POEMA CONTRÁRIO AO VANDALISMO- Cyro de Mattos

 

Prefere-se esfacelar a aurora,

do amor a pauta é rasgada,

na vergonha a vida esmurrada.

 

A vida, ah, a vida, no derrame

do desamor assim estuprada,

as entranhas da urbe nas dores.

 

Ventos sangram a palavra

como expressão da liberdade,

a beleza em forma de arte.

 

Sepultam a pomba na selva,

a maldade nas horas devastadas

são cenas aramadas, amargas.

 

Deixam que eu me veja utópico,

cantor duma união geral antiga,

na flor que perfuma o meu sonho.

 

Capaz de derrotar todos os danos

urdidos há milênios por ódios

advindos de perversos confrontos.

 

Exala em amenidade de nuvem

do que hei de ser com verdes laços,

basta que tudo acresça e não subtraia.

 

Venerada mãe terra, nas tuas leis

basta ser os agrados que recebeste

dos céus, pois que dos céus és filha.

 

No som dessa música cativante

afloram anunciando a benção

essas rações de tudo para todos.

 

Apesar das botas impassíveis

há os verdes que despontam,

os maduros caindo nas rumas.

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