Ninguém completa cem anos impunemente. E José Oduque Teixeira chega a esse limite, transportando o fardo de ter vivido até agora se fazendo útil a seu tempo.
Há várias e múltiplas facetas em tão longo viver. Seriam necessárias várias páginas para uma abordagem que fizesse jus a uma pessoa batalhadora, tal qual tem sido Oduque Teixeira.
Homem de negócios, bem-sucedido, de caráter vigoroso, vontade de ferro, seriedade em tudo que faz. Político que soube equilibrar as contas do município de Itabuna quando foi prefeito, num mandato brilhante.
Formado em Direito pela UESC, mas preferiu continuar sendo homem de negócios e deixou a vida política sem mancha alguma. Nunca se ouviu falar de um ato de corrupção por parte de Oduque na sua trajetória política.
Guardo comigo, de um modo muito particular e pessoal, dois eventos protagonizados por Oduque, ambos relativos ao Bairro Santa Inês. Fui um dos primeiros moradores daquela localidade, desde 1974, quando Amélio Cordier iniciou o loteamento.
No planejamento do bairro, haveria de ter uma rua que se iniciasse ao lado da futura igreja de Santa Inês e subisse até a sentada do morro. Acontece que havia um lote sob o domínio de um oleiro que não permitiu que a citada rua passasse por sua propriedade. Os transeuntes tinham que dar uma volta para chegar até a parte de cima do Alto da Lua.
Quando Oduque soube disso, reuniu seus assessores, garantidos pela guarda municipal, e caminhou para lá, com um trator. De repente, o traçado da Rua Getúlio Vargas se fez de verdade.
O segundo momento que guardo diz de Oduque enquanto pessoa destituída de preconceito. Foi no dia primeiro de janeiro de 1977. Estávamos nos preparando para o ritual de inauguração do Ilê Axé Ijexá, no final da Rua Getúlio Vargas. Tínhamos convidado pessoas de vários segmentos sociais.
Fomos surpreendidos com a chegada também de José Oduque, Lindaura Brandão, Maria Rita Fontes, Eolo Kamei, Denílton Martins, Carlos Eduardo Pitanga, Eduardo Reis e Mercedes Suzart. Esse grupo de pessoas amigas se fez padrinhos e madrinhas civis do terreiro que estava sendo inaugurado.
Agora, Oduque completa 100 anos de vida, cercado por seus familiares, entes queridos, amigos de outrora. E em nós, a profunda alegria por presenciarmos tão importante data de pessoa tão ilustre, tão benfazeja em relação a nossa cidade de Itabuna.
Obrigado, Oduque. O Ilê Axé Ijexá pede-lhe a bênção na condição de afilhado civil seu. E que as bênçãos das Forças Criadoras do Universo se derramem sobre você e de quantas pessoas que o cercam.
Loni oju odum! Feliz aniversário, dileto amigo.
Itabuna, 18 de outubro de 2023
Ruy Póvoas – Ajalá Deré, Babalorixá