ENTREVISTA COM HELOISA PRAZERES – Por Raquel Rocha

Uma Vida Feita de Memória, Beleza e Poesia

 

As palavras de Heloisa nos remetem à formação de uma geração que aprendeu a olhar o mundo pela lente da beleza e da palavra. Professora, poeta, ensaísta e pensadora da linguagem, Heloisa atravessou décadas cultivando o silêncio criativo e o gesto preciso, fosse na sala de aula, na vida intelectual ou nas páginas onde resgata o que nos constitui: infância, paisagens, memórias, exílios e retornos.

Nesta entrevista, Heloisa revela a mulher por trás da escritora: filha de um lar sergipano que chegou ao sul da Bahia buscando sonhos; jovem que viveu Itabuna e Salvador nos anos de efervescência cultural; mãe, esposa, professora e amiga.

Mais do que responder perguntas, Heloisa compartilha sua visão de mundo, construída com poesia, mas também com rigor, ética e sensibilidade. Entre memórias de infância, referências literárias, reflexões sobre dor e beleza, e a defesa de valores fundamentais, ela nos lembra que viver é criar, e que a poesia não é apenas um gênero, mas uma maneira de existir no mundo.

 

Raquel Rocha

 

Raquel- Antes de falarmos sobre sua trajetória literária, queria que você contasse quem é a pessoa por trás da escritora: quem é Heloisa Prazeres em sua essência?

Heloisa- Entendo que a minha personalidade deriva de um lar harmonioso, formado por meus pais, Agrícola Santana Prata e Alzira de Oliveira Prata, família oriunda do estado de Sergipe, primeiros imigrantes, atraídos pela notícia do Eldorado no Sul da Bahia.

A consolidação de minha adolescência — final dos anos 1950-1960– deu-se na cidade natal, Itabuna, Ba. Lugar, então, próspero, economia criativa e pioneira no cultivo das roças de Cacau, que conheci como lugar referencial, fazendas de meu tio Raimundo de Oliveira Cruz.

Por iniciativa de meus pais, ambos conscientes da importância da educação, sou fruto da educação formal do Colégio Ação Fraternal de Itabuna e, musicalmente, do coral da maestrina Profª Zélia Lessa e das Professoras de piano Gladys e Lourdes Dantas. Recordo, em minha adolescência, os espetáculos colegiais da cidade, as apresentações de canto regidas pela Professora Maestrina Zélia Lessa, a quem devo a iniciação musical.

Então, fascinavam-me as canções folclóricas, considerava encantatória a mistura entre as palavras e as sonoridades, embora não alcançasse esclarecer bem sua complexidade. Peças do folclore nacional, notadamente de Villa Lobos.

 

Nos verões desta citada faixa de tempo, fui habitante temporária da paisagem da Mata Atlântica Costeira, frequentei Olivença, Pontal de Ilhéus e Barra de Itaípe, acompanhada pelos meus pais, irmãos, avós, tios e primos da família Oliveira João Manuel e Georgina Oliveira Cruz.

Itabuna, no final dos anos 50, era esse burgo de vocação agro-comercial; quem tinha alguma atividade criativa beneficiava-se dos eventos promovidas pelas quermesses juninas e natalinas, mais das vezes sob a liderança do historiador popular, agitador cultural, meu saudoso tio, José Dantas de Andrade.

Outras opções, às quais me foi dado acesso, o Centro Cultural da cidade, onde ouvia e assistia, em arrebatada suspensão, ao poder da oratória e da recitação de poetas condoreiros. Pela primeira vez, ouvi a voz de nomes baianos de impacto nacional, especialmente o fervor e lustre das Espumas flutuantes, de Castro Alves. Como tinha não muito mais que uma dezena de anos, e ali era levada pela sede de conhecimento de outro dos meus mentores, João Martins de Oliveira, meu tio, era a atmosfera e a musicalidade que permanenciam, formando-me o gosto e fazendo emergir o prazer da convivência e a talvez prematura indagação sobre arte, poesia e vida criativa. Ali escutei fascinada versos do poeta da cidade, Firmino Rocha, de sua hoje coleção, O canto do dia novo. Ali ouvi sonetos majestosos do grande Sosígenes Costa, nosso bardo maior.
Esses são feitos, fatos, pessoas e lugares que me constituíram na infância e adolescência.

Poeticamente, fiz o registro desta pequena história e do meu precoce gosto literário:

 

Diáspora ao Sul da Bahia

A Georgina e Luís Manoel Oliveira Cruz

com essa luz de olhos já antigos

acolho o legado de adereços

(no trânsito do clã dos Oliveira)

herdei candeias de janelas móveis

de leves ou maciços parapeitos

déco importado de além-mar

frisos de envieses e ornamentos

colho o saber da estirpe nortista

do feudo de Georgina e Luís

espelho-me em retinas centenárias

(coleção de memórias rurais)

primeiro a dispersão e o rumo

 a outro destino − novo estado

nas pegadas de Sumé ao eldorado

matriarcas aurora Alzira Amélia

meninas gêmeas Lourdes/ Louralina

caçula Sula como o nome

viajante de olhos capitais

 na arribação fora determinado

 avós deixaram sítios das suas terras

 nortistas rumo ao dourado porto

 do jequitibá

 sementes do fruto pariram burgos

(Tabocas Almadina Arataca

Água Preta Camacã Itajuípe)

e a razão marginal: um topônimo Tupi

pedra preta lar Itabuna

ouro antigo de cascas brunidas.

 

Raquel- Quando foi que a literatura entrou em sua vida? Lembra do primeiro livro que leu e lhe marcou?

Heloisa: No alvorecer da década de 1960 e visando ao aprimoramento dos nossos estudos, minha família veio para Salvador. Vivemos no bairro dos Barris. Meu pai deslocando-se para a cidade baixa, para a matriz do Banco da Bahia, para onde viera transferido, e minha mãe a experimentar mais um deslocamento na sua já assinalada experiência de exílios. Sua alma revelava a angústia das separações, daí a presença da poesia, o gosto pela declamação e pelo canto, em sua linda voz de contralto. Talvez daí o meu gosto secundário pela música. Vivendo em Salvador, a partir de 1961, Estudei no Colégio Severino Vieira, onde alcancei a aproximação do coral da instituição e do reclamo de aperfeiçoamento do gosto artístico e literário, tendo como Professora de português Dona Belmira, leitora de Os Lusíadas, de Luís de Camões, educando-nos pelo ouvido.

Poucos anos depois, no colégio Central da Bahia, à época ainda um celeiro de novidades − conheci a geração seguinte à que promovera o histórico processo de renovação e conceituação vanguardista da cidade de Salvador. Minha casa, as mais duradouras amizades, o centro de minha juvenil emoção, encontra-se derramado nas experiências de acesso aos espaços culturais de então: sessões do cinema de arte do Cine Guarani, no coração da cidade, em frente à Praça Castro Alves; frequência ao teatro Vila Velha, que marcou o momento cultural brasileiro e albergou movimentos sociais; auditório da Reitoria da Universidade Federal da Bahia, espaço de intensa movimentação e divulgação culturais, conferências, debates, recitais, concertos e simpósios; Livraria e Editora Progresso, única editora baiana, a publicar textos· de ciências sociais, filosofia, ensaios literários, romances e livros de poesia. Por meio das edições dessa livraria e secundando os passos de meu irmão, poeta Alitano, Renato de Oliveira Prata, fui formando e aprimorando o meu gosto literário, iniciado nas estantes familiares da minha família de leitores.

 

Raquel- Como foi o início da sua trajetória acadêmica e literária?

No curso de Letras Vernáculas, com Inglês, da Universidade Federal da Bahia, UFBA, e, muito na sequência, após o Bacharelado, fui monitora junto à cadeira de Literatura Portuguesa, a convite dos saudosos mestres Hélio Simões, conquistador de audiências pela singular recitação da Cantigas de Amigo e Amor da tradição ibérica, e da saudosa Jerusa Pires Ferreira, ambos me incentivaram à concorrência ao ingresso no Departamento de Vernáculas. Concomitantemente, na Universidade Católica de Salvador, onde, como jovem professora, convivi com duas mestras da língua e literatura nacional, Joselita Castro Lima e Terezinha Moreira. Literariamente, nos anos 1970, e em companhia de Jamison Pedra, meu esposo, já falecido, companheiro de mais de meio século, escrevi os versos que constaram do desfecho da película/ curta-metragem “Caranguejomem”, que logrou o 5° Prêmio Nacional no Festival Brasileiro de Cinema Amador (Jornal do Brasil). Incentivada pelos mestres aqui citados, produzi os primeiros artigos, publicados no Suplemento de Cultura do Jornal Tribuna da Bahia. Em meados dos anos 1970, comecei a perceber e a assumir com mais consciência um papel intelectual, como escritora e também Professora do Curso de Graduação em Letras. Tal perspectiva, dirigiu-me ao comparativismo, orientada pelos saudosos mestres, Cláudio Veiga, Antônio Barros, Davi Salles e Ildásio Tavares; tal escolha viria a tornar-se a metodologia de trabalhos futuros, desenvolvidos nos cursos de pós-graduação, dentro e fora do país, quando me foi dada a experiência de viver, no gelado centro-oeste norte-americano, na cidade de Cincinnati, EUA. Então, professora universitária baiana, com minha família, já no formato que permanece, vivemos com nossos três filhos, Letícia, Ana e Daniel, em idades entre doze e dois anos. Na vigência do curso, fui orientada pelos mestres, Edward Coughlin, Juan Valencia e pelo hispanista Donald Bleznak. Essa experiência foi recolhida em alguns poemas.

Raquel- Além da escrita, que outras paixões ou interesses fazem parte da sua vida?

Encontro-me naturalmente ligada à área de Letras e Artes. Em verdade não tenho outro forte interesse, senão os versos livres, plenos de ritmo, musicalidade, plasticidade. Gosto de ler, de experimentar, crio efeitos sinestésicos, com o entrecruzamento de sensações e sentidos nos planos semântico e sintático. A pulsação da vida em algum momento alcança voo, por meio da musicalidade que imprimo aos versos. Portanto, poesia, leitura e música.

 

Raquel- Há algo que você goste profundamente — e algo que não goste muito?

Sim. Gosto muito de ler me acalma e me auxilia no processo imaginativo, bem como aumenta a minha capacidade de memorização, pois gosto muito de recitação. Caminhar, estar em contato com a natureza, me permite refletir. Cinema, Teatro são expressões de arte que muito aprecio, bem como a música, que me ajuda na escrita, na recordação e no registro de pensamentos e percepções. Valorizo a conversa com amigos e o tempo de intimidade e solidão. Por outro lado, não gosto de eventos sociais de grandes proporções. Canso-me e desejo seu rápido desfecho.

 

Raquel- Se tivesse que descrever sua personalidade em poucas palavras, como se definiria?

Creio que sou uma mistura de pessoa comunicativa, mas também sensível e intuitiva . As pessoas me consideram intelectual e emocional ao mesmo tempo.

Raquel- Você se recorda de algum conselho que recebeu e que a acompanha até hoje?

Vivi a juventude na década de sessenta, prezo a liberdade e a justiça social. Meu tempo foi marcado por grandes mudanças sociais e culturais. Pessoalmente, admiro e conservo conselhos e valores de liberdade e busca por novas experiências. Também fui principalmente aconselhada a valorizar a autenticidade e procurar a realização pessoal por minha mãe e por minhas muitas tias. Não me afasto muito desta visão de mundo.

Raquel- Em sua trajetória, houve algum momento de desafio que a marcou profundamente? Como o superou?

Sim. Vivi nos EUA a experiência da incomunicabilidade, o luto moral das desavenças entre raças. Como brasileira, creio nas amplas relações inclusivas e miscigenadas. A minha herança cultural e as convicções que defendo, sempre me ajudaram na superação desses choques culturais.

Raquel- Que temas ou preocupações mais atravessam sua obra?

A minha poesia aborda temas universais. Ressalto o amor, a amizade, a maternidade, perdas, deslocamentos, a relativa incomunicabilidade, o luto moral, a história, a natureza, o mundo digital, as relações possíveis na contemporaneidade e a globalização. As ideias resultam da minha vivência social e intelectual com base nas percepções da cidadã, poeta, mulher, docente e intelectual. Há um apelo de imagens e temas próprios dessas vivências. Lembro, ainda, que a  poesia está do lado do ser e contra o seu aniquilamento. Cito o verso de Hölderlin, presente no poema Recordação: O que resta, porém, fundam-no os poetas.

 

Raquel- Quando escreve, busca mais expressar o que sente ou compreender o mundo ao seu redor?

A linguagem poética, em verdade, ultrapassa a função comunicativa, transformando-se em objeto artístico, mediante o desvio e a contaminação semântica, ou seja, poesia implica texto onde a linguagem é explorada em todas as suas dimensões. A subjetividade será sempre filtrada pela intencionalidade.
Mas como escritora do gênero lírico, posso dizer que a minha escrita é o esforço de uma individualidade feminina na direção daquilo que me cerca. Como disse Theodor Adorno, a dimensão subjetiva está apegada à expressão lírica, tanto quanto a sociedade, ou seja, embora pareça distante da esfera social, a lírica, na verdade, carrega em si as marcas da experiência socialmente experimentada.

Raquel- Como vê a relação entre dor e beleza na criação literária?

Desde a modernidade, a beleza não mais se limita ao ideal clássico. Hoje, a busca pela beleza não dispensa o transitório ou o circunstancial; a relação entre dor e beleza é de complementaridade e interdependência.
Não mais um obstáculo à beleza, a dor torna-se um meio de alcançá-la, revelando novas dimensões da experiência humana. Por exemplo, na poesia de Cecília Meireles, há uma relação complexa e paradoxal. A poeta explora a beleza presente no sofrimento, na decadência, elevando o desgosto e as mais humanas condições a distintos patamares temáticos. Porque a poesia é necessária mesmo em tempos de guerra.

Raquel- O que significa, para você, ser poeta em um mundo tão acelerado como o nosso?

Ser poeta exige o encontro e a demonstração de que há espaço para a reflexão e a expressão da sensibilidade, sempre e em quaisquer circunstâncias. Será necessária a dedicação ao tempo da escrita e da leitura e, mais das vezes, será possível encontrar momentos de quietude para a observação. No mundo contemporâneo, a atividade da poesia é de transformação, ou seja, a mudança do cotidiano em arte, em momentos simples do dia a dia que se transformem em poemas. O poeta confronta a dificuldade; cultiva a observação do cotidiano; observa a vida com um olhar interrogativo e questionável e encontra a natureza, nela reconhecendo fontes de observação (seus ciclos, cores e sons). Afinal, os filósofos compreendem a necessidade e incentivam a prática da poesia mesmo em tempos de guerra.

Raquel- Que valores ou princípios considera essenciais para a vida?

Na qualidade de cidadã, consciente da importância da vida em sociedade, comungo com o sistema estabelecido com a finalidade de possibilitar socialmente a vida, a saber, basicamente: honestidade, respeito, justiça, liberdade e amor.

 

Para você, qual o sentido da vida ?

Uma vez que encontro significado na experiência da vida e construo a minha visão impressa em tudo aquilo que publico, em verdade, com base nessa experiência, de mais de quarenta anos de trabalho, posso admitir o sentido da vida como criação, ou seja, uma vida cuja razão e significado têm sido dados pela poesia, que assino. Entendendo-se, portanto, que a poesia não compreende apenas um determinado gênero, mas, também, um esforço “poiético” de transfiguração da existência em formas ou da metamorfose da experiência existencial em palavras. Minha relação com o mundo e comigo mesma, o sentido da vida, liga-se à capacidade autoral de inventar, divulgar e tocar o mundo por meio da arte.

 

Salvador, 01/07/2025

Heloísa Prata e Prazeres

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DISCURSO DE RECEPÇÃO DA POSSE DE RENÉE ALBAGLI – Tica Simões

Boa noite,

Excelentíssimo Presidente da Academia de Letras de Ilhéus, confrade Prof. Josevandro Nascimento, através de quem saúdo os ilustres integrantes desta mesa, as autoridades aqui presentes ou representadas, os confrades, os uesquianos, os amigos; enfim, a todos senhores e senhoras.

Os vagalumes desta noite
iluminam minha noite
e me emprestam
sua luz e suas asas.
Então, feliz,
a estrada clareada,
eu vou te ver.
Valdelice Pinheiro

E aqui estamos, felizes e honrados, Professora Dra. Renée Albagli Nogueira, por recebê-la nesta Casa, onde ocupará a cadeira de nº 32, anteriormente do saudoso e ilustre Prof. Soane Nazaré de Andrade, homem que orientou a vida para a realização do sonho do ensino superior na região e soube distinguir, nas brumas de cada manhã, qual a direção do sol… e andar para lá!

Este é um dos momentos mais ritualísticos e significativos desta Casa de Abel; ato de acolhimento e recepção, enriquecimento da sua confraria; momento de relembrar e dar continuidade à sua própria história. E é uma história que tem buscado, a cada dia, a preservação da memória de Ilhéus. Aqui, é lugar de diálogo, de criação, onde intelectuais das diversas áreas do saber trocam conhecimento e experiências em torno de uma visão ampla da cultura nos seus aspectos literários, artísticos, sociais, educacionais, históricos e das tradições. Aqui, é lugar de convivência respeitosa das diferenças, que fazem a riqueza da multiculturalidade deste país.

Por esses propósitos, é que digo da grande emoção e alegria com que esta confraria, hoje, a recebe, professora. Somos conhecedores do seu idealismo; uma vida dedicada a realização de sonhos e projetos de futuro, voltados para o desenvolvimento educacional, cultural e social desta região.

Assim pensando, tomo os versos de Ricardo Reis, e digo:

Para ser grande, sê inteiro:
nada teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.
Põe quanto és
no mínimo que fazes.
Assim, em cada lago,
a lua toda brilha,
porque alta vive.

 

Assim é! …
Renée Albagli Nogueira é, ilheense, filha de Isaac Albagli e Rosa Chicourel Albagli, nascidos em Izmir, na Turquia. O casal migrou para o Brasil nas primeiras décadas do sec. XX, aqui constituindo a sua família. Casada com Cláudio Nogueira, é mãe de Claudinha, e é avó de Luís Fernando e Isabel. Uma linda família que, neste momento, cumprimento e parabenizo.

Renée Albagli Nogueira é graduada em Biologia, pela Universidade Santa Úrsula, do Rio de Janeiro, com especialização em Genética na Universidade Católica de Minas Gerais e na Unicamp. Fez especialização e mestrado em Gestão Universitária, na Universidade Estácio de Sá, sendo a última etapa na St. Paul University, em Chicago (EUA). Defendeu o Doutorado em Educação, na Universidade Federal da Bahia.

Na Federação das Escolas Superiores de Ilhéus e Itabuna – FESPI, foi professora titular, diretora acadêmica, diretora de graduação e extensão. Em 1996, tornou-se a primeira reitora eleita da Universidade Estadual de Santa Cruz, tendo permanecido no cargo até janeiro de 2004, quando terminou seu segundo mandato. Integrou o Conselho Estadual de Educação (CEE), sendo presidente por dois mandatos e atuando sempre na Câmara de Educação Superior. Após concluir o reitorado na UESC, foi Assessora Especial da Secretaria de Ciência e Tecnologia.

Atualmente, presta assessoria e consultoria na área do Educação Superior. Em reconhecimento à sua brilhante trajetória, tem recebido comendas e honrarias. Dentre outras, aqui destaco o grau de Comendadora, outorgado pelo governador do Estado, em 1998. Recentemente, em 2024, recebeu a medalha Jorge Amado, outorgada pela Academia de Letras de Itabuna.

A sua produção de discursos, pronunciamentos, artigos e relatórios comprovam essa vasta experiência.

Entendemos que a propriedade da Profa Dra. Renée Albagli Nogueira ocupar a cadeira de número 32, desta Academia, é inquestionável, ela que esteve ao lado do Prof. Soane Nazaré de Andrade desde os primórdios do sonho do ensino superior na Região.

A trajetória de luta foi de muitos idealistas, mas foi no seu reitorado, que aconteceu o salto de federação de escolas superiores para universidade!

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma.

Essa primeira estrofe do poema Infante, de Fernando Pessoa, em Mensagem, me remete às trilhas da realização, como foi…“desvendando a espuma”.

E tudo começou em 1974 quando, convidada pelo prof. Soane Nazaré de Andrade, a profa. Renée ingressou na Federação das Escolas Superiores de Ilhéus e Itabuna – FESPI como sua assessora direta, integrando a Comissão de Assessoria e Planejamento – CAP. Aí atuou por dez anos, responsável pelos projetos de novos cursos.

Com a saída do Prof. Soane da direção geral, continuou integrando a administração superior, nos mandatos dos professores Aurélio Farias de Macedo e Altamirando Marques.

Naquele mesmo tempo, a luta de idealistas – professores e estudantes – pela publicização do ensino, não cessava. Afinal, em 5 de novembro de 1991, através de decreto governamental, aconteceu a estadualização, sendo definida a área de atuação da Universidade Estadual de Santa Cruz, abrangendo o Litoral Sul e Extremo Sul do Estado.

No período de transição – reitorado pró-tempore -, foi Vice-Reitora do Prof. Altamirando Marques.

Em 1996, deu-se a eleição para reitor, um ano histórico!. Renée Albagli Nogueira foi eleita a primeira reitora da Universidade Estadual de Santa Cruz, por voto direto da comunidade acadêmica. Foi o início a uma administração que garantiu a consolidação e a expansão da UESC.

Como já dizia Paulo Freire (2000, p. 54), “os sonhos são projetos pelos quais se luta. Sua realização não se verifica facilmente, sem obstáculos. Implica, pelo contrário, avanços, recuos, marchas às vezes demoradas.”

Assim foi.

Claro está que era imprescindível à reitora empossada formar uma equipe que comungasse do mesmo sonho. Então, com a vicereitora Margarida Fahel, formou a sua equipe, cujo foco sempre foi a qualidade, visando à responsabilidade social da Instituição. E foram oito anos na Reitoria na UESC, tempo em que, com garra, visão e valentia, levou a antiga escola de ensino superior ao patamar de universidade.

“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.”

É fato que as marcas de uma trajetória, muitas vezes, ficam pelo caminho. Vão-se apagando com a poeira do tempo. É bem como diz o poeta José Delmo,

Se não vigiarmos a vida,
eles escreverão a história
e o futuro poderá neles acreditar.

Aqui, neste espaço de tempo, difícil será dizer todas as realizações do reitorado da Profa Dra. Renée A Nogueira. De saída, a todos vocês, recomendo a leitura dos vários relatórios das suas duas gestões, do período de 1996 a 2003. No entanto, não posso deixar de, muito rapidamente, referir algumas ações que garantiram a consolidação do projeto universitário.

Inicialmente, na universidade que se instalava, era urgente assegurar a massa crítica imprescindível para o seu credenciamento, pelo Conselho de Educação. Com aquele foco, foram criados o Plano de Capacitação Docente e o Projeto de Absorção de Doutores, que trouxeram competências do Brasil e do exterior para o quadro docente. Simultaneamente, a criação da editora da universidade – a EDITUS – veio assegurar a publicação da produção científica de docentes e discentes.

É também de destacar a significativa ampliação do leque de cursos de graduação e pós-graduação – especializações e mestrados -, nas várias áreas do conhecimento; a instalação de laboratórios para atender às atividades de ensino, pesquisa e extensão; a atenção em relação projetos culturais e de preservação da história.

Tanto a citar, que fica exaustivo, aqui, enumerar… Mas dos muitos cursos implantados na graduação e na pós-graduação, não posso deixar de fazer ressalva ao Curso de graduação em Medicina. É inesquecível a garra com que a reitora ultrapassou os inúmeros obstáculos que se apresentavam. Lembro que, em tempos, o Prof Soane já dizia: “quando Renée quer, saia debaixo…”

E foi mesmo assim… Não esqueço como aquela reitora vislumbrou e teve coragem; lutou arduamente e implantou o curso, tão necessário e desejado pela comunidade.

Claro que, também, teve o olhar atento para as condições físicas do campus. De alguns dos tantos e inúmeros feitos, são exemplos: o Centro de Arte e Cultura, onde funcionam a Biblioteca e um auditório com 1200 lugares, o restaurante universitário, os vários laboratórios… e muito, muito mais…

Vale ressaltar que todo o trabalho desenvolvido naquele período garantiu, em junho de 1999, o credenciamento da UESC pelo Conselho Estadual de Educação, o que assegurou a sua autonomia didático-cientifica.

Naquela época de tamanha luta, eu fazia minhas as palavras de Henfil:

“se não houver frutos, valeu a beleza das flores. Se não
houver flores, valeu a sombra das folhas. Se não houver
folhas, valeu a intenção das sementes” .

Passados tantos anos, Profa Dra Renée Albagli Nogueira, o sentimento é de caminho percorrido, é de colheita dos frutos .

Depois daqueles idos de bota e barro, de plantio e construção, hoje temos um Campus que, conforme justo e certo, chama-se Soane Nazaré de Andrade.

Tenho a alegria de constatar que, àquele pequeno bando de sonhadores que integramos, se somaram outros que têm feito o grupo crescer e ficar mais rico e forte. Plural, como deve ser numa universidade. As árvores, que plantamos um dia, estão belas e frondosas, sombreando bancos, onde estudantes e professores sentam e trocam ideias – prática comum em locais democráticos…

Hoje, quando acompanho a colheita e sinto a sombra das folhas, a beleza das flores e o perfume dos frutos, digo-lhe, intrépida Reitora daquele então: valeu a pena! Valeu a intenção das sementes!!

Para finalizar, considero ainda imprescindível dizer da pessoa humana que é Renée Albagli Nogueira! Integra, ética, respeitadora das diferenças, idealista e pertinaz. Especialmente, a sua solidariedade é singular! E, com muito carinho, revelo que essas atitudes eram, também, como educava Claudinha, que me segredou das suas lembranças quando pequena: ”todos os dias, na hora de estudar, as palavras de ordem eram: responsabilidade, correção, pontualidade, liberdade com respeito!”

Ah… e saibam vocês… não é somente de educação e administração que ela entende, nãooo!! Tenho que revelar que é excelente anfitriã e adora receber com honras e circunstâncias!!

Claro está que essas rápidas referências naturalmente não esgotam o seu perfil e os seus feitos. Mas esta noite, além do lembrado e mencionado, é também para brindes e abraços…

Fato é que, nesse caminhar, querida Renée, amiga de tempos, de sonhos e lutas, aqui chegamos. E digo, tomando as palavras de Mia Couto,

“O que faz andar a estrada? É o sonho.
Enquanto a gente sonhar, a estrada permanecerá viva.
É para isso que servem os caminhos; para nos fazerem
parentes do futuro”

Bem como dizia o seu amigo Ladislau Netto:

“Perseguir sonho é vida que segue”

Acreditando no sonho e vendo em você uma sonhadora contumaz, é que esta Casa de ABEL a recebe e acolhe, certa de que a sua presença aqui será de soma e acrescentamento. Com alegria, portanto, dizemos: Seja bem-vinda!

Maria de Lourdes Netto Simões
Cadeira 19.
Ilhéus, em 11 de julho de 2025.

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ENTREVISTA COM CLÓVIS JÚNIOR- Raquel Rocha

E N T R E V I S T A COM CLÓVIS JUNIOR

 

Nascido em Ibicaraí, Clóvis Silveira Góis Júnior construiu uma trajetória que entrelaça fé, memória, serviço e palavra. Leitor voraz, pesquisador dedicado, servidor público da Justiça do Trabalho há mais de três décadas e profundo conhecedor da história da região cacaueira, Clóvis é alguém que escreve para que o tempo não apague e para que as novas gerações saibam de onde vieram.

Casado com a pedagoga Iara Souza Setenta Góis e pai de Felipe e João Marcos, sua vida familiar é espelho daquilo que aprendeu na infância: valores como respeito, honestidade, solidariedade e temor a Deus. Esses mesmos princípios estão presentes em seus livros, nos perfis digitais que administra, como o @historiagrapiuna, e nos tantos registros que vem produzindo com esmero e constância.

Autor de A Gênese do Adventismo Grapiúna (2016), Sequeiro do Espinho: passos de um conflito (2020) e A História de Itabuna em 1.300 eventos cronológicos e ilustrados (2025), ele ocupa a cadeira nº 34 da Academia de Letras de Itabuna (ALITA), cujo patrono é o jornalista, político e escritor Jorge Calmon.

Nesta entrevista, a mim concedida com a dedicação que lhe é característica, Clóvis revela lembranças vívidas da infância em Palestina (Ibicaraí), fala sobre o papel da fé em sua formação, da influência dos pais, do amor pela história, da sua devoção à verdade, e da certeza de que “quem não vive para servir, não serve para viver”. O resultado é um retrato bonito e sincero de um homem que se comprometeu a deixar como legado não apenas livros, mas exemplos.

Raquel Rocha

Raquel Rocha (RR): Clóvis, você nasceu em Ibicaraí, mas carrega consigo todo um território simbólico da Região Grapiúna. Que imagens ou memórias da infância mais marcaram sua trajetória de vida?

Clóvis Júnior (CJ): Eu sou um pouco de tudo que vivi na meninice. Fragmentos de minha infância teimam em brotar nas minhas reflexões e ações. Pedaços do meu passado saltam a todo instante no meu caminho. Louvo ao Eterno por serem reminiscências aprazíveis e saudáveis. A feira livre da antiga Palestina. Os animais de carga descansando num curral circunvalado entre o leito do rio e o fundo do edifício do Cine Teatro Ana; esse redil, guardava as bestas, enquanto seus proprietários negociavam seus pertencentes na feira. Naquele ambiente vi e aprendi coisas inimagináveis para crianças de tenra idade. A beira do rio Salgado, principalmente em momentos de cheias, entre os meses de novembro e janeiro. O jogo de bola em campos improvisados e em locais ermos (futebol de várzea), onde quase sempre eu era o goleiro ou, quando dono da bola, poderia até ser convocado para jogar na linha. O cheiro do cacau mole nos cochos ou das amêndoas a secar na barcaça de pequena propriedade rural da família. O banho no ribeirão do Luxo, corrente d’água cristalina, piscosa e doce. A chuva intensa, quase o ano todo, a ponto de fazer suar as telhas de barro. As noites eram belíssimas, frescas, cheirosas, com mantos verdes de gafanhotos sobre os postes, atraídos pela energia elétrica, e mantos luminares de pirilampos (hoje quase extintos) a imitarem, na terra, estrelas do céu. Me pego ainda ouvindo os antigos conversando suas experiências, suas aventuras, suas mágoas, suas bravatas …

RR: Seu discurso de posse na ALITA traz um tom confessional e poético. Nele, você fala do cheiro do cacau seco, da jaca madura e da terra molhada. Que significado esses elementos têm na sua construção pessoal e literária?

CJ: Eu projeto o mundo hodierno, com base no meu antigo quintal. Aquele início comezinho e pueril delineou minha vida quase que por completo, deixando pouco espaço para adições do presente. Construo minha estrada dando passos para frente e também olhando para trás. Neste ponto penso como o poeta Manoel de Barros: “Sou hoje um caçador de achadouros da infância. Vou meio dementado e enxada às costas cavar no meu quintal vestígios dos meninos que fomos”.

RR: Como sua família, especialmente, seus pais contribuíram para a formação do seu caráter e do seu olhar sobre o mundo?

CJ: Não consigo entender ou divisar um mundo justo e saudável sem que todos seus participantes exerçam princípios éticos. Aprendi em casa, no seio da família, o respeito, a lealdade, a honestidade, a equidade, o amor ao próximo, a solidariedade, o temor a Deus etc. Nunca ouvi meus pais pronunciarem qualquer palavra torpe, nunca. Uma certa feita, acompanhando meu pai à feira, encontrei, embolado no chão, uma nota de um cruzeiro. Meus olhos brilharam de alegria, prontamente meu pai ordenou que deixasse a cédula onde estava, pois o dono poderia vir ao seu encontro; tirando outra nota idêntica do bolso me restituiu aqueloutra. Pode existir um mulher-mãe igual a minha em zelo, trabalho, honestidade e preocupação com a prole, duvido que no universo inteiro exista outra maior. Não recebi um único bem material deles, nenhuma herança físico-monetária, porém seus princípios suplantam a tudo.

RR: Em que momento a fé e o amor pela história começaram a caminhar juntos na sua vida?

CJ: Em 2016, com a escrita do meu primeiro livro.

RR: O que mais o motivou a escrever A Gênese do Adventismo Grapiúna ?

CJ: A lacuna na historiografia. O Movimento Adventista estava presente na Região Cacaueira desde 1908, sem que existisse um escrito que relatasse a incursão dos primeiros missionários sabatistas nas roças de cacau.

RR: Em um depoimento seu sobre a Gênese do Adventismo Grapiúna, você afirmou que “cada pioneiro que morria levava parte da nossa história para o túmulo”. De onde vem esse impulso por registrar o que poderia ser esquecido?

CJ: Em minhas pesquisas, descobri fatos que ninguém conhecia, tanto no universo de membros da Igreja Adventista  (7.000 membros em Itabuna e 5.000 em Ilhéus), como na Região Cacaueira (centenas de milhares de habitantes). Histórias interessantíssimas, curiosíssimas e importantíssimas (de propósito utilizo o superlativo absoluto) caíram na vala do tempo ou foram sepultadas pela areia da história. Imbróglios políticos e sociais enormes seriam entendidos – e quiçá, resolvidos – se soubéssemos suas origens. Mas suas gêneses não mais existem. É necessário conhecer o passado para se responder perguntas e questões do presente. Se seus atores e protagonistas morrem, sem registrar ou contar o que ocorreu ou como aconteceu, e aí como fica?

RR: Como você percebe o papel da escrita como meio de resgate identitário e espiritual dentro da sua fé adventista?

O membro de qualquer denominação religiosa somente consegue amar e se esmerar em seu mister quando conhece aquele sacerdócio. Como dedicar sua vida, seu tempo, seu talento, e seu dinheiro em algo vazio que não sabe de onde veio nem para onde vai? Você só ama verdadeiramente aquilo que conhece. Eu amo a Cristo porque sei o que fez por mim, que abdicou do trono do universo, que se fez homem e quedou-se numa rude cruz em meu favor. Como não amar alguém que me ama tanto? Assim acontece do ponto de vista terreno. Você só ama aquela agremiação que se sente pertencente. Aí entra o conhecimento histórico. O conhecimento do processo formativo do Movimento. A missão e o alvo que o grupo iniciador fomentava. Que caminhos trilharam os pais adventistas para implantarem o Movimento no mundo e aqui na Região? Por que se submeteram a vir para um local extremamente perigoso e de difícil acesso? Que base bíblica possuíam para sustentar seus discursos? Qualquer fiel que conhece sua origem tende a ser um adorador de proa.

RR: O perfil @historiagrapiuna, no Instagram, tem sido um canal de educação histórica no ambiente digital. Como nasceu esse Projeto?

CJ: Da inexistência no Instagram de um perfil que se preocupasse com nossa rica história.  Surgiu durante o período da Pandemia da Covid-19, na minha ociosidade laborativa pecuniária. Hoje (maio/2025), são 11.000 seguidores. Considero um grande feito, em se tratando de um espaço que se ocupa da História, Memória, Literatura e Arte Regional Cacaueira.

RR: Você é um leitor atento e grato aos autores da Literatura Grapiúna. Que nomes mais o influenciaram e por quê?

CJ: Elencar nomes é certamente perigoso, corro risco de cometer graves injustiças. Mas, vejamos:

João da Silva Campos, que se preocupou em aglutinar registros hemerográficos regionais; Jorge Amado, o paladino da verve e dos tipos humanos grapiúnas; Cyro de Mattos, a maior representação viva da Literatura Cacaueira; Hélio Pólvora, um mágico das crônicas; Euclides Neto, cujos escritos falam da vida, da gente comum e ainda exalam a justiça social; Adylson Machado, dono de um vocabulário consistente e de uma escrita refinada; Sosígenes Costa, dificilmente surgirá outro igual.

RR: Você ocupa a cadeira 34 da ALITA, cujo patrono é Jorge Calmon. Poderia falar um pouco sobre seu patrono?

CJ: Calmon é baiano, nascido em Salvador, em 1915. Foi jornalista, político, escritor, historiador e professor. Escreveu e promoveu a cultura com afinco, a ponto de ser reconhecido como o último grande mecenas baiano quando nos deixou, em 18 de dezembro de 2006. Atuou no Jornal A Tarde, Instituto Histórico e Geográfico da Bahia, Universidade Federal da Bahia, Academia de Letras da Bahia, Associação Baiana de Imprensa, Tribunal de Contas do Estado da Bahia e Assembleia Legislativa da Bahia. Estas são suas obras publicadas em vida: Sua bibliografia inclui: A Flotilha Itaparicana, Problemas da  Indústria do Jornal, Manoel Quirino, político e jornalista, Grã Colômbia Vista e Comentada: Notas de um cronista às vezes indiscreto, Imprensas Oficiais no Brasil: Aspectos de sua história e seu  presente, Conceito de História, A cara dos fatos, As Estradas Correm para o Sul: A migração nordestina  para São Paulo, Promessas se Pagam com Pedra e Cal:  Crônicas de viagem, Santo Amaro: Devoção de José Silveira e A Revolução Americana.

 RR: Que papel sua família tem na sua caminhada?

CJ: A importância benévola dos meus pais foi imensa. É aflitivo para o ser humano não ter sido oriundo de uma família equilibrada que lhe serviu de base, de norte e de aio. Agradeço ao Eterno por ter me concedido tal mercê.

RR: Como você vivencia a transmissão de valores dentro da sua casa? Há ensinamentos dos seus pais que hoje você busca passar aos seus filhos?

CJ: Penso nisto todos os dias. Na verdade, em tudo que faço procuro repeti-los no seio familiar.

Por fim, o que você espera que permaneça de sua contribuição — não apenas como escritor ou historiador, mas como homem, cidadão e servo de Deus?

CJ: Anelo não ser pedra de tropeço. Espero ser, mesmo de forma pálida, um imitador do Cristo. Raquel, quem não vive para servir, não serve para viver.

Deuteronômio 16:19, serve como um lema para todo o que defende o ideal cristão: “Não pervertam a justiça nem mostrem parcialidade. Não aceitem suborno, pois o suborno cega até os sábios e distorce as palavras dos justos”.

 Entrevista publicada em 20 de maio de 2025.

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Comunicado- Data da Eleição

ACADEMIA DE LETRAS DE ITABUNA – ALITA

COMUNICADO OFICIAL

A Presidência da Academia de Letras de Itabuna – ALITA informa que a eleição para preenchimento das cadeiras nº 4 e nº 37 será realizada no dia 31 de julho de 2025 , no horário das 08h00 às 18h00.

A votação será conduzida conforme os dispositivos do Estatuto e do Regimento Interno da instituição, assegurando-se a participação de todos os membros aptos.

Contamos com a colaboração e o engajamento de todos para a escolha  dos novos acadêmicos, fortalecendo assim o compromisso da ALITA com a literatura, a cultura e a transparência institucional.

Itabuna, 10 de julho de 2025

Raquel Rocha

Presidente da Academia de Letras de Itabuna – ALITA

 

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Chamada Oficial para Atualização de Contato

A Academia de Letras de Itabuna  está atualizando seus registros e solicita, mais uma vez, que os membros Marialda Jovita Silveira e Naomar Monteiro de Almeida Filho entrem em contato com a instituição para atualizarem seus contatos de e-mail e telefone.

O contato deve ser feito através do nosso e-mail: alitaitabuna@gmail.com ou do nosso Telefone/WhatsApp: (73) 9961-6470.

Este chamado visa garantir a integração plena de todos os membros e fortalecer os laços que unem esta Casa das Letras.

A presença de cada acadêmico é essencial para a continuidade do nosso trabalho em prol da cultura e da literatura Grapiúna.

Diretoria da ALITA
31/06/2025

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Rafael Gama lança Abiã

No último dia 07 de junho de 2025, o Centro de Cultura Adonias Filho foi palco do recital de lançamento do mais novo livro do confrade Rafael Gama, ocupante da cadeira número 03 da ALITA.
O livro de poesias, cujo título Abiã remete ao aprendiz, nas religiões de matriz africana, foi recepcionado pela comunidade com música, poesia, teatro de dança.
A ALITA esteve representada por sete dos seus integrantes, Tica Simões, Ruy Póvoas, Wilson Caitano, Raimunda Assis, Jorge Batista, Silmara Oliveira, além do Rafael Gama.

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Chamada dos Membros para Guriatã, nº7

REVISTA DA ACADEMIA DE LETRAS DE ITABUNA – GURIATÃ Nº 7 

ANO 2024-2025

REGULAMENTO PARA ENVIO DE TEXTOS

Prezadas confreiras, prezados confrades

Atendendo ao artigo nº 26 do Regimento da Academia de Letras de Itabuna que orienta sobre a manutenção de uma revista como seu órgão oficial de divulgação, estamos solicitando a contribuição dos acadêmicos enviando textos de suas autorias para composição da Revista Guriatã nº 7 a ser lançada na solenidade de abertura das atividades da academia no ano de 2026.

          A Revista será constituída pelas seguintes seções:

  1. a) Ensaios
  2. b) Artigos
  3. c) Contos
  4. d) Crônicas Históricas e do Cotidiano
  5. e) Resenhas
  6. f) Poesias
  7. g) Discursos
  8. h) Homenagem ao Patrono
  9. i) Registros de Eventos
  10. j) Quadro Social da Academia de Letras de Itabuna

 Pedimos a atenção para os seguintes requisitos antes do envio de textos:

  1. O texto deverá ser enviado devidamente revisado pelo autor;
  2. Reserva-se à Comissão Editorial fazer nova revisão com as alterações necessárias;
  3. O texto em prosa, identificado o gênero literário, deverá ser justificado e digitado em formato WORD ou ODT, folha de papel tamanho A4, com margens laterais, superior e inferior de 2,5 cm, fonte Times New Roman 12, à exceção das citações e notas de rodapé que deverão ser digitadas em tamanho 10, parágrafos com recuo na 1ª linha, espaçamento 1,5 entre linhas e parágrafos. O título deverá estar centralizado em negrito e o nome do autor deverá estar alinhado à direita seguido de asterisco;
  1. Para poesia, o espaçamento entre as linhas é livre. O título, nome do autor e texto deverão estar alinhados à esquerda seguido de asterisco;
  2. No rodapé da página do primeiro texto de cada autor deverá constar precedida de asterisco, a microbiografia do seu currículo com ênfase no literário ou artístico e e-mail para contato. Máximo de 8 a 12 linhas em fonte tamanho 10;
  3. As referências (pesquisas de outras fontes), devem ser dispostas ao final do texto em prosa, organizadas em ordem alfabética pelo sobrenome do primeiro ou único autor, nome, título da obra digitado em negrito, edição, cidade, editora e ano (Exemplo: SOBRENOME, nome. Título em negrito. Edição. Cidade: editora, ano);
  4. Os trabalhos deverão ser enviados até o dia 31 de julho do corrente ano para o e-mail revistaguriata@gmail.com
  5. Os trabalhos que não se enquadrarem aos requisitos do regulamento não serão validados para edição.

Cordialmente

Clóvis Silveira Góis Júnior

Diretor da Revista

 

Ceres Marylise Rebouças de Souza

Maria Luíza Nora de Andrade

Raquel Silva Rocha

Conselho Editorial

 

 

 

 

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Chamada Oficial para Atualização de Contato

A Academia de Letras de Itabuna – ALITA está atualizando seus registros e solicita que os membros Marialda Jovita Silveira e Naomar Monteiro de Almeida Filho entrem em contato com a instituição para atualizarem seus contatos de e-mail e telefone.

O contato deve ser feito através do nosso e-mail: alitaitabuna@gmail.com ou do nosso Telefone/WhatsApp: (73) 9961-6470.

Este chamado visa garantir a integração plena de todos os membros e fortalecer os laços que unem esta Casa das Letras.

A presença de cada acadêmico é essencial para a continuidade do nosso trabalho em prol da cultura e da literatura Grapiúna.

Diretoria da ALITA
30/05/2025

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A GAROTA IDEAL: AFETO, EMPATIA E CURA- Por Raquel Rocha

A Garota Ideal- Afeto, empatia e cura


*Por Raquel Rocha

Dirigido por Craig Gillespie, Lars and the Real Girl, em português:  A Garota Ideal de 2007, é uma obra delicada, inesperada e humana. Estrelado por Ryan Gosling em uma das performances mais sutis e comoventes de sua carreira, o filme nos convida a mergulhar nos silêncios e nas dores de um personagem cuja fantasia não é fuga, mas sobrevivência.

A história parte de uma premissa que, a princípio, parece absurda: Lars, um jovem tímido e retraído, apresenta à família sua nova namorada, Bianca, uma boneca inflável adquirida pela internet. O que poderia facilmente descambar para a comédia grotesca ou para o humor fácil, se transforma, sob a direção sensível de Gillespie e o roteiro inteligente de Nancy Oliver, em uma fábula moderna sobre solidão, saúde mental, vínculo e, sobretudo, empatia.

Não sabemos se Lars acredita genuinamente que Bianca é real. Talvez ele tenha algum nível de consciência de que Bianca não é real, um tipo de insight fragmentado, mas prefere manter a ilusão como uma forma de se proteger emocionalmente. Bianca simboliza tudo o que ele nunca teve: uma figura de cuidado, acolhimento e aceitação incondicional. Para ele, que apresenta características compatíveis com um transtorno de personalidade esquizoide, a boneca não é um fetiche, mas um objeto transicional tardio, nos termos de Winnicott: uma ponte simbólica entre o isolamento e a possibilidade de se vincular ao outro.

A atuação de Gosling é comedida e cativante. Com gestos mínimos, olhares perdidos e falas pausadas, ele constrói um personagem que, mesmo preso em seu mundo interno, comove profundamente o espectador, despertando compaixão sem jamais recorrer ao sensacionalismo.

Outro acerto do filme é a forma como retrata a psicoterapia. A médica Dagmar (Patricia Clarkson) compreende o delírio não como algo a ser reprimido, mas como um pedido de ajuda. Em vez de confrontar Lars com a “verdade”, ela propõe que a família e a comunidade entrem na fantasia, não para sustentá-la indefinidamente, mas para permitir que ele, no tempo dele, reencontre a realidade.

E a comunidade acolhe a fantasia de Lars. Esse talvez o elemento mais utópico e mais bonito do filme. Os vizinhos, colegas de trabalho e membros da igreja decidem não ridicularizar Lars, mas abraçá-lo. Levam Bianca ao salão, à escola, à festa, aos encontros sociais. A boneca é tratada como um ser humano, e esse gesto, que beira o absurdo, revela a beleza do cuidado coletivo.

No clímax do filme, quando Lars começa a se despedir de Bianca, é como se estivesse finalmente pronto para nascer para o mundo . Um nascimento simbólico, doloroso, mas possível, porque foi gestado no útero do acolhimento, da aceitação e do amor.

A Garota Ideal é um filme que desarma. O que parece ser uma bizarrice se revela uma prece. Um lembrete de que há, sim, muitos Lars entre nós, pessoas que silenciosamente carregam traumas, medos, dificuldades de se vincular. E que não precisam de confronto ou exclusão, mas de acolhimento e tempo. Em um mundo apressado para julgar, A Garota Ideal pede paciência. E nos mostra, com poesia e compaixão, que amar alguém, mesmo quando é difícil compreendê-lo, pode ser o início de toda cura.

 

*Raquel Rocha é Psicanalista, Psicóloga, Especialista em Neuropsicologia, Saúde Mental,  Neuropsicologia e Terapia Familiar.

 

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CONVOCAÇÃO – ASSEMBLEIA GERAL

EDITAL DE CONVOCAÇÃO – ASSEMBLEIA GERAL

A Academia de Letras de Itabuna, com sede na Reitoria da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), situada à Praça Jose Bastos s/n, Centro, Itabuna Estado da Bahia, por ordem da presidente Raquel Silva Rocha, no uso de suas atribuições, convoca os membros efetivos para a assembleia  geral  ordinária, a realizar-se no dia 16 de junho de 2025, na modalidade online, às 18:30, em primeira convocação, com a presença da maioria absoluta dos votantes e, em segunda convocação, 19:30 com qualquer número de presentes conforme preceitua  o artigo 12, parágrafo único do Regimento da ALITA , com a seguinte Ordem do Dia:

  1. Leitura e aprovação da ata da reunião anterior.
  2. Atualizações sobre a gravação dos documentários com os membros.
  3. Biografias que faltam para o Compêndio Biográfico.
  4. Inadimplência.
  5. Membros Ausentes.
  6. Informes sobre a Guriatã número 7.
  7. Formação de Comissão referente Edital 01/2025.
  8. Medalha Jorge Amado
  9. Assuntos gerais (O que ocorrer).

Este Edital será publicado no site Academia de Letras de Itabuna.

Itabuna, 23 de maio de 2025

Eliabe Izabel de Moraes

Primeira Secretária

 

 

 

 

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