Bahia de Todos os Santos, do século XVII a XIX”, na Galeria 1 do Centro Cultural Solar Ferrão, das 10h às 18hs;

– “Olhares Plurais”, na Galeria 2 do Centro Cultural Solar Ferrão, das 10h às 18hs;

– “Ocupação Ani é 10” (Galeria Lina Bo Bardi) e Acervo da Casa (Galeria Pierre Verger), na Casa do Benin, das 10h às 16h;

– “História do Dinheiro, Medalhas e Condecorações do Brasil e do Mundo”, no Museu Eugênio Teixeira Leal, das 9h às 18h.

Música, teatro e poesia

Música, teatro e poesia, três artes bem a cara da Bahia, não podem ficar de fora da FLIPELÔ. Jau (dia 17), Banda Sertanília (dia 18), Paulinho Boca de Cantor (dia 19), Margareth Menezes (dia 20), Banda Agentes do Metrô e Orquestra Sinfônica da Bahia (dia 21) serão as atrações musicais que irão se apresentar com a presença do público, seguindo os protocolos de segurança, na Praça Pastores da Noite, na Rua das Laranjeiras. Os shows também serão transmitidos no canal do evento no YouTube.

Também teremos a apresentação do espetáculo musical “Pedaço do Mundo Inteiro”, com o grupo pernambucano Em Canto e Poesia, pela YouTube, dia 19, às 17h30  e a apresentação presencial do Coral Ecumênico da Igreja Rosário dos Pretos, com a regência do maestro Ângelo Rafael, no dia 20, às 15h.

Os espetáculos cênicos contarão com apresentação de atores baianos e de outros Estados. O destaque fica para o espetáculo “Graciliano um Brasileiro Alagoano – Memórias de Heloisa”, com um elenco de atores alagoanos, sobre a vida do escritor homenageado pela FLIPELÔ, dia 18, às 19h, no Café Teatro Zélia Gattai da Fundação Casa de Jorge Amado.

A poesia terá um lugar de destaque no Café Teatro Zélia Gattai da Fundação Casa de Jorge Amado, o Terreiro de Poesia – AVOZEDITA e será tema de discussão na mesa de debate “A poesia feminina das Américas”, que contará com a presença de Marialuz Albuja (Equador), Natalia Toledo (México) e Rubis Camacho (Porto Rico), com a mediação de Edson Oliveira (BA), dia 19, às 17h, pelo YouTube.

Programação Infantil

As crianças terão uma programação especial, com início na quinta-feira, dia 19, e que vai até domingo, dia 21, sempre a partir das 9h, na Praça Pastores da Noite, na Rua das Laranjeiras. Algumas atividades infantis também serão realizadas na Igreja Rosário dos Pretos e Teatro Sesc-Senac Pelourinho. Contação de histórias, roda de capoeira, exibição de vídeos, apresentação de grupos culturais, lançamentos de livros e apresentação de peças teatrais infantis constam na programação dos pequenos.

Flipelô+

A Flipelô+ traz uma programação paralela de atividades, contribuindo para a divulgação de trabalhos e ações de instituições (museus, livrarias, igrejas, centros de estudos, ateliês, galerias, cooperativas, associações e institutos) que atuam no Centro Histórico e que são parceiros da FLIPELÔ. Nesta edição, 19 instituições parceiras participam da Flipelô+. Veja a lista: Associação Protetora dos Desvalidos (SPD), Botica Rhol, Casa da Mulher Negra da Bahia, Casa de Castro Alves, Casa do Olodum, Centro de Idiomas Mário Gusmão, Cooperativa Baiana de Teatro, Igreja da 3ª, Igreja do Passo , Instituto a Mulherada, Instituto Kimundo, Instituto Steve Biko, Katuka Africanidades, Mariposa, M.E. Ateliê de Fotografia, Mercado de São Miguel – Centro de Artesanatos, Museu Eugênio Teixeira, Museu Nacional de Enfermagem do Cofen (MuNEAM), Poison Drinkeria Club e Triângulo Atelier e Galeria.

Concurso de fotografia

“O Sertão de Graciliano” é o tema do Concurso Fotográfico Amados Olhares que a FLIPELÔ vem realizando no Instagram, com a hastag #AmadosOlharesGraciliano. 10 fotos serão selecionadas e entrarão em exposição, a partir do dia 18 de novembro, na estação de metrô do Campo da Pólvora, em Salvador. As três mais criativas serão postadas no perfil da FLIPELÔ e passam a concorrer aos prêmios de R$ 500 (3° lugar), R$ 1.000 (2° lugar) e R$ 1.500 (1° lugar). Ganha a foto que tiver mais curtidas.

Lojas e Estacionamentos com preços promocionais

Quem for curtir a programação da FLIPELÔ presencialmente poderá comprar em 41 lojas com descontos especiais.

Quem for de carro terá o conforto e a segurança de guardar seu automóvel em um dos estacionamentos regulamentados pelo evento, pagando  uma tarifa única de R$ 15 a diária, como parte do projeto “Pare no Pelô”, uma parceria da FLIPELÔ com os estacionamentos privados localizados no Pelourinho:

Delta Parking – Rua da Ordem Terceira, nº 27, próximo à Igreja e Convento de São Francisco; horário de funcionamento: das 7h às 19h; Será ofertado serviço de Valet, no Terreiro de Jesus, no valor de R$ 20;

Delta Parking – Rua Doutor J. J. Seabra (Baixa dos Sapateiros), nº 182/190, com saída para o Largo do Pelourinho; horário de funcionamento: 24h; Será ofertado serviço de Valet, no Terreiro de Jesus, no valor de R$ 20;

SMS – Rua Doutor J. J. Seabra (Baixa dos Sapateiros), nº 155; horário de funcionamento: 24h;

Vá de Metrô

Uma ação, organizada pela FLIPELÔ em parceria com a CCR, vai incentivar que os usuários do transporte público cheguem à festa literária via metrô. Localizada na Estação de Metrô do Campo da Pólvora, a ação “Vá de Metrô para a FLIPELÔ” disponibilizará vans, que farão o traslado gratuito da Estação ao Taboão, no Pelourinho, do dia 18 (quinta-feira) ao dia 21 de novembro (domingo), com os seguintes horários de funcionamento: de quinta-feira a sábado, das 9h às 22h; e no domingo, das 9h às 21h.

FLIPELÔ 2021

A programação completa da FLIPELÔ 2021 está disponível no site – www.flipelo.org.br e nas redes sociais do evento: Instagram (@flipelo) e Facebook (@flipelo).

A Festa Literária Internacional do Pelourinho – FLIPELÔ 2021 é apresentada pelo Ministério do Turismo, pela Secretaria Especial da Cultura e pelo Instituto CCR, realizado na região da CCR Metrô Bahia, com patrocínio master da Rede MaterDei e Prefeitura de Salvador; patrocínio do taú Social, Bahiagás e Governo da Bahia; apoio do Sebrae,  apoio de  mídia da Rede Bahia, Salvador FM, Irdeb-Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia, ITS Brasil, Eletromídia e Ponto Outdoor e apoio institucional da Academia de Letras da Bahia. O evento é uma realização da Fundação Casa de Jorge Amado, em correalização com o Sesc e uma produção da Sole Produções.

A Fundação Casa de Jorge Amado é mantida com apoio do Fundo de Cultura do Estado da Bahia e Shopping da Bahia e é considerada um ponto de referência na geografia cultural de Salvador.

Assessoria de Imprensa – Doris Pinheiro – 71 98896-5016 – com Roberto Aguiar, Rosana Andrade e Iven Vit

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ABL elege o músico Gilberto Gil para a Cadeira 20, na sucessão do Acadêmico e jornalista Murilo Melo Filho

 

”Gilberto Gil traduz o diálogo entre a cultura erudita e a cultura popular. Poeta de um Brasil profundo e cosmopolita. Atento a todos os apelos e demandas de nosso povo. Nós o recebemos com afeto e alegria”, declarou o Presidente da ABL, Acadêmico Marco Lucchesi

A Academia Brasileira de Letras elegeu, no dia 11 de novembro, o novo ocupante da Cadeira 20, na sucessão do Acadêmico e jornalista Murilo Melo Filho, falecido no dia 27 de maio de 2020. O vencedor foi o músico Gilberto Gil, que recebeu 22 votos. Participaram da eleição 34 Acadêmicos de forma presencial ou virtual (um não voutou por motivo de saúde). Os ocupantes anteriores da cadeira 20 foram: Salvador de Mendonça (fundador) – que escolheu como patrono Joaquim Manuel de Macedo –, Emílio de Meneses, Humberto de Campos, Múcio Leão e Aurélio de Lyra Tavares.

O Acadêmico Eleito

Gilberto Gil iniciou sua carreira no acordeon, ainda nos anos 50, inspirado por Luiz Gonzaga, pelo som do rádio e pela sonoridade do Nordeste. Com a ascensão da bossa nova, Gil deixa de lado o acordeon e empunha o violão, e em seguida a guitarra elétrica, que abriga as harmonias particulares da sua obra até hoje. Suas canções desde cedo retratavam seu país, e sua musicalidade tomou formas rítmicas e melódicas muito pessoais. Seu primeiro LP, Louvação, lançado em 1967, concentrava sua forma particular de musicar elementos regionais, como nas conhecidas canções Louvação, Procissão, Roda e Viramundo.

Em 1963 inicia com Caetano Veloso uma parceria e um movimento, a tropicália, que contempla e internacionaliza a música, o cinema, as artes plásticas, o teatro e toda a arte brasileira. O movimento gera descontentamento da ditadura vigente, que o considera nocivo à sociedade com seus gestos e criações libertárias, e acaba por exilar os parceiros. O exílio em Londres contribui para a influência do mundo pop na obra de Gil, que grava inclusive um disco em Londres, com canções em português e inglês. Ao retornar ao Brasil, Gil dá continuidade a uma rica produção fonográfica, que dura até os dias de hoje. São ao todo quase 60 discos e em torno de 4 milhões de cópias vendidas, tendo sido premiado com 9 Grammys

Em 2002, após sua nomeação como Ministro da Cultura, o Acadêmico passa a circular também pelo universo sócio político, ambiental e cultural internacional. No âmbito do Minc, em particular, desenha e implementa novas políticas que vão desde a criação dos Pontos de Cultura até a presença do Brasil em Fóruns, Seminários e Conferências mundo afora, trabalhando temas que vão desde novas tecnologias, direito autoral, cultura e desenvolvimento, diversidade cultural e o lugar dos países do sul do planeta no mundo globalizado. Suas múltiplas atividades vêm sendo reconhecidas por várias nações, que já o nomearam, entre outros, de Artista da Paz pela UNESCO em 1999, Embaixador da FAO, além de condecorações e prêmios diversos, como Légion d’ Honneur da França, Sweden’s Polar Music Prize, entre outros.

Fonte: Assessoria de Imprensa- ABL

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OS OPOSTOS REALMENTE SE ATRAEM? Raquel Rocha

Por Raquel Rocha*

Sabe aquele ditado que diz que os opostos se atraem? Esse é um conceito antigo, muito difundido culturalmente através da literatura, do cinema e da televisão. Mas seria verdade que os opostos se atraem?

Se observarmos bem, desde quando a humanidade existe, as pessoas procuram se agrupar com seus semelhantes. A explicação para isso seria que pessoas parecidas conosco inspiram mais confiança. O fato é que as pessoas costumam se apaixonar por outras com nível intelectual, moral, social, religiosos e políticos semelhantes.

A busca pelo conforto do semelhante é tão genuína que engloba até as características físicas. Uma pesquisa da New Scientist (2002) apresentou rapidamente uma série de imagens de rostos desconhecidos para os participantes. Dentre essas imagens estava uma foto do próprio participante manipulada com características do sexo oposto. E pasmem: esta imagem era considerada a mais atraente para os participantes. Esta pesquisa corrobora com o pressuposto psicanalítico formulado há mais de 100 anos, quando Freud desenvolveu a teoria do Complexo de Édipo revelando que nos apaixonamos pelas pessoas que têm características que nossos pais tinham em nossa infância, portanto características que nos são próprias.

Muito mais que a aparência, buscamos valores parecidos com os nossos. Uma outra pesquisa das Universidades do Kansas e do Wellesley analisou diversos casais e os pontos de vista de cada um dos parceiros, comprovando que eles possuíam gostos e traços de personalidade parecidos. O resultado demonstrou que as relações mais duradouras e com maior grau de intimidade eram justamente aquelas em que os participantes eram parecidos. “A similaridade é muito útil nesse contexto, e pessoas são atraídas por isso na maior parte do tempo”, afirma Chris Crandall, co-autor da pesquisa.

Se o ditado “os opostos se atraem” têm se revelado um mito nos estudos, um outro ditado faz total sentido nesta análise, o de que “toda regra tem exceção”. É claro que temos milhares de casais de pessoas que são diferentes, que pensam diferentes e estão juntos. É preciso e possível lidar com as diferenças.

No entanto, o mais comum é nos apaixonarmos por pessoas semelhantes a nós. Buscamos alguém parecido porque precisamos de alguém para compartilhar nossos medos, nossas indignações, nossas angústias, nosso hobbies, nossos planos, nossos sonhos, nossas paixões,  buscamos alguém para compartilhar aquilo que admiramos, para compartilhar nosso eu, alguém para rir junto e também chorar junto. Desejamos alguém que sabe aquela palavra que nos escapa, para completar nossas frases, para conversar através do olhar e sentir que somos compreendidos. Buscamos cumplicidade. Cumplicidade nas atividades, nas conversas, no ato de fazer amor.

O conceito de alma gêmea pressupõe “pessoas que combinam muito”, “pessoas que possuem afinidades”. Esta afinidade pode estar relacionada com “a similaridade, o amor, romance,  intimidade, sexualidade, espiritualidade, compatibilidade e confiança.” Você pode não acredita em almas gêmeas mas, ao que parece, a ciência tem demonstrado que seu conceito se aproxima da realidade. Pessoas semelhantes se reconhecem e ficam juntos. No fundo talvez buscamos alguém como a gente para sentirmos que somos compreendidos.

No filme Before Sunrise, de  Richard Linklater, Celine diz a Jesse: Se há algum tipo de magia no mundo, ela deve estar na tentativa de entender e compartilhar algo com alguém. Sei que é praticamente impossível conseguir. Mas e daí? A resposta deve estar na tentativa.”

Raquel Rocha é Psicóloga, Psicanalista, Especialista em Saúde Mental, Especialista em Terapia Familiar, Especialista em Neuropsicologia. Também é graduada nas áreas de Comunicação Rádio e Tv e Ciências Econômicas. Membro da Academia de Letras de Itabuna- ALITA.

 

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SONETOS DA MÃE AUSENTE- Cyro de Mattos

 

A casa era pequena, mas em tudo
os dias tinham tuas mãos zelosas.
Colocavas nos vasos aquelas  rosas,
como sonho na manhã perfumando,

esbanjavam pelos ares ternura.
Davam vida à máquina de costura
tuas pernas ativas. Os bordados,
beleza tecida, sempre lembrados.

Como o mundo de Deus era grandão.
Dizias que primeiro a obrigação,
depois, filho, é que vem a diversão.

Só de lembrar me dão água na boca
teus doces. Cativando com açúcar
das mãos divinas as amargas nunca.

II
A casa toda alegre, a manhã sente
tua voz comovendo desde cedo,
os afazeres no ar iluminado
por teu jeito de torná-la cantante.

No quintal do vizinho passarinhos
faziam o coro com outros cantos.
Não sei qual dos cantos era o mais lindo,
o teu com o filho contente, sorrindo

ou o deles na festa, entre tantos,
a manhã pura bicavam, afoitos.
Como se fossem hoje os teus gestos

ainda estão nítidos dentro de mim
ligados num sonho que não tinha fim.
Tua voz, mãe, não ouço, teve um fim.

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A DOR DA SAUDADE- Marcos Bandeira

O tempo passa inclemente,

O dia de sua partida, não se distancia,

A dor que me invade, me angustia

E você permanece inerte, indiferente.

Diga-me, por favor, aonde está agora?

Seu sorriso, seus problemas e seus sonhos?

Esperançoso, penso ainda em sua volta

Mas sei que não virá… E logo choro.

Sem você, a vida perdeu muito de sua graça

A dor de sua ausência fere e me estilhaça,

E o tempo, indiferente, simplesmente passa…

Algo na rua ou no infinito me lembra você,

As lágrimas denunciam a saudade incontida,

E resgatam lembranças que eu gosto de ter.

Marcos Bandeira

19.02.2000

(Pouco mais de dois meses depois da morte de seu querido irmão, Marcello Bandeira).

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LANÇAMENTO DE LIVROS DA EDUEM INCLUI CYRO DE MATTOS COM O SEU KAFKA, FAULKNER E BORGES NO DIA 17 DE NOVEMBRO

Temos a honra de convidá-lo/a para participar da cerimônia oficial de Lançamento de Livros da Eduem 2020-2021, Editora da Universidade Estadual de Maringá, Paraná,  no dia 17 de novembro, às 19h30. O evento será realizado no formato virtual, com acesso pelo link www.eduem.uem.br/lives_lan e contará com a participação do Reitor da Universidade Estadual de Maringá (Prof. Dr. Julio Cesar Damasceno), da Diretora da Eduem (Profa. Dra. Larissa Michelle Lara), do Editor-chefe da Eduem (Prof. Dr. Carlos Alberto Scapim) e dos autores Cyro de Mattos (membro da Academia de Letras da Bahia e autor de Kafka, Faulkner, Borges e outras solidões imaginadas) e Júlia Rebordinho Donida (integrante da UNATI/UEM e autora de A flor de Abril: reflexões de Júlia).

Informamos que devido à quantidade de livros a serem lançados (31 ao todo) não será possível a participação com fala de todos/as os/as autores/as, os/as quais serão representados/as por Cyro de Mattos e Júlia Rebordinho Donida. As obras a serem lançadas serão apresentadas por meio de vídeo organizado pela ASC/UEM.

Contamos com seu apoio e participação!

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DE DRUMMOND PARA CYRO DE MATTOS

UM CONTISTA BRASILEIRO

Com Os Brabos (1979) , Cyro de Mattos venceu por unanimidade o Prêmio Nacional de Contos e Novela da Academia Brasileira de Letras. Comissão julgadora: Alceu Amoroso Lima (relator), José Cândido de Carvalho, Adonias Filho, Afonso Arinos, Herberto Sales e Bernardo Elis. Autor de 54 livros, de diversos gêneros, com Os Recuados, contos, foi premiado com o Jabuti em 1988 (Menção Honrosa). Ficou entre os quatro finalistas do Concurso Internacional da Revista Plural, no México, com o conto “Coronel,  Cacaueiro e Travessia”, concorrendo com mais de 600 autores da América, Europa, África e Ásia. Premiado ainda pela Academia Pernambucana de Letras (duas vezes), União Brasileira de Escritores (duas vezes) e no Concurso Nacional Jorge Amado do IV Centenário de Ilhéus.

No gênero conto   tem nove livros publicados. Seus contos participam de antologias internacionais, como “Ladainha nas Pedras”, inclusa em Espelho da América Latina, publicada na Dinamarca, organizada por Peter  Poulsen e Uffe Harder, na qual figuram Jorge Luís Borges, Julio Cortázar, Juan Rulfo,  Alejo Carpentier, José Revueltas, Augusto Roa Bastos, Juan Carlos Oneti, Clarice Lispector, Mário de Andrade e Aníbal Machado, dentre outros. Seu conto  “O Velho e o Velho Rio” figura na antologia Ao Sul do Rio Grande, publicada na Rússia, ao lado de Rosário Castellanos, Julio Cortázar e Mário  Benedetti, e na Modernos Contistas do Brasil, de Carl Heupel, Alemanha, na qual estão os contistas Rubem Fonseca, Dalton Trevisan, Luís Vilela, Ricardo Ramos, José J. Veiga, Aníbal Machado, Mário de Andrade, Sônia Coutinho, Adonias Filho e  Hélio Pólvora, dentre outros. Além disso, Cyro organizou as antologias Contos Brasileiros de Futebol, O Conto em 25 Baianos e Histórias dos Mares da Bahia.

                        

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