Ao se pensar em praça, vêm à mente imagens de bancos, flores, árvores, pessoas conversando, descansando, passando, olhando o tempo que foi, que é, que virá. Algumas pessoas olham ensimesmadas na direção de um tempo que ficou em algum lugar do passado. Mas, na praça desfila também um mundo menos romântico: mendigos fazem dela sua cama; hippies tecem suas bijouterias; raizeiros apregoam e vendem suas poções mágicas; ambulantes expõem seus produtos; floristas vendem suas flores. A praça é, também, em alguns momentos, o templo de eventuais cultos religiosos, o púlpito de pregadores de promessas eternas e do fogo do inferno, o palco de malabaristas, o palanque de políticos. Pode ser ainda o lugar da degradação humana: jovens usando drogas, crianças cheirando cola, mendigos implorando por um pedaço de pão. Resumindo, pode-se dizer que a praça é o placo onde se apresentam os mais diversos eventos da vida urbana.
As praças têm significados específicos no cenário urbano: umas indicam o marco inicial de uma área urbana, outras representam fatos que marcaram a história do povo do lugar, outras ainda sinalizam para feitos de um determinado político ou homenageiam uma personalidade internacional, nacional ou local.
Além de se apresentarem com significados específicos, as praças têm, também, funções definidas, que vão se forjando com o uso que os cidadãos fazem delas ao longo do tempo. Existem as praças que são um local de descanso, de fazer nada, de jogar conversa fora, enfim, de ver “a banda passar”. Outras são utilizadas para passagem, para esperar o transporte que as leve a algum lugar para onde queiram ir. Há as praças que servem de ajuntamento de pessoas que fazem trocas de objetos, vendem artigos adquiridos de forma um pouco enviesada: são as chamadas “ilhas do rato”. Existem praças que são parque infantil, onde as crianças, acompanhadas de algum adulto, ou acompanhadas de si mesmas, divertem-se nas gangorras, nos túneis, nos balanços. E há as praças de onde partem as reivindicações sociais, os protestos, as manifestações políticas, religiosas, as passeatas apregoando as qualidades políticas de um candidato a alguma coisa. As praças, em geral, são o lugar onde os “sem teto”, ao abrigo da abóbada celeste, descansam seu corpo cansado, para, em seguida, sair à procura de algo que, para eles, não está em lugar algum. Mas, as praças podem ser, também, o palco de ritmos e instrumentos, de música que enleva e que diverte.
Toda cidade tem sua praça, por menor que seja. É na praça, ou nas praças, por ser um espaço público, que as pessoas transitam livremente, chegam e saem à hora que querem, sem que sejam molestadas, pois a praça é do povo. Lugar de ajuntamento, de passagem, de comércio informal, de discursos, de pregações religiosas, de apregoar virtudes de raízes e simpatias, do mendigo, do sem-teto. Lugar de todos. Lugar de ninguém.
Algumas praças ficaram famosas e adquiriram status de signo-símbolo, como por exemplo, a praça de São Pedro, em Roma, a praça de São Marcos, em Veneza, a praça da Sé, em São Paulo, a praça da República, no Rio de Janeiro, a praça do Pelourinho, em Salvador, a praça Dom Eduardo, em Ilhéus, a praça Olinto Leone, em Itabuna, entre tantas outras.
No centro de Itabuna, algumas praças ostentam um passado que ficou na memória da cidade e cujo significado precisa ser desvendado (praça Firmino Alves). Outras servem de descanso para pessoas que esperam transporte para voltar a seu bairro (praça José Bastos). Outras ainda se constituem em pontos de concentração para caminhadas de manifestações reivindicatórias (Jardim do Ó). Há praças que oferecem lazer nos finais de tarde e nos finais de semana (praça Olinto Leone). E há as que são um largo, servem de estacionamento e passagem (praça Adame).
Em síntese, as praças do centro de Itabuna, consideradas como signos importantes são as praças Santo Antônio, Adami, Olinto Leone, José Bastos, Otávio Mangabeira (mais conhecida como Praça Camacan) e Jardim do Ó.
*Texto do livro da autora, “O centro da cidade de Itabuna: Trajetória, Signos e Significados”. Editus.