DISCURSO DE POSSE – Por Ademilton Batista Santos

Saudações, nobres amigos confreiras, confrades e convidados presentes.

Saúdo, em especial, os amigos doutores Clóvis Nunes Aquino, Gláucio Mozer e Peter Devires, e também a toda a sua equipe em seus respectivos postos, que tiveram, em minha vida e quase morte, em 2021, um papel fundamental de importância e cuidados para que eu ainda estivesse aqui entre vocês. Não que eu tivesse medo de morrer, isso eu não tive naquele instante.
Mas tive medo de viver e não poder realizar os meus sonhos ainda inconclusivos.
Agradeço ao meu Bom Jesus Cristo, esse ser maior de força e luz, pela fé que o meu espírito abraça e habita em meu humilde coração, por me dar mais essa oportunidade de viver.
Ao meu querido filho Vitor, companheiro de jornada e amigo, esse grande ser, por me dar o socorro necessário a tempo de salvar a minha vida pela segunda e terceira vez, porque foi um infarto e um AVC; foram 27 dias em CTI ao todo.
O meu espírito se alegra e o coração agradece, mesmo que ligeiramente avariado pelos infortúnios dos acontecimentos que me acometeram naquele ano.

Mas, graças a Deus, os dias que me condenaram não tiveram força suficiente para me tirar o brilho dos meus olhos e a luz do meu querer viver, que só uma força maior que comanda tudo é capaz de dar.

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Ademilton Batista Santos é poeta, escritor e apresentador. Autor de “Vencendo o Tempo”, idealizador do projeto “Poesia que Cura” e criador do programa “Café com Poesia e Cinema” na TVI. É membro efetivo da Academia de Letras de Itabuna – ALITA. E-mail: ademiltonbatista.escritor@gmail.com

Enquanto as noites vinham trazendo solidão ao meu leito, o sol, pela manhã, brilhava na janela que estava acima da minha cabeça, e os seus feixes de luz e energia acalentavam a minha pele, me esquentando do frio do local.
Sucederam longas horas, e o tempo uivava diante de mim, determinando as minhas novas estradas a seguir em suas dobras, delineando os meus novos passos, mostrando o meu novo voo e como eu deveria andar em curvas com direções retas.
Todo o acontecido me fez refletir sobre tudo, e o que eu realmente vim fazer aqui ficava mais nítido aos meus pensamentos.
Me ajudando a vencer o tempo — que, aliás, é o título do meu primeiro livro —, que reúne toda a minha obra quase pronta, pela qual acredito ter ficado vivo para terminar e imortalizar o que aqui comecei.

Às vezes pensamos que escolhemos a vida que queremos ter ou levar. Mas é a vida que nos mostra, a todo instante, que nós não temos o controle nem a liberdade total para as escolhas.
A vida é uma mensageira da natureza viva, que nos escolhe para nos dar as tarefas diárias e missões que por ela devemos receber.
Acredito que temos, sim, fragmentos de liberdade para algumas pequeninas escolhas. Entendo que somos livres apenas para acreditar que somos livres e que podemos escolher.
Por isso, aceito os desafios impostos pelo destino e as tarefas que a vida me traz no dia a dia, me concedendo os devidos estímulos a conduzi-las pelas veredas dos caminhos do tempo.

Outrossim, apesar de ter em meu currículo outras posses acadêmicas em território nacional e até internacional, sentia que ainda me faltava algo mais valioso a conquistar.
E um dos tesouros estava aqui, na cidade que abracei como a minha segunda terra natal, a qual eu renasci.
É uma honra única para mim ter sido eleito e empossado esta noite como membro imortal da cadeira número 04 da ALITA — Academia de Letras de Itabuna —, tendo como patrona a professora e escritora Helena de Borborema.

Ter Helena como minha patrona é para mim motivo de orgulho e responsabilidade. Ela não foi apenas uma educadora marcante de Itabuna, mas uma mulher que deixou um legado de cultura e memória através de sua obra. Autora de Terras do Sul, Retalhos e Lafayette de Borborema – Uma vida, um ideal, Helena registrou a história e a identidade de nossa gente, com emoção e humanidade. Seguir sob sua inspiração é continuar o trabalho de dar voz à memória coletiva e à esperança de nosso povo.

Assim disse o nosso ilustre e nobre confrade fundador desta confraria, escritor Cyro de Mattos, sobre: Autora de “Terras do Sul”, livro de memórias e imaginação que se unem para testemunhar o quadro social e humano daqueles idos de Tabocas.
Para a professora universitária Margarida Fahel, “Terras do Sul” são estórias simples, plenas de “emoção e humanidade, querendo inscrever no tempo a história de uma gente, o caminho de um rio, a esperança de uma professora que crê no homem e na terra”.

Gostaria de expressar a minha profunda gratidão aos alitanos pelos votos depositados nessa eleição.
Sem a confiança depositada, eu não teria tido o êxito necessário para essa nova missão de minha vida, designada pelo universo.
Entendo que esta será a minha família literária nesta cidade que abracei desde os 29 anos e que atualmente resido.
Sinto-me feliz e honrado em poder fazer parte desta conceituada instituição acadêmica que tanto se destaca pela sua competência e excelência em literatura, letras e artes.
Para mim, é um privilégio compor o quadro de membros imortais desta nobre confraria.

Como alguém um dia me disse — e eu acreditei —, e hoje tenho a certeza desse fato, porque agora estou aqui a dar mais um passo nessa minha história terrena.
Disse-me assim esse ser tão especial, quando esteve e se apresentou a mim, que:
Os céu hoje está em festa, porque os seus feitos e pedidos chegaram aos mais longínquo grau de comando do além vida.
E que eu continue nos caminhos do bem ao próximo sem medo e você nunca estará sozinho nessa caminhada.
O meu olhar se iluminou e o meu coração recebia ali um incentivo de futuro a viver.
O que eu não sabia era que esse ser iluminado não estava falando somente do meu presente. Mas, também, do meu futuro que agora se inicia. Um futuro que acredito que apreciarei e ajudarei a construir a partir daqui.

A minha história começou aos 7 anos, quando falei pra mim mesmo várias coisas e me perguntei:
Quem sou eu? De onde eu vim? O que estou fazendo aqui? Essas perguntas me rodearam durante 50 anos, sem obter respostas.
Após os 07 anos até os 19, eu trabalhei com o meu pai e escrevia diário para preencher as minhas horas e que mais tarde adormeceria para viver uma realidade sem respostas.
Desde cedo, trabalhei com o meu pai, que era vendedor ambulante de frutas e verduras em Salvador, cidade onde morávamos. Iniciei trabalhando aos 07 anos, ficando com ele até os 19 anos.
Deixo aqui in memoriam gratidão ao meu pai Antônio Batista Santos e à minha mãe Jovelina Maria Santos; sem eles eu não existiria.
Acumulei, assim, ensinamentos práticos da vida, amadurecendo meu corpo antes da hora.

Após completar 19 anos, tentei ser jogador de futebol, ingressando no juvenil do Esporte Clube Bahia, permanecendo no grupo por dois anos e meio, desistindo da carreira de jogador.
Foi quando recebi um chamado para ser bancário, ingressando no antigo Banco Bamerindus do Brasil, em Salvador, passando por várias funções internas até a gerência, ficando por um período de 10 anos, até meados do ano de 1989.
Precisamente em agosto de 1989 e, em setembro, recebi um convite do meu sogro Gilvan Xavier, que era contador de números aqui nesta cidade, e então aceitei migrar de Salvador para Itabuna.
Convivi aqui de 1989 até 1995, quando retornei a Salvador. E aí o destino novamente reescrevia a minha história.
Foi quando minha esposa, que está hoje aqui me prestigiando, então grávida de Vitor, decidimos retornar a Itabuna, como se aquela nova passagem por Salvador era apenas para conceber o meu filho Vitor Augusto Xavier, também aqui hoje e a quem devo a minha vida de volta para uma nova realidade que se iniciava, diferente de tudo já vivido antes.
Entre 10 e 13 de setembro do mesmo ano, migrei novamente para Itabuna para poder receber o meu filho em 1997 e permanecendo aqui até os dias de hoje.
Fico feliz que algumas de minhas perguntas existenciais foram e estão ainda sendo respondidas, desaquietando meu espírito viajante.

Quando eu pensava que a minha vida estava estagnada, por estar adormecido para a vida, insatisfeito com tudo e comigo mesmo, às vezes um pouco depressivo por não ter descoberto o meu rumo, novamente o meu filho tem a brilhante ideia de criar um filme, me fazendo o convite para ser o seu ator principal. Ele tinha 16 anos nessa época. Estávamos de férias em Maceió e ali nascia o filme Arthur.
Nesse momento, eu renascia novamente para a vida. Só que, dessa vez, ele me trazia do limbo para a realização de todos os meus sonhos. Daí por diante, a vida me respondia e reescreveu a minha estória, finalmente me respondendo as perguntas que os 50 anos vividos não obtive respostas.
Comecei a escrever pequenos poemas curtos para o filme, com base em fotos e vídeos de filmagens, para o filme que falaria sobre uma das mais cruéis doenças da humanidade: o Alzheimer.
Daí por diante, se abriu um portal existencial imensurável, trazendo à vida o poeta, o escritor, o romancista e o contador de estórias. Eu deixaria de ser um mero coadjuvante contador de números para ser um contador de histórias e criador de sonhos.
Nada foi mais como antes, e este aqui é apenas o começo de mais uma nova história que se inicia.
Assim sendo, meu filho novamente me colocara no caminho correto, com mais respostas e propósitos para a minha jornada restante de minha vida. Acredito ter sido também a jornada dele aqui me trazer vida interior.

A minha história literária aqui em Itabuna se iniciou com meu filho levando uma poemas meu a Livana Fontes, da antiga Rádio Nacional, que logo me convidou para uma entrevista junto com meu filho para falarmos — ele de cinema e eu sobre literatura e poesia —, em seguida me convidando para uma participação especial de dezembro minutos em seu programa de rádio Boa Tarde Mulher e assim ficamos de outubro de 2017 até junho de 2018, foi quando nasceu a ideia de criar um programa de rádio nosso e então nascia ali o projeto Café com Poesia, um projeto para rádio e TV, e assim aconteceu: em setembro de 2018, poucos meses depois, o projeto se expandia indo para a TVI de Itabuna, de Barbosa Filho, levado pelo amigo escritor e jornalista, também apresentador na TVI, o Kleber Torres, e assim sendo visto nas minhas redes sociais pelo mundo, América do Sul, Europa, Ásia e África. Ainda persistindo até hoje e levado ao ar na TVI de Itabuna toda quinta-feira às 11 horas da manhã.

Obrigado, meu filho e minha esposa, minha companheira e meu amor, pelo seu amor e paciência por acreditar em mim nessa longa jornada.

Com certeza, tomar posse na ALITA — Academia de Letras de Itabuna —, esse foi o meu maior desafio.
E afirmo que as forças contrárias podem tentar me esmorecer, a tudo dificultar, até tentar me impedir, porque o meu projeto é nobre e a minha missão aqui também é…

Mas não terá êxito, porque tenho os céus a meu favor, como disse Jesus Cristo, não desanime porque eu estarei contigo e assim creio.
Eu não tinha dúvida que seria difícil, mas não impossível de se realizar e aqui estou.
Tomo posse sim, com humildade, com carinho e amor e com a aprovação também dos céus.
Porque acredito que temos uma missão a cumprir e Deus como sabedoria de todas as coisas está nos guiando para uma finalidade maior aos nossos empenhos terrenos.

As dificuldades, os desafios e impedimentos sempre existirão.
As forças contrárias ao bem poderão até tentar atormentar meus sonhos, tentando impedir os gestos mais nobres que dão sentido à minha vida.
Mas, a vontade, o foco, e a minha determinação, aliados ao objetivo final, vencerão a tudo.
A todas as vaidades terrenas, superando até os próprios desafios impostos pelo tempo. E que venha o meu Projeto Poesia que Cura, e agora não é mais meu sozinho, apresentei à ALITA e convoco aqui todos os Alitanos a ingressar nesse sonho de um acalento aos mais necessitados de amor, de carinho e de sonhos de ideais adormecidos.

Que Deus ilumine sempre as nossas mentes e os nossos corações em prol de um mundo cada vez melhor e mais humano para todos nós.

Viva a poesia, vida longa à ALITA,
Ademilton Batista Santos

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