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MUSA RELES
Cyro de Mattos
Faço versos para ser útil
sem recorrer à musa
deletéria, prazerosa
de vaselina, serpentina,
o puxa-saquismo no estofo,
em elogio fácil a comida.
No verso sem ideia a sutil
manha que deturpa o belo
com os vícios da besteira.
O pieguismo na estrofe,
nesse lugar onde se reveste
de românticos sentimentos,
nunca lhe satisfaz a droga
da hipocrisia, que hipnotiza
como os trejeitos da farsa
sob o império da mentira.

O POETA
Cyro de Mattos
Os que presos
na musa sem brilho
assim me desejam,
desconhecem
que ser poeta
é meu modo
para sobreviver
na carícia de um beijo,
nas voltas de um mistério
quando me sopra o vento.
Andar sozinho
sem ambicionar
do mundo nada
a não ser o belo
de como me nutro.
Apenas voar no chão
quem de sonho
embarca no seco.
Se tudo é ilusão,
sonhar é sabê-lo,
criar é preciso
na solidão solidária
de um velho enredo.