EM MEU CANTO
Cyro de Mattos
Embora alguns não queiram,
Sou do bem, logo penso:
Existo blindado por Deus.
Nessa estrada comprida
O corpo reclamando,
Quero ficar no meu canto.
Desconheço o desencanto,
Na paz desse encontro melhor
Ouvir uma música primaveril.
Entre gorjeios e volteios,
Enquanto as nuvens passam
Conversar com os passarinhos.
II
Escritor
Dentro das letras viveu.
Nunca quis leitor aos montes.
Desejou o belo.
*********************
FLOR
Cyro de Mattos
Bela! bela!
Mal desponta,
Desaparece.
Mas a da alma
Sempre perdura
Porque na alma
Tece e acontece.
*********************
MALANDRINHO PEPEU
Cyro de Mattos
Sou pesado mesmo,
Quieto, isso não,
Meu dentinho no doce
Eta satisfação.
Ô papai, ô mamãe,
No domingo me levem
Pra brincar de nadar
Na onda azul do mar.
Só não me deixem afundar!
*********************
IMAGINANDO NAVIOS
Cyro de Mattos
Navio no mar
Com sereia e luar,
Navio no azul
Sopra nele o vento sul,
Navio encalhado
Chegará ao outro lado?
Navio no porto
Sob o sol de agosto,
Navio de pirata
Carregado de ouro e prata.
Navio na guerra
E o canhão que não erra,
Navio no fundo
E o silêncio profundo.
*********************
ALFAIATE
Cyro de Mattos
Pijaminha.
Calção.
Calça curta.
Farda.
Calça comprida.
Paletó.
Terno preto.
Nas mãos
caprichosas
o tempo
paciente
sempre
costurava
suas medidas
exatas.
*********************
SINO DE BELÉM
Cyro de Mattos
Blem blem blem,
Toca o sino de Belém.
Faça o bem, faça o bem,
Não importa a quem.
Tudo bem, muito bem,
Toca o sino de Belém