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Confraternização da Academia de Letras de Itabuna, 2023.

Por Raquel Rocha

Em uma noite repleta de calor humano, solidariedade e amizade, os membros da Academia de Letras de Itabuna se reuniram para o jantar de confraternização anual. O evento foi marcado por momentos de celebração, reflexão e fortalecimento dos laços de amizade.

Compareceram os alitanos: Ruy Póvoas, Clóvis Junior, Raquel Rocha, Janete Ruiz, Joana Angélica, Silmara Oliveira e Charles Sá, bem como familiares. Uma noite iluminada por risos, histórias e alegria compartilhada. Conversas animadas se entrelaçaram trazendo e tecendo memórias.

A confraternização da ALITA, nesta segunda-feira dia 04/12/23, foi uma noite especial, na qual os alitanos se reuniram celebrar mais um ano de muitas realizações e união.

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Tributo a Oduque Teixeira

TRIBUTO DA ACADEMIA DE LETRAS E ITABUNA A JOSÉ ODUQUE TEIXEIRA.

1932-2023

 

A ALITA-Academia de Letras de Itabuna, se solidariza com a família e amigos de José Oduque Teixeira, em virtude de seu falecimento.
Respeitado e admirado por todos foi um exemplo de ser humano, empresário e político. Que os bons exemplos deixado por esse grande homem público, sirva de conforto para todos.

Wilson Caitano
Presidente da ALITA

Com profundo pesar a ALITA lamento o falecimento do ex-prefeito, bacharel em Direito e empresário José Oduque Teixeira.
José Oduque contribuiu grandemente com o desenvolvimento socioeconômico da cidade, na qualidade de político e empresário e exerceu importante papel na comunicação jornalística. Tendo sido um dos homens de mais expressiva posse financeira, no sul da Bahia, o empresário sempre atuou com generosidade e absorveu colaboradores jovens, dando-lhes oportunidade de crescimento social e intelectual.
Nesta despedida, manifesto minhas condolências aos seus familiares e amigos, expressando social e intelectualmente grande reconhecimento por seu exemplo e por sua obra cidadã.
Que a sua alma descanse em paz.

 

Heloisa Prazeres

O Ilê Axé Ijexá, terreiro de Candomblé de origem nagô, nação Ijexá, vem a público externar sentimentos pela morte do senhor José Oduque Teixeira, ex-prefeito de Itabuna. Oduque foi um dos nossos padrinhos civis quando da inauguração pública do Terreiro no dia primeiro de janeiro de 1977.

A Oduque também devemos a abertura e pavimentação da Rua Getúlio Vargas, no Bairro Santa Inês, onde se localiza o Terreiro. As benfeitorias que ele proporcionou a Itabuna durante sua gestão de prefeito fazem parte do acervo de cuja memória grapiúna Oduque faz parte.

A comunidade do Ilê Axé, enlutada, reconhece o quanto de benefícios o senhor Oduque Texeira fez por nós. E alçamos pensamentos e corações ao Alto por ele, ao tempo em que temos certeza de continuarmos recebendo suas bênçãos de Padrinho lá, do Orun, de onde certamente ele se lembrará de nós.

Itabuna, 29 de novembro de 2023.

 

Ruy Póvoas Ajalá Deré

Babalorixá

José Oduque Teixeira foi mais do que uma testemunha viva do passar do tempo, ele foi a própria história. Nascido em uma era diferente ele viu a cidade se transformando e se tornou símbolo da resiliência e da força que caracterizam nossa Itabuna.

Além de suas realizações públicas, era no seu jeito simples que Oduque deixou sua marca mais profunda. Sua longa jornada de trabalho, honestidade e sabedoria ficará em nossa memória e continuará inspirar-nos a construir uma cidade melhor.

Descanse em paz, Oduque. Que o céu o acolha como guardião da história e eterno benfeitor de nossa amada Itabuna.

Raquel Rocha

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Um Autor Grapiúna na Wikipédia

Na Wikipédia encontra-se uma página dedicada ao escritor Cyro de Mattos.  Dados biográficos, atuações e produções literárias, relação da obra e  registro de prêmios relevantes, entre outras referências, lá estão com informes e considerações importantes a quem queira se inteirar sobre vida e obra do escritor grapiúna.

Link para visitação:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Cyro_de_Mattos

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MUSA RELES  e O POETA- Cyro de Matto

MUSA RELES 

Cyro de Mattos

 

Faço versos para ser útil

sem recorrer à musa

deletéria, prazerosa

de vaselina, serpentina,

o puxa-saquismo no estofo,

em elogio fácil a comida.

No verso sem ideia a sutil

manha que deturpa o belo

com os vícios da besteira.

O pieguismo na estrofe,

nesse lugar onde se reveste

de românticos sentimentos,

nunca lhe satisfaz a droga

da hipocrisia, que hipnotiza

como os trejeitos da farsa

sob o império da mentira.

20 Divisores de texto - Apenas copie e cole. Confira! — Steemit

O POETA

Cyro de Mattos

 

Os que presos

na musa sem brilho

assim me desejam,

desconhecem

que ser poeta

é meu modo

para sobreviver

na carícia de um beijo,

nas voltas de um mistério

quando me sopra o vento.

 

Andar sozinho

sem ambicionar

do mundo nada

a não ser o belo

de como me nutro.

Apenas voar no chão

quem de sonho

embarca no seco.

Se tudo é ilusão,

sonhar é sabê-lo,

criar é preciso

na solidão solidária

de um velho enredo.

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NOTA DE PESAR

É com profundo pesar que lamentamos o falecimento do querido Edmundo Dourado, um homem que dedicou sua vida à nobre missão da educação. Sua partida deixa um vazio inestimável na cidade de Itabuna e no coração de todos aqueles que tiveram a honra de conhecê-lo.

Neste momento de luto, expressamos nossas condolências aos familiares, amigos e eternos alunos do professor Dourado. Que encontrem conforto na lembrança de sua notável contribuição à educação e no legado que nos deixou.

Academia de Letras de Itabuna

ALITA

14/11/2023

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Professor Dourado

TRIBUTO A EDMUNDO DOURADO! -Silvio Porto

Tributo a Edmundo Dourado!

Professor Edmundo Dourado, um mestre da Educação grapiuna.
Homem valoroso, ético e honesto, durante toda sua vida profissional, política e familiar.
Foi professor , vereador, Presidente da Câmara de Vereadores e um ativo participante dos clubes de serviços e atividades sociais de Itabuna.
Defensor intransigente dos bons costumes, da família e da sua querida Itabuna.

Recentemente durante o São João na fazenda do seu genro Ricardo Amaral, tive a sorte e o privilégio de fazer uma entrevista com ele e fiquei mais admirador ainda de suas grandes qualidades, quando discorreu sobre a sua vida política e educacional. Foi um grande aprendizado.

É realmente admirável prestar homenagem a um grande mestre da educação da Bahia e a um político ético e valoroso, pois ambos os campos desempenham um papel fundamental no desenvolvimento de uma sociedade justa e progressista.
Educação é um dos pilares essenciais para o crescimento e transformação de uma nação. Um mestre dedicado e inspirador proporciona não apenas conhecimento, mas também valores, habilidades e perspectivas que moldam o caráter e o futuro dos alunos. Através de sua paixão pela educação, esse grande mestre influenciou positivamente a vida de inúmeras gerações, guiando-os para a excelência acadêmica e formação cidadã.
Da mesma forma, um político ético e valoroso é uma figura crucial para o bem-estar da sociedade como um todo. Enquanto representante do povo, ele se comprometeu com a honestidade, a transparência e o bem comum. Sua conduta exemplar serve como inspiração para outros líderes e cidadãos, além de promover a confiança na política e na gestão pública.
Portanto, uma homenagem a um grande mestre da educação da Bahia e a um político ético e valoroso considero um dever nosso e reconhecer a sua importância para o progresso social da nação Grapiuna e em especial de Itabuna, destacando seu esforços e contribuições em seus respectivos campos. Essa homenagem enaltece seu legado e inspira outros a seguir seus passos, investindo na educação e na atuação política comprometida com a ética e o bem-estar da sociedade.
Deus o acolha na sua infinita bondade.
Itabuna perde hoje um dos seus grande vultos na sua história contemporânea.
Obrigado Dourado!
Seu legado jamais será esquecido por todos que amam Itabuna e reconhecem com gratidão seu valor e a sua linda herança política e cultural para nossa cidade.

Silvio Porto de Oliveira
14/11/2023.

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O AUTOR E O LEITOR- Cyro de Mattos

Primeiro foi o leitor, tempos depois veio o autor, ambos os dois persistem até hoje, o segundo com mais intensidade, em diversos gêneros, a estrada a essa altura comprida. Adotado na escola e universidade. Com reconhecimento e distinções relevantes.  Primeiras leituras da infância foram em almanaque de farmácia e revistas em quadrinhos, ler era então simples passatempo. Vício entre o trivial e a aventura com os meus heróis imbatíveis: Homem Submarino, Batman, Mandrake, Fantasma, Capitão Marvel, Tocha Humana e Durango Kid. A galeria de heróis ampliava-se aos domingos, na matinê do único cinema da cidade. Na tela do Cine Teatro Itabuna: Tarzan, Falcão do Deserto, Roy Rogers, Flash Gordon e Robin Hood, dentre outros.

Descobri Monteiro Lobato graças a seu Zeca Freire, o dono da farmácia. Ele me emprestou dois livros de Monteiro Lobato, As Caçadas de Pedrinho e A menina do nariz arrebitado. Logo percebi que aquele autor vinha para ficar no coração da garotada, com novas vozes do mundo, novas cores do sonho.

Ao retornar das aulas do ginásio na pequena cidade, passava na livraria e papelaria A Agenciadora, que ficava na rua do comércio. Lá fui encontrando, aos poucos, Júlio Verne, Edgard Allan Poe e Charles Dickens. A leitura iniciante do menino do interior ia se enriquecer na Capital, para onde o pai o enviara sob a expectativa de ver mais tarde o filho se tornar um advogado. Lá costumava visitar a biblioteca pública do Estado e a do Colégio da Bahia (Central) e, quase todos os dias, passava na Livraria Civilização Brasileira, na Rua Chile. O estudante buscava nas bibliotecas, livrarias e “sebos” aquele espaço onírico que o prazer da leitura proporciona entre descobertas e sustos, carícia e emoção. O vício da leitura vindo da infância passava a ser um hábito, introduzindo no momento jovial uma prática social do indivíduo que é impelido a usufruir um objeto tecido com os sinais visíveis da escrita.

O ato de ler me faz pensar numa série de observações e sensações, gradações e variações próprias da natureza humana. Ninguém escreve um livro para ficar no fundo da gaveta, por mero diletantismo, razão pela qual não se separa os dois termos da equação livro e leitor. O que pode acontecer é que o autor de livros não passa de um incompetente usuário da palavra mítica e frustrado inventor de poemas ou peças de ficção. Por isso mesmo não fica, nasce morto, não conquista prêmios literários condignos, não possui leitores, seus textos em livro não recebe a atenção da crítica especializada. Evidente que esse tipo de autor não conta.

 O livro como um objeto tecido de elementos que buscam alcançar o leitor não é uma abstração teórica para ocupar tão somente a experiência pessoal do autor numa aventura intelectual. Inventada a história ou produzido o poema, cujo texto materializa-se no objeto escrito, o autor não mais exerce domínio sobre a sua ilusão em forma de linguagem, de um código cifrado no qual entram signos e símbolos. No ato de criar buscou a si e o outro, o apelo do pensamento não pode ficar indiferente. Há que pulsar em sentimentos e gestos, armadilhas e descobertas. Porejar nesse pacto íntimo em que se manifestam situações coincidentes, lembranças, afinidades, recusas, enfim, um relacionamento forte a circular em muitos casos como paixão, ao mesmo tempo que oscila em seu vaivém intervalar entre o amor e o ódio.

O que se espera dos que escrevem um texto literário? Domínio da língua e facilidade em organizá-la ou reinventá-la como linguagem de expressão pessoal. Habilidade no uso dos meios para a criação de uma obra de arte, no caso a obra literária. E, ponto essencial, capacidade para repercutir no outro o que é dele próprio, pensamento e emoção. O conteúdo fica por conta do interesse suscitado pela história inventada ou sentimento de mundo sugerido na ideia fixada através de uma forma eficaz.

Por uma necessidade obsessiva de manifestar pulsões vitais profundas, para conhecer a vida e transmitir o saber inconsciente, dizer o mundo além da superfície, fundá-lo, transformá-lo, escreve-se nesse gesto de solidão solidária, de sacrifício, mas que também dá prazer.  O parto se faz sofrido, entre sombras e ânsias, numa profissão de fé e amanhecer fundamental. O fluxo criativo emerge da tensão no drama, também  da escrita  com  ternura, graça, ludismo, ritmo fácil para fazer alegrias, trazer risos, tão necessários.

 Ler é colher no texto tudo o que foi escrito. É gostar, ver e sentir. Quem não lê, mal fala, mal ouve, mal vê. É se deixar invadir pelo espetáculo da vida posto de maneira atuante através da palavra sensível no texto cheio de significados. Há vários tipos desse personagem que sem a sua participação o livro é coisa morta. Sem circular com o leitor, o livro fica impedido de ampliar suas potencialidades de ver o mundo.

Para o leitor desavisado, comum, sem hábito e intimidade com questões estéticas, de linguagem e técnica, evidente que lhe interessa o livro  com um conteúdo de captura fácil. Este tipo de leitor é também importante, apenas difere daquele que busca os pontos essenciais da vida postos no texto.  Difere apenas no lugar que ocupa no ato da leitura. Para o outro tipo de leitor, o ato da leitura não é simples passatempo e prazer. Decorre da própria dinâmica da vida, dado que texto e homem estão sempre rompendo os limites no prodígio do existir. Para esse tipo de leitor, agora o ato de leitura é uma maneira de escolher a finitude e a grandeza da nossa condição humana. Já não há apenas passatempo e prazer, mas percepção do mundo de forma aguda, modo de revelar-se e impor-se através de uma abertura, sondagem e direção entre infinitas possibilidades vitais, encontro com os sentidos ampliadores de sua dimensão existencial. A leitura para ele pertence a três objetivos básicos do conhecimento: a amplitude, a profundidade e a utilidade. É aliada do autor numa cumplicidade mútua, o privilégio da fruição é substituído pelo da recepção em níveis mais largos. A obra literária não é uma companhia silenciosa, mas acontecimento que repercute a seu lado. Ela abre a sua alma, fala enquanto ele se fala, lê e se lê. Sentidos imaginados e ideias compreendidas num pacto íntimo, emoção e pensamento em vários graus de intensidade, coincidentes ou não.

Um terceiro tipo de leitor percebe-se naquele que escolhe elementos e ideias para uma operação crítica do texto. Separa, descobre, aprofunda, revela caminhos e prodígios que o leitor comum, e até mesmo o consciente de certos sentidos estéticos, não percebe na obra. Refiro-me aos críticos e aos professores de literatura. Necessários, em seus estudos e comentários, critérios explicativos e análises qualitativas, à compreensão do texto literário, através dos elementos que expressam a vida por meios de palavras polivalentes com sua feição mítica.

A leitura de um texto literário requer uma radical modificação em nossa maneira de ver e sentir o mundo. Costuma-se dizer que o gosto pela leitura se adquire pelo hábito de ler. Lento é o aprendizado que vai capacitando a romper com limitados conceitos de vida e predispondo a aceitar outras formas de manifestar o pensamento, dizer o mundo sem ser superficial. Penso que a mais profunda finalidade da arte literária seja a de colocar o ser humano em permanente reintegração e participação com a sua humanidade.

O ato de escrever que se completa com o de ler, enquanto concordância de verdade e beleza, vínculo de gravidade e jogo, equilibra a vida. Torna o viver suportável, essencial, útil, solidário e cativante. Digam que o fato político comanda o mundo. O econômico determina o indivíduo no seu dilema de ser animal faminto e sedento. Dado ser impossível a apreensão total da vida por qualquer forma de conhecimento, só restando captar a sua realidade por via indireta, impõe-se que para representá-la de modo mais abrangente o fato de usar as palavras polivalentes como meios de expressão. Depreende–se então que só a palavra tem o poder de construir verdades essenciais com metáforas, símbolos, alegorias e parábolas. Ou desfazer mentiras com impressões, emoções, sentimentos, que o autor logra extrair da vida. Nessa perspectiva, das rupturas em aceno como possibilidade do amor, em diálogo consciente com o mundo, só a palavra no texto literário, como expressão do eu consciente mais o outro mais o mundo, enriquece e não toma. Com suas mentiras verdadeiras produzidas na mente do autor, na alquimia do espírito, ao leitor oferta as mais amplas possibilidades de conhecer o eu e suas circunstâncias críticas.

Vale a pena repetir quem não lê, mal fala, mal ouve, mal vê. Pouco sabe dos múltiplos significados que, sob a superfície dos seres e objetos, desvendam os lados escuros no mistério da vida.

*Resumo da palestra proferida no Projeto “Encontro com o Leitor”, no “Encontro Estadual do Programa Nacional de Incentivo à Leitura Pró-Ler”, promovido pela Fundação da Biblioteca Nacional, Casa da Leitura-MINC e Rede de Leitura da Bahia, realizada no auditório da Faculdade de Direito da UFBA, em Salvador, 1997.

 

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Cyro de Mattos Ganha o Prêmio Literário Casa das Américas 2023

 

             Cyro de Mattos conquistou o Prêmio Casa das Américas 2023 com o livro Infância com Bicho e Pesadelo e Outras Histórias, segundo anunciou no dia 28 o diretor Jorge Fornet da Casa das Américas, em Havana, Cuba. O Prêmio Casa das Américas consiste no valor de 3000 dólares e a edição do livro premiado em dez mil exemplares pelo Fondo de Cultura Editorial da Casa das Américas. O livro é uma edição conjunta da Academia de Letras da Bahia e a editora da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA). Foi incluído pela Academia de Letras da Bahia na Coleção Mestres da Literatura Baiana.

          Os escritores e críticos brasileiros Mário Araújo e Clara Dias, junto com a crítica cubana Ingrid Brioso Riemont, integraram a comissão julgadora dos livros de ficção publicados em português entre 2020 e 2022. Concorreram 452 candidatos. A Comissão Julgadora decidiu premiar o livro Infância com bicho e pesadelo (e outras histórias), de Cyro de Mattos, “por ser un libro que absorbe al lector por sus narraciones poéticas de una inquietante levedad, que cautivan a quien lee, y que revelan un sor­prendente dominio del lenguaje. El volumen posee una calidad literaria única que refleja la madurez del autor”.

        As obras Mesmo sem saber pra onde, de JR Bellé, e Máquina rubro-negra, de Gustavo Castanheira, receberam menções nesta categoria de Literatura brasileira. Mais de 450 candidatos concorreram ao certame na categoria Conto.

          Um dos mais antigos e prestigiados prêmios de literatura no Continente, tendo atuado neste  como jurado Alejo Carpentier, Mário Vargas Llosa, Carlos Fuentes, José Saramago, João Ubaldo Ribeiro, Fernando Cardozo, o Prêmio Literário Casa das Américas já foi conquistado pelos brasileiros Oduvaldo Viana Filho, Ziraldo, Chico Buarque de Holanda, Nélida Piñon, Ledo Ivo, Ângela Leite,  Maria Valéria Rezende, Rubem Fonseca,  Moacyr Scliar, Dionísio da Silva e Silviano Santiago.

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CLAVE DA SOLIDÃO EM FERNANDO PESSOA- Cyro de Mattos

 

Fernando Pessoa é um poeta de grave meditação.  Sua poesia possui acuradas interpelações, o pensamento argumentativo refere-se ao que somos, fomos e imaginamos ser no futuro. De sua voz escorre a angústia, o delírio do sonho e o milagre que a poesia rara externa quando cumpre saber o mistério que nos cerca na existência. Poeta essencial do pensamento, dotou a Europa de poderosa razão no poema, com a   carga de uma lírica das mais importantes no século vinte. Visões nos versos que se fixam na vertigem das solidões imaginárias são produzidas através de raciocínios inteligentes. Convergem perplexidades no discurso que se estende para solidões do fim do mundo em cada um de nós, seus versos são como mãos que nos tocam no enleio de respostas para as mesmas incógnitas.

Pessoa escreve versos com magistral domínio da rima e da métrica. Muito de seu espantoso fazer poético é visto como resultado de vivências de estados imaginários. Nas intenções que empreende para alcançar o sonho, conhecimento de que na vida tudo é ilusão, sonhar é sabê-lo, tenta decifrar as formas invisíveis. O poeta de personalidade complexa chega a conclusões que reduzem as visões da existência ao nível de ideias altas. Sentimentos tornam-se sedimentados em conceitos merecedores de uma leitura que não se compraz com o deleite para a mística do ornamento. Ressoam no discurso feito com a tristeza de coisas reais, sob o convívio de vagos receios e fortes anseios.

Há uma conexão de ricas construções poéticas com vibrantes razões e saídas de uma loucura lúcida servindo de análise da existência. Um vínculo de gravidade e grandeza no que ele sabe dizer sobre o enigma do mundo com os outros, nas partes em que alcança com sua criativa marca pessoal, apoiada em imagística superior, pungentes visões oblíquas. Às vezes seus versos iluminam o ser com uma música finda que fere, mas que continua acordada no contínuo movimento da vida. Essa música que emana do sonho é para Pessoa a vida em si e contra si mesma, intensa do sim e do não.

O poeta conhece depressões, passeia por ínvios caminhos, vê as coisas se transformarem ou permanecerem duradouras, sem perdas, em cada estar no mundo. Sabe que nesta independência é que repercute com a sua voz neutra o enigma de tudo. Vozes contrárias existem no que o poeta tenta escutar, tornadas alheias aos que vivem e morrem na vida breve. Há momentos críticos, e são inúmeros, em que o poeta se perde por entre os caminhos do tempo ido. Nesta tristeza que numa ordem absoluta faz o céu sem luz e não cura a alma de seus males profundos. Roça no poeta a verdade de que lhe é impossível decifrar as formas sem formas, “essas coisas lindas que nunca existirão…”

 No rio ao pé de salgueiros

 Passaram as águas em vão,

Com tristezas de estrangeiros

Passaram pelos salgueiros

As ondas, sem ter razão.

Na alquimia própria do poeta eterno, que detém o tempo, a inaugurar novos sentidos, seus versos transformam sentimentos em pensamentos cristalizados. Plasmam tudo que vê e sente na decorrência de quem reconhece a terra e o céu na beleza de ser em si, mas que não dependem de quem durante a vida “perdeu a alma para os ter.” No céu amplo de desejo, o homem retraído, preso à solidão de tudo, faz de Pessoa um poeta de penetrante enfrentamento elucidativo do ser. Ele nos diz que é amante da beleza, embora reconheça que tudo é em vão. Mostra ter saudade do poeta da alma alheada, que ficou para trás em dado momento, escrevendo os versos que chegavam sem lhe exigir nada. Em contrapartida, o seu ser profundo é tomado de confusão absurda quando começa a saber que a terra é feita de céu.  Aparece dentro dele como se fosse de outra vida, dizendo-lhe que a morte chega cedo nessa substância oculta, que não se desvenda. Breve é toda a vida, confessa. Como numa espécie de andaime, que lhe é posto pelo eu poético, seus versos ecoam da vida breve por entre grandes mistérios, assombrosos abismos.

As ondas atormentadas do mundo habitam as zonas da imaginação alimentadas pela razão de viver desse poeta incrível.

          O que me dói não é

          O que há no coração

          Mas essas coisas lindas

          Que nunca existirão…

Neste mundo, que ele não sabe se é sonho, realidade, onde tudo é deixado, só temos a certeza única de que passamos como sombras do que fomos. Conflitos que na alma geram a terra e o céu, por onde passam as mesmas sombras, não deixam que o poeta mude o hábito de escrever versos fingidos como vínculo de interiores graves diante do mundo, os quais quase sempre trazem essas coisas vestindo nadas.

A lembrança do passado dá ao poeta a consciência de que só teve a vida mentida, feita de mágoas que não cessam, no rio que flui sem volta, e trégua. Rio subterrâneo, que relacionado com outros símbolos o poeta não sabe de quais terras vem e para onde vai. A vida vivida incerta, na esperança que pouco alcança, não apreende o tédio dessa substância oculta. Em tudo isso consiste a energia que alimenta o poeta na construção de seus versos, suas verdades e dúvidas, cheias de argumentos dotados de questões sérias.

A vida, por ser complicada, faz com que Pessoa tenha olhos para ver por meio da razão, que lhe deram como guia. Se a razão é guia que ilumina a obstinada fé e a ciência cega, reflete-se de seus versos uma voz brilhante numa espécie de loucura lúcida. É pouco chamar de talentosa essa maneira de se comportar o eu poético, pois sem dúvida é formada de altíssimo pensamento de horas fundas, profundas, singularíssimas, solitárias, mas a um só tempo plurissignificativas como aferição da existência. Diferentes no poeta que tem olhos para ver, separar, distinguir, juntar, compelido para que tente decifrar a existência no exterior em que ele se vê perdido como num deserto. Passageiro confuso, vê a noite vinda como nada, a vida como sonho. Na clave da solidão, para alcançar as sombras sem formas, Pessoa urde o artifício do caminho, e é também como ele esquece um pouco dele mesmo.

Para além de conhecer esta vida breve, fingidos os seus versos soam neste cancioneiro por onde as coisas escoam com o seu ritmo para coisa nenhuma. A alma do poeta remoinha nas portas do enigma, a vontade deseja penetrar muros. Isso o força a reviver, ler o que está em si e diante de si, exprimir em silêncio e com intensidade o tempo que teve sonhado e o perdeu nos anos.

Ter alguma certeza nas coisas desta vida, nessa loucura do querer compreender, o poeta acha ser difícil, há uma solidão imensa em tudo. E ele só acredita que se sente assim quem na existência caminha enganado.

    Se ver é enganar-me,

   Pensar um descaminho,

   Não sei. Deus quis dar-me

  Por verdade e caminho.

Evocação do homem através do verbo mágico, discurso instigante em usual pensamento do real vestido de sonho, dotado de arguta argumentação da inteligência, tudo mais Fernando Pessoa revela no seu Cancioneiro (Obra poética, Brasil, 1960).  Mostra o quanto experimenta sua natureza de poeta eterno, diferente e sozinho, no exercício da literatura de excepcional qualidade. Emissário da vida a morrer e a iludir, transmite, como uma fonte que não cessa, o quanto ausculta através da imaginação, questiona por meio dos abismos da razão. Como um ser solitário, que a certa altura vê no outro “um cadáver ambulante que procria.”

Sentir esse poeta genial, que à vida dá assomos e esgares, sinta quem lê o seu célebre poema “Autopsicografia”:

O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente.

 

E os que leem o que escreve,

Na dor lida sentem bem,

Não as duas que ele teve,

Mas só a que eles não têm.

 

E assim nas calhas de roda

Gira, a entreter a razão,

Esse comboio de corda

Que se chama coração.

 

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