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UM ADEUS DE CORAÇÃO- Ruy Póvoas

Hoje, 21 de dezembro de 2021.

Natal se aproxima e a variante Ômicron se torna uma grande ameaça.

Um misto de alegria e temor nos envolve de um amanhecer a outro.

Como se isso não bastasse, ameaça maior rodeia e campeia as imensidades: é Iku, conforme o povo nagô denomina a morte. Impiedosamente, vai decepando o fio da vida de nossos queridos parentes, amigos, colegas, benfeitores. E hoje, Iku passou pelos nossos campos e cortou o fio da vida de Sônia Maron.

Em nós, que tanto bem lhe queríamos, um choro embargado faz doer a garganta. Mulher, mãe, avó, amiga, professora, juíza, fundadora da Academia de Letras de Itabuna, para além de inúmeras ligações outras que ele manteve com diversas instituições.

As frases, períodos e parágrafos que agora se negam a nos socorrer numa homenagem sincera, fluíam facilmente do intelecto de Sônia quando ela se dava ao trabalho de escrever. Suas crônicas e artigos permanecerão conosco, num testemunho de seu brilhantismo. Sônia Maron, professora exemplar. Sônia Maron, que com justeza aplicava a Lei nos seus julgamentos. Sônia Maron, senhora de um olhar mais espraiado e participou ativamente na FESPI e da fundação da UESC. Sônia Maron, nossa confreira fundadora da ALITA.

Gestada e nascida de dois Arquétipos Criadores: as Águas de Oxum Apará e o Fogo de Oyá, assim ela se definia para os íntimos que comungávamos de suas crenças. E o tempo-espaço deste aqui e deste agora tornou-se pequeno para sua alma grandiosa, generosa, atuante. Quando soou a trombeta do término de sua luta, verdadeiramente sua missão já tinha se cumprindo. Agora cabe à inteligência grapiúna velar por sua memória. Aos seus ex-alunos e ex-alunas, o exercício de seus exemplos. À classe jurídica, lições de como proceder quando a injustiça for praticada.

Para seus confrades da ALITA, a obrigação de seguir suas pegadas. Aos que morejam na UESC, a herança de quem soube batalhar pelo brilho da luz do saber.

E em todos uma imorredoura saudade de tão nobre pessoa. A ela devemos o privilégio da convivência com tão refinada criatura. Senhora de si e de seu destino. Portadora de gestos de nobreza e esmerado trato para com os demais.

Sônia Maron partiu, mas deixou conosco o que ele soube construir de melhor no processo de toda a sua existência. E isso se constitui dívida impagável por parte de quem ela contribuiu, de uma forma ou de outra, para um viver mais leve.

Saudades eternas de seus parentes, aderentes, amigos, confrades e colegas. E aqui, fico eu, seu babalorixá, para continuar o que, juntos, tantas vezes discutimos na nossa caminhada religiosa e intelectual. Axé!

Ajalá Deré – Ruy Póvoas

 

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HOMENAGEM PÓSTUMA A SÔNIA MARON- Marcos Bandeira

Coube a mim, por determinação da presidente da Academia de Letras de Itabuna, Silmara Oliveira, prestar a última homenagem a nossa confreira querida, Sônia Maron, que nos deixa num momento ainda difícil e conturbado por que passa a humanidade.

Ainda não era meio-dia, quando recebi a triste notícia no silencio do meu lar. Algumas vozes distantes, o canto de um pássaro… E as asas da minha memória me levaram a um cenário, a um horizonte, onde encontrei uma grande mulher….

Sônia Maron, mulher de personalidade forte, perfeccionista, bonita, elegante, sensível e inteligente….

O dramaturgo Bertold Brechi deixou a seguinte lição:

“ há pessoas que lutam um dia e são boas ; há outras que lutam um ano e são melhores; há aquelas que lutam muitos anos e são muito bons ; mas há os que lutam toda a vida e estas são imprescindíveis”.

Sônia Maron era esta mulher pujante, guerreira, generosa, de personalidade forte, que defendia suas convicções com uma dignidade admirável. A tua bandeira era a educação como um meio de transformar o ser humano, a generosidade e a justiça como a razão de ser de sua luta.

A conheci de longe como magistrada, mas a sua boa fama já corria por todo o Estado da Bahia, delineada como juíza estudiosa e firme nas suas decisões. Assim de tanto admirá-la, acabei também me tornando magistrado; a tua postura como profissional exemplar serviu de inspiração para muitos, inclusive para mim!

Os ventos do destino me empurraram para a Universidade estadual de Santa Cruz– UESC, onde também fomos colegas na cátedra da ciência jurídica. Guerreira e com aguçado senso de responsabilidade, saía algumas vezes de salvador para ministrar aulas na UESC, instituição na qual ela se dedicou de corpo e alma. Chamava-me a atenção, a tolerância e o prazer com que ela orientava os discentes da UESC, e por essas e outras, acabou sendo professora também das minhas filhas, Michelle e Danielle.

Finalmente, por mais uma dessas coincidências ou caprichos do destino, fui morar no prédio do condomínio Carlos Drumond de Andrade. Ela morava no 6º andar, eu no 5º.  A sua sensibilidade era tamanha que recebeu toda a minha família com um buquê de flores e um jantar. Nunca me esqueci desse detalhe que revelava toda a sua lhaneza e sensibilidade no trato com as pessoas. Onde passava, nos corredores ou no elevador, deixava o aroma do seu perfume. Era exigente na preservação do condomínio e algumas vezes emprestava o seu apartamento para receber os confrades e confreiras da ALITA. Reuniões inesquecíveis com intelectuais, artistas, poetas, escritores e pessoas comuns, sempre com seu refinado trato e elegância, regado a um bom vinho e ao som de um violino.

Como magistrada, como professora, como acadêmica, escritora, não  permitia a si própria o auto elogio, pois como dizia sempre: “ elogio em boca própria é vitupério”.

Um certo dia, por mais uma dessas coincidências, a convidei em nome do acadêmico e escritor, Cyro de Matos, para fazer parte da Academia de Letras de Itabuna, que estava nascendo naquele dia 19/04/2011. Ela não hesitou e passou a contribuir decisivamente para a consolidação da academia, ajudando na elaboração do estatuto e do seu regimento interno. Participava ativamente de todas as reuniões. Fui o seu primeiro presidente e contei com sua inestimável ajuda até para sediar a academia no antigo escritório de seu filho, Otavio César. Ela me sucedeu e foi presidente por dois mandatos seguidos, realizando vários projetos voltados para a sociedade e propiciando as condições para a produção do conhecimento, através da revista Guriatã e do site da ALITA.

Querida confreira Sônia Maron, o seu corpo físico vai nos deixar, porque ele é material e perecerá, mas o teu legado imaterial jamais morrerá em nossos corações e nas nossas memórias, porque você será sempre uma pessoa imprescindível em nossa caminhada!

Agradeço pelo privilégio de compartilhar da tua amizade, e para despedir, permita-me recitar um verso de Saint Exupery:

Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. deixam um pouco de si, levam um pouco de nós”.

Obrigado!

Marcos Bandeira

 

 

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Homenagens dos Alitanos à querida Sônia Carvalho de Almeida Maron- Uma das fundadoras e ex-presidente da Instituição.

Apaixonada pelas causas que abraçava, palavra forte, corajosa e, talvez até escondesse isso um pouco, capaz de grandes delicadezas. Recebi dela um enorme apoio quando resolvi fazer um lançamento bonito, em nome da ALITA, do meu segundo livro, em 1918. E, naquele momento, ela nem estava bem de saúde. Mas Sônia era assim: sincera, às vezes de franqueza muito fácil , mas um coração leve e pronto a ajudar. Dela, recebi sempre o carinho e a palavra incentivadora.
Bonita, vaidosa, orgulhosa do belo cabelo, porém pronta para qualquer luta, sem medo ou subterfúgios. Isso é apenas um pouco de Sônia Maron.
Que seus filhos e netos e nós, seus amigos que sempre a admiramos, a cubramos de bênçãos.

Margarida Fahel

 

Sônia querida, nos conhecemos ainda bem jovens, você no Quartel Velho, eu na Fazenda Castelo Novo e Ubaldo na Benjamin Constant. Você sempre linda, irradiando alegria e muita vontade de viver. Partilhamos de muitas festas na nossa cidade. Você sempre amorosa e muito delicada comigo e com Ubaldo. Você foi aquela mulher forte e corajosa, capaz de quebrar barreiras. Fez seu próprio destino e escolheu sua nobre missão. Passou por cima de inúmeros obstáculos, deixando para os que ficam um exemplo de coragem e persistência na sua trajetória de vida. Ficamos muito felizes quando se tornou juíza. Acompanhamos os seus sucessos na profissão. Desejamos que você feche esse círculo terreno com o mesmo vigor e a mesma esperança. Siga o caminho de luz que você mesma traçou, enquanto aqui esteve.

Descanse em paz.

Com eterno carinho Ritinha e Ubaldo.

 

Sônia Maron, elegância e simplicidade na mesma medida!  Ela abriu as portas da Academia de Letras de Itabuna para novos integrantes, apostando na soma entre a tradição e a modernidade em favor da literatura.
Gostava de compartilhar histórias, vivências, gargalhadas, sempre deixando à vontade todos que com ela convivessem. Avessa a formalidades, preferia ser chamada apenas de Sônia. Sem títulos que afastassem o interlocutor. Porque ela queria proximidade, amizade, afeto – palavras tão caras nesta era de “modernidade líquida”, da qual Zygmunt Bauman tanto nos falou (ele figurava, inclusive, como um dos autores favoritos dela).
Ah, Sônia! Seguimos daqui buscando escrever boas histórias pela vida afora e aplaudindo o caminho vitorioso que você percorreu e tanto inspira quem cruzou seu caminho.
Rogamos a Papai do Céu que a conduza por um caminho de luz e que seu brilho resplandeça para sempre em nossa memória.

Com imenso carinho,
Celina Santos

 

PESARES DE SÔNIA MARON

 

Cyro de Mattos

Quem entende esse gesto?
O passado não tem volta.
Não se esvaem as dores
Prisioneiras do presente.

O vento que se aloja
nessas asas fabrica
vozes em rito de pesares,
que não se decifram.

Ó tempo rigoroso
no musgo desse muro,
sinto frieza no meu peito,
como fere nesse inverno.

Até no encanto assustas,
a flor que aparece
é a mesma que breve
no pó desaparece.

Imutável nesse estar
que ceifa a inocência,
a solidão de anoitecer
teu enigma que ofertas.

Hora que não tem cura,
Vez que não tem volta
Enquanto a noite chega
Para soterrar o dia.

Ó tempo quão amargo
É teu rigor nesse gesto
Que só a ti pertence,
Sufoca no meu peito.

De ti em dó e lágrima,
o que dói não é o calor
que aqueceu o coração,
mas as coisas que não virão.

 

 

 

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Academia de Letras de Itabuna se despede de uma das suas fundadoras e ex-presidente Sônia Maron

Uma mulher firme, elegante, de olhar atento e raciocínio rápido. Em ligeiras palavras, assim era a juíza Sônia Carvalho de Almeida Maron, que faleceu na manhã desta terça-feira (21), em Itabuna. Aos 81 anos, a magistrada aposentada nasceu em Itajuípe e trilhou um sólido caminho nas esferas jurídica, acadêmica e literária.

Ela era uma das fundadoras da Academia de Letras de Itabuna (Alita), da qual foi presidente por dois mandatos e onde prezava pela valorização da tradição, da cultura e da educação neste município. Os amigos de infância, como o escritor e advogado Cyro de Mattos, lembram com carinho das histórias compartilhadas com Dra. Sônia. “Minha conterrânea que morava na rua do Quartel do Velho, onde moravam meus pais numa casa humilde. Ela merece o descanso na casa do pai eterno”, roga o escritor, também fundador da Alita.

A atual presidente da entidade, Silmara Oliveira, atribui a “elegância e a competência como marcas indeléveis da querida confreira”. “Nos deixa saudades e gratidão de partilhar do seu convívio. Rogamos ao pai celestial que seja doce essa passagem e que sua família seja confortada pelo amor divino”, clama.

O corpo dela será velado no SAF a partir das 17h30min e o sepultamento ocorrerá na manhã de quarta-feira (22).

Carreira eterna

 

Titular da cadeira 14 na Alita, cuja patronesse era a saudosa escritora Valdelice Pinheiro, Dra. Sônia era mestre em Direito Penal pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); foi professora da Uesc (Universidade Estadual de Santa Cruz) e atuou como juíza no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-Ba) por mais de duas décadas. Neste período, atuou na 1ª e 2ª Vara do Júri, em Itabuna.

Afora a sala de aula, o vasto conhecimento dela foi compartilhado em palestras, artigos, bem como no livro “Legítima Defesa no Tribunal do Júri”.

Além da legião de amigos, deixa órfãos os filhos Otávio César, Ana Clara e três netos (Beatriz, José Ricardo e Yasmin).

Fonte: Diario Bahia- Celina Santos

Sonia Maron em ocasião da eleição da nova diretoria da Academia de Letras de Itabuna- ALITA.
Sonia Maron em ocasião da eleição da nova diretoria da Academia de Letras de Itabuna- ALITA.

 

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Sonia Maron em ocasião da posse dos novos membros da Academia de Letras de Itabuna- ALITA em 2013

 

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Sonia Maron no lançamento do primeiro número da Revista Guriatã da Academia de Letras de Itabuna- ALITA.

 

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Livro Canti della terra e dell’acqua de Cyro de Mattos

Editora na Itália Publica Livro de Cyro de Mattos

“Canti della terra e dell’acqua” é uma antologia do poeta Cyro de Mattos, reunindo 38 poemas, que foi publicada em final de  dezembro de 2011 pela editora Romar, de Milão, com seleção e tradução de Mirella Abriani. A tradutora já traduziu para o italiano Cecília Meireles e Carlos Drummond de Andrade Com  esta antologia, Cyro de Mattos alcança a marca de cinco livros de poesia publicados no exterior, fato raro entre poetas baianos. Os outros livros são os seguintes: “Vinte Poemas do Rio”, edição bilíngüe, com tradução do poeta Manoel Portela para o inglês, e “Ecológico,  ambos editados pela Palimage, de Coimbra, Portugal; “Zwanzig Gedichte von Rio und andere Gedichte”, da Projekte-Verlag, Halle, Alemanha, com tradução de Curt Meyer Clason, e “Poesie della Bahia”, publicação da  Runde Taarn Edizoni, em Gerenzano (Varese), Itália, com tradução de Mirella Abriani.

A antologia “Canti della terra e dell’acqua” é constituída de quatro partes: Os Sinais da Terra, Águas do Rio, Alguns Bichos e Águas do Mar. No livro estão presentes poemas inspirados na infância, rio Cachoeira, bichos e meio ambiente.  Sobre o autor Cyro de Mattos disse Jorge Amado: “Cantor da terra e das águas. Cantor do amor. Pastor de diversos bichos. Tão esplêndido poeta, tão esplêndido ficcionista”. Já a escritora e professora Graziella Corsinovi, da Universidade de Genova, presidente do júri do XII Prêmio Internacional de Poesia Maestrale Marengo d’Oro, assim opinou: “Poesia do mais amplo horizonte histórico e existencial, que evoca mistérios da epopéia brasileira com grande poder de sugestão”.

 

 

Autor de 38 livros, com prêmios literários importantes, o escritor baiano (de Itabuna) Cyro de Mattos participa de várias antologias no exterior com poemas e contos, como “Der Alte Flub” , na antologia “Moderne Brasilianische Erzähler” (Modernos  Contistas do Brasil), Editora Walter, Alemanha/Suíça, 1968. Conto: “ O Velho e o Velho Rio”.Tradutor  Carl Heupel; “Starik e Staráia Reká”,  na antologia “K Iugu of Rio Grande” (Narradores da América Latina), Edições Molodáia Guardia, Moscou, 1973. Conto: “O Velho e o Velho Rio”. Tradutora Helena Riánzova; “Klagesang i Klippene”, na antologia “Latinamerikas Spejl” (Visões da América Latina), Editora Vindrose, Kopenhagen, Dinamarca, 1982. Novela: “Ladainha nas Pedras“. Tradutor Uffe Harder; “Cancioneiro 80”,  no  jornal “Letras & Letras”, n* 52, Porto, Portugal, 199l. Poemas: “Canção Ribeirinha”, “A Arara”, “Na Brisa”, “No Mar Enigma”, “Diante do Rio” e “A Águia”, foto do autor, seleção e  apresentação  de Ana Maria Saldanha Dias; “Contos Premiados no Concurso Joaquim Namorado”, Câmara Municipal de Figueira da Foz, Portugal, 1992. Conto “Berro  de  Fogo”, com o título “Olhos de Fogo”; “Antologia de Poesia Contemporânea Brasileira”, organização de Álvaro Alves de Faria, Editora Alma Azul, Coimbra, Portugal, 2000. Poemas: “Mar de Fernando Pessoa” e “Soneto Agônico do Cacau”; ”Poesia do Mundo/3”, antologia bilíngüe, organização de Maria Irene Ramalho de Sousa Santos, Edições Afrontamento, Porto, Portugal, 2001, reunindo poetas de dezesseis países. Poemas “ Versinverse in the Flora” (Do Versinverso da Flora) e “Dead River” (Rio Morto). Tradutor Manuel Portela; “Beacons”, revista da Associação de Tradutores Americanos e do Departamento de Inglês  da Faculdade  Estadual de  Plattsburgh, Nova York, número 9, 2003, reunindo poetas de  treze países. Poemas “Da Parição” (Giving Birth” e  “Antemanhã” (Pre-Dawn). Tradutor Fred Ellison; “Poetas Revisitam Pessoa”, organização de João Alves das Neves, reunindo cinqüenta poetas de Portugal e Brasil, Universitária Editora, Lisboa, 2003. Poema: “Mar de Fernando Pessoa”;  “Saudade”, revista de poesia dirigida por Antonio José Queirós, número 3, reunindo poetas de  dez  países, Amarante, Portugal, 2000. Poema : “Mar Morto”; “Poème Blanc”, em “Cahiers de Poésie JALONS”, número 84, Vichy, França, 2006. Tradutores  Christiane e Jean-Paul Mestas; “A Minha Vida É Uma Memória”, Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa, 5* Concurso Poético, Instituto Piaget, Almada, Portugal, 2005. Poema: “O Menino e o Mar”; “Antologia di Natale di Pace e D’Amore”, organização de Marco Delpino,  Editora Tigullio Bacherontius, Santa Margherita Ligure, Itália, 2006. Conto: “Natale dei Bambini Neri”, tradução de Mirella Abriani; “Saudade”, revista de poesia, número 8, reunindo poetas de quatro países, Amarante, Portugal, 2006. Poema: “Poemeto do Pintor”; “Revista Oficina de Poesia”, números 8 e 9, edição comemorativa de dez anos de existência, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Palimage Editores, Viseu, Portugal, 2007. Poemas: “Os Ventos Gemedores” e “Campeio”; “The Dirty Goat”, revista de arte e literatura, número 17, editada por Joe Bratcher e Elzbieta Szoka, reunindo poetas de onze países, Host Publications, Austin, Texas, 2007. Poemas “Rio Definitivo”, “Canção Ribeirinha”, “Canoa”, “Soneto do Rio Cachoeira”, “Águas” e “Anotações sobre o Rio”. Tradutor Fred Ellison; “Saudade”, revista de poesia, número 9, reunindo poetas de  quatro países, Amarante, Portugal, 2007. Poema: “Olímpico”. Participa também de várias publicações das revistas eletrônicas “Ilha Negra”, patrocinada pela Unesco, editada por Humberto Impaglione, na Espanha,  e  “Poesie pour tous”, editada por Pedro Viana, na França.

 

Fonte: Revista Lusofonia

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Confraternização da ALITA- 2021

Na noite do dia 14 de dezembro de 2021 os membros da Academia de Letras de Itabuna- ALITA se reuniram no Clube Cidadelle para o tradicional jantar de confraternização da instituição. A programação foi organizada pelo Acadêmico Marcos Bandeira e noite foi abrilhantada pelo músico Humberto.

Uma noite de música, poesia, dança, de celebração da vida, das letras e da amizade.

 

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O MENINO QUE VIA A VIDA ACONTECER- Sônia Carvalho de Almeida Maron

        O melhor mirante da cidade era o alto do telhado, de onde se via a vida acontecer no céu e na rua, por onde passavam personagens e fatos importantes que iriam marcar a vida do menino para sempre. (In: Cyro de Mattos, contracapa do livro Histórias do mundo que se foi, editora Saraiva, SP, em sexta edição, Prêmio Adolfo Aizen da União Brasileira de Escritores-RJ )

           Aquele menino da Rua Ruy Barbosa tinha mesmo um jeito diferente. Em nossa rua não existiam estranhos: do primeiro ao último quarteirões, famílias trocavam sorrisos e cumprimentos, das crianças aos mais velhos. E o menino passava para o colégio, muitas vezes em companhia do irmão mais velho, compenetrado e sério, segurando a pasta com os livros como se fossem uma carga preciosa. O irmão mais velho tinha o riso fácil e todas as vezes que passava em frente à minha casa sorria de forma amistosa. Os pais do menino gostavam de mim, eu tinha certeza, pois sabiam o meu nome e conheciam meu pai.

         Na vida mansa da nossa rua todos eram conhecidos e a maioria amigos de verdade. As famílias visitavam-se, sentavam-se em cadeiras colocadas nos passeios nos dias de domingo, enquanto as crianças pulavam corda, jogavam bola de gude, pulavam amarelinha e cantavam cantigas de roda nas noites de luar. O menino fazia parte desse nosso mundo, mas eu sentia que participava de uma forma diferente:  meus olhos de criança não sabiam definir se era tímido ou se não queria participar de nossas brincadeiras por ter coisa melhor para fazer. Eu desconfiava que fosse mais amigo dos livros do que de nós.

         E o tempo foi passando. Os colégios da cidade não permitiam que os jovens sonhassem com as carreiras mais nobres, não existiam faculdades. O menino e o irmão contaram com o apoio do pai e seguiram para a capital identificada pelos mais velhos como “Bahia”. Àquela época diziam com orgulho “meu filho foi estudar na Bahia”, como se Itabuna fosse um lugar distante e fora do mapa do Estado. É que o privilégio de estudar na capital era restrito aos mais abastados da classe média. As famílias de milhares de arrobas de cacau enviavam os filhos para os colégios e faculdades do Rio de Janeiro e São Paulo.

          Não é que o pai do menino fosse um homem arrogante e rico como muitos coronéis do cacau. Ao contrário. Era um homem simples e trabalhador, sem diplomas e títulos, mas vislumbrava um futuro grandioso para os filhos e, para ele, o estudo era o único caminho. Acertou em cheio e ganhou um filho médico e o outro advogado.

         O jovem advogado iniciou, sem muito entusiasmo, o caminho das lides forenses. Gostava mesmo era de escrever, escrever de verdade, coisa diferente das petições dos processos cíveis e criminais. E enfrentou o desafio. A força que o conduzia para a carreira sonhada era mais poderosa que o encanto dos embates da advocacia. Determinado, passo a passo, conquistou o reconhecimento do mundo literário do país conseguindo o que poucos alcançaram: Cyro de Mattos é um escritor. Não um escritor qualquer. O itabunense que via “a rua acontecer no céu e na terra, do alto do melhor mirante da cidade, o telhado de sua casa”, como podemos ler na contracapa de um dos seus livros, Histórias do mundo que se foi, coleciona prêmios e títulos como ficcionista, cronista, ensaísta, poeta e demais variantes que pode assumir um verdadeiro escritor. Por último, representará sua cidade na Academia de Letras da Bahia, na cadeira de nº 22, que teve como membro fundador o mais conhecido e ilustre dos baianos, Ruy Barbosa. Sem esquecer que leva em seu currículo os títulos de membro da Academia de Letras de Ilhéus e membro fundador e idealizador da Academia de Letras de Itabuna – ALITA.

         Cyro de Mattos é “prata de casa” da melhor qualidade. Todos sabem que seu currículo é conquista de poucos e nossas academias são citadas primeiro por motivo puramente sentimental.  Em resumida amostragem, registre-se o título de membro efetivo do Pen Clube do Brasil e Ordem do Mérito da Bahia, no Grau de Comendador. Em suas incursões pelo mundo integrou a delegação brasileira de Poetas da Universidade de Coimbra, em Portugal, e no XVI Encontro de Poetas Iberoamericanos da Fundação Salamanca Cidade de Cultura e Saberes, na Espanha. Foi agraciado com vários prêmios literários de expressão, sendo autor de mais de cinquenta livros no Brasil e no exterior.

         A Rua Ruy Barbosa, na cidade de Itabuna, Bahia, Brasil, passou à imortalidade. A geração de Cyro de Mattos, que é também a minha, festeja a conquista de um dos seus meninos do Ginásio Divina Providência. Festejamos o amigo que desenvolveu a admirável arte de observar o mundo com os olhos e o sentimento que só conhece quem adquiriu o conhecimento guardado nos livros, sobre terras, homens e tempos e serve de exemplo para a geração que se recusa a reconhecer a força mágica que o livro empresta à nossa vida.

  • Sônia Carvalho de Almeida Maron é escritora, juíza de Direito aposentada, ex-professora de Direito da UESC, uma das fundadoras da Academia de Letras de Itabuna, foi presidente da instituição por dois mandatos.
  • Fonte Alita, 2016

                                                          

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Academia Brasileira de Letras lança Dicionário da Língua Portuguesa on-line

A partir de 7 de dezembro, site ganhará todo mês uma nova seleção de verbetes, que contará ainda com a participação dos usuários

Academia Brasileira de Letras apresenta os primeiros verbetes do Dicionário da Língua Portuguesa (DLP), disponível exclusivamente em versão on-line no site da Instituição, para que o público conheça a obra e acompanhe a sua construção, de forma transparente e interativa. Inicialmente, serão apresentados os primeiros verbetes de A a Z. O acesso será amplo e gratuito, em constante atualização, acompanhando a evolução do idioma. Todo mês, a partir de 7 de dezembro, o site ganhará uma nova seleção de verbetes, ampliando a abrangência lexical da obra. O objetivo é oferecer um dicionário sincrônico, funcional e democrático, feito com os falantes do idioma e para eles. Estima-se o registro de 200 mil entradas e subentradas. O projeto é do Acad&ec irc;mico Evanildo Bechara, presidente da Comissão de Lexicologia e Lexicografia da ABL.

O dicionário contará ainda com a participação dos usuários. Futuramente, o site abrirá espaço para que o público possa sugerir palavras e significados, a serem avaliados pela equipe de lexicógrafos. O intuito é que a obra acolha criteriosamente diferentes matizes linguísticas e atualizações nas diversas áreas do conhecimento, sobretudo para cobrir as variantes semânticas, conforme o melhor emprego do idioma em cada região do país. Em breve as entradas do DLP também estarão disponíveis na Língua Brasileira de Sinais (Libras).

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CARO AMIGO CYRO- Margarida Fahel

Aquilo que há de mais profundo e imorredouro em nossa memória, creio eu, são as vivências da infância e da adolescência. Talvez pela pureza que existe em todos nós, naquela fase da vida, vasos limpos de ideias inculcadas em nossas mentes e em nossos corações. Talvez uma tela a ser pintada pela vida, usando uma frase clichê. E as primeiras pinceladas sejam de puro encanto, de descobertas de prazer e surpresas diante do mundo ainda quase sem barreiras. Assim, lá, no lugar mais recôndito da criança que todos fomos, as cores, os raios de sol, a lua prateada, o verde das árvores, o desabrochar das flores, as cores do céu, tudo encontra espaços limpos, onde não há “ não pode”, “não deve”, “ agora não”. E, então, tudo fica ali, bem guardado.

Também vivi em sua/nossa cidade. No meu caso, a partir dos dez anos, quando me esperava o famoso exame de admissão ao ginásio. Nasci e vivi até aquela idade numa cidadezinha ainda muito menor que a sua/nossa. Sem calçamento, sem luz elétrica. O Grupo Escolar, um pouco afastado do pequeno centro, uma pequena igreja, um grande barracão, no meio da enorme praça de chão batido, que servia para feiras e festas. Tudo, entretanto, muito limpo, como se um vento diário tudo varresse. Naquela praça, alguma vez, o mundo maravilhoso do circo.  “Para o ano eu vou voltar,” cantavam em coro os artistas, parodiando Asa Branca, de Luís Gonzaga. Aquilo era visão de felicidade… Daquela pequena cidade, então distrito da “sua/nossa”, guardo sabores, aromas, sons e imagens que, quantas vezes, se apossam de mim. E o sentimento é o mesmo! Alegria, encanto, graça. E saudade. E lá está a goiabeira do quintal da tia Raquel, ali estão as poças d’água prateadas nos dias de chuva, a cantoria de roda, meninas e meninos na enorme praça vazia… E o cheiro quente do “joão duro”, um biscoito duro como pau, saído do forno da padaria ali mesmo na esquina… E a voz de Dona Milu, uma senhora bem magra e alta, muito limpa,  de pele lustrosa, que diziam “ não ser boa da cabeça”, e que batia de porta em porta, pedindo: “ banana… banana… banana…”

E vem mais. Vem minha melhor amiga daquela meninice, minha vizinha Hildete. Hildete, da qual nunca tive notícias, passados aqueles anos. Sentadas em caixotes baixinhos, um outro a nossa frente, recortávamos velhas revistas, para costurar vestidos de papel. Terá se tornado ela uma modista, ou costureira? Eu me tornei professora. De gente pequena, de gente grande, nunca mais recortei vestidos de papel…

E me vem a voz de Dona Quequé, nossa vizinha, com sua vara na mão pelas madrugadas, concretizando com força os gritos com que esperava o jovem filho rapaz, que teimava em chegar das farras ao nascer do dia.

Mas ficou daqueles tempos a lembrança de alguns anos vividos numa fazenda de gado dos meus pais. Rio, pequenas enchentes, árvores a sombreá-lo… Bois, vacas e os bezerros dando cabriolas. A fogueira acesa todas as noites para espantar cobras, mas também porque era bonito de ver, dizia meu pai. E, sol nascendo, tinha leite tomado quente junto da vaca (Os nomes de duas delas até hoje me lembro: Andorinha e Espanhola).

Mas havia mais e isso, talvez, responda um pouco ao que me tornei depois: por ali passavam para pernoitar, ante um caminho mais longo, dois conhecidos de meu pai. O nome de um nunca se esqueceu de mim, Pedro Martins, um contador de histórias. Meu sono não vinha, não adiantava minha mãe insistir, enquanto ele tivesse voz para contar…Eram noites de príncipes e princesas, de bichos e gentes à luz da fogueira reavivada. Sem contar que meu pai também era, para mim, um frequente e bom contador de histórias. Histórias que se passavam na Espanha eram as suas preferidas. Sevilha, Barcelona, Andaluzia… Através delas, comecei a caminhar por terras distantes, por lugares desconhecidos. E ele contava, contava e cantava…

Cyro, a tudo isso seu encantador “romance de infância” me levou… E a muito mais…

Então, agradeço a sempre consideração e amizade, e parabenizo-o por mais um livro e por esse veio de lembranças de um tempo de paz. A paz do menino que se tornaria um grande escritor. E que nunca se esqueceu de cantar a sua terra.

Um abraço fraterno para você e para Marise.

Margarida Fahel.

Salvador, fevereiro de 2021.

Cyro de Mattos, Nada Era Melhor, da Editus, , 2020

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O PALHAÇO COCADA FOI EMBORA – Cyro de Mattos

Recebo do Conselho de Cultura de Itabuna a notícia desagradável.
A nota de pesar diz que lamenta profundamente o falecimento, nesta data de 1º de dezembro de 2021, de Raimundo Maia, agente de cultura que atuou no cenário grapiúna como ator, humorista, cantor, compositor, músico, instrumentista, artesão.

Despontou, sobretudo, como o famoso “Palhaço Cocada”, fosse realizando os seus shows, apresentando programa de TV, de rádio ou como garoto propaganda de vários empreendimentos empresariais, levando alegria, risadas, promovendo o que de melhor um artista nato pode fazer pela humanidade: a felicidade, o sorriso farto, solto e verdadeiro.

Palhaço Cocada entra para o rol dos grandes nomes que contribuíram, com o seu trabalho, para o enriquecimento da cultura itabunense.

Que Deus misericordioso receba o seu espírito em luz, ao tempo que dê força, resignação e compreensão aos amigos e familiares para que esse momento de profunda tristeza esteja transformado, com o tempo, na saudade mais macia que pede seja sentida por um ser humano que dedicou a sua vida a tornar melhor o dia a dia do povo.

Comento a notícia dada pelo presidente do Conselho de Cultura, Egnaldo França, ativista cultural no universo do negro afrodescendente, pelas terras de Itabuna.  O Palhaço Cocada, além de ser um poeta do riso no trânsito da vida, um artista múltiplo da cultura, era um homem simples, de bom coração. Sem ele, a vida fica privada de quem fazia do mundo uma criança com palhaço e lambança. Certamente vai fazer nos céus dos céus que os anjos se esbanjem na risada.

Também rogo a Deus, nosso pai eterno, que o receba para a morada alegre da paz. Sempre soube que o mundo encanta quando é feito em momentos ricos quando nos oferta a beleza do braço ao abraço, do sentido com o riso, da flor quando se entreabre na planta. E assim, no curso da beleza inexplicável da vida, tudo de bom nos oferece de graça, não quer nada em troca, a não ser o amor, nosso sentimento mais forte.

 

 

 

 

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