A TEORIA DA JANELA QUEBRADA E A PRAÇA DA MATRIZ- Marcos Bandeira

           Há alguns anos, precisamente em 1982, a Universidade de Stanford nos Estados Unidos realizou uma pesquisa na área de psicologia social, baseada no artigo de James Q. Wilson e George L. Kellinn intitulado “Broken Windows Theory”, ou seja, Teoria das Janelas Quebradas. O estudo consistia em deixar dois veículos novos e idênticos abandonados em dois bairros dos Estados Unidos, sendo que um dos bairros era de uma zona pobre e o outro, de uma zona de classe média alta, supostamente seguro.

           O veículo abandonado que ficou na zona pobre, em poucas horas foi depenado e os larápios levaram quase tudo do carro: as rodas, o motor, as poltronas, enfim, quase tudo. Enquanto isso o veículo abandonado no bairro rico permanecia intacto e já havia passado uma semana até que os pesquisadores quebraram uma janela do veículo. Em menos de 24 horas, foram desencadeados vários atos de vandalismos, ficando o veículo nas mesmas condições daquele que estava abandonado na zona pobre dos Estados Unidos.

         A pesquisa revelou que o vidro quebrado num veículo abandonado num bairro aparentemente seguro passou a ideia de abandono, de anomia, como se aquele lugar não tivesse lei e que tudo ali era possível, pois grassava a desordem e ausência completa do Estado como também o desinteresse da sociedade.

         Trazendo essa teoria para nossa realidade grapiúna, passei a refletir sobre o completo abandono da Praça da Matriz de Itabuna ou Praça da Catedral São José. Passa gestor, entra gestor, e a Praça continua ignorada. Não sei se o gestor está brigado com o bispo e nem quero saber, mas a minha constatação é objetiva. A praça está entregue aos meliantes e aos desocupados.

           Por que a Praça da Matriz, geralmente considerada como cartão postal de qualquer outra cidade, encontra-se abandonada em nossa Itabuna? Hoje o termo da moda é “requalificação” e assim, “requalificam-se” todas as praças importantes do centro da cidade, algumas até mais de uma vez; mas por que não “requalifica” a praça da Catedral São José?

           Na esteira da referida teoria, e diante do seu completo abandono por parte do Poder Público, a Praça da Catedral São José continua com a iluminação precária, possuindo vários pontos cegos e escuros, além de não ser policiada, nem mesmo pelos guardas municipais. É comum encontrar vários núcleos de pessoas desocupadas utilizando e passando drogas. Esse fato pode ser constatado por qualquer pessoa que passar por ali.

           Também ali já ocorreram fatos mais graves: furtos de veículos, furtos em veículos estacionados, inclusive no caso mais recente, a vítima era uma policial militar. Já ocorreram assaltos contra alguns fiéis quando saíam da missa da Catedral. Por que será que esses atos criminosos acontecem na Praça da Matriz? A explicação lógica é a sensação de abandono do local. A praça possui uma formação de relevos e ondulações, o que a torna ainda mais insegura, pois existem pontos que não são visualizados totalmente.

          Faz-se necessário e urgente que o gestor público atual compreenda que a questão da “requalificação” da Praça da Matriz ou Praça da Catedral São José não é apenas uma mera questão de estética, e sim, de segurança pública, pois o Estado e a sociedade, de um modo geral, precisam ocupar esse espaço para que os cidadãos, principalmente as crianças e pessoas idosas possam exercer o seu direito de ir e vir com segurança, sem medos e sobressaltos.

 

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