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“Só existirá democracia no Brasil no dia
em que se montar no país a máquina
que prepara as democracias. Essa
máquina é a da escola pública.”
Anísio Spínola Teixeira
12 de julho, um dia especial! Data em que celebramos os 120 anos de nascimento do grande educador baiano, filho de Caetité, Anísio Spínola Teixeira. O seu protagonismo na história da educação brasileira é de fundamental importância. Foi um dos ativistas mais entusiasmados do Movimento da Escola Nova, defendia os princípios do ensino público, gratuito, laico e democrático. Ele lutava por uma educação como direitos de todos e não privilégio da elite dominante.
Atuou, durante grande parte de sua vida no desenvolvimento de projetos de gestão democrática na educação publica. Aos 24 anos, foi Secretário de Educação da Bahia, desenvolvendo planos de reformas e democratização da educação no Estado. Sempre com a ideia de uma educação integral, a exemplo da Escola Parque, construída no bairro da Liberdade, um local pobre e populoso da capital baiana. Esta escola permanece em atividade até hoje. Anísio Teixeira exerceu vários cargos executivos, foi Secretário da Educação do Rio de Janeiro, onde realizou uma ampla reforma na rede de ensino, a partir de uma visão de sistema, em que se integra o ensino da escola primária à universidade. Também fundou a Universidade do Distrito Federal, em 1935 e que, pouco tempo depois foi transformada na Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil. A militância político-educacional de Anísio foi interrompida durante o período ditatorial do Estado Novo. Nesse momento, recolheu-se á sua cidade Natal e passou a se dedicar a atividade de mineração, trabalho desenvolvido pelos familiares.
Anísio Teixeira retoma as atividades educacionais em 1947 e, mais uma vez, assumiu o cargo de Secretário da Educação da Bahia, realizando reformas importantes. É consagrado como excelente gestor criador de políticas públicas de educação. Em 1951, assumiu a função de Secretário Geral da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), tornando-se, no ano seguinte, diretor do INEP (Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos). Também participou em 1950 dos debates para a implantação da Lei Nacional de Diretrizes e Bases, sempre como árduo defensor da educação pública. Também, ao lado de Darcy Ribeiro foi um dos fundadores da Universidade de Brasília, da qual se tornou reitor em 1963. Mas, com o golpe militar de 1964 afastou-se do cargo e foi para os Estados Unidos, lecionando nas Universidades de Colúmbia e da Califórnia. De volta ao Brasil em 1966, tornou-se consultor da Fundação Getúlio Vargas. Não obstante, ter uma trajetória atribulada no exercício de tantos cargos e funções públicas ao longo de sua vida, o educador publicou muitos livros e artigos, podemos destacar alguns: Educação Progressiva, Educação para a Democracia, Educação não é Privilégio, Educação é um Direito. Nestas obras estão cravadas suas idéias há mais de 70 anos e algumas delas, ainda hoje, não foram implantadas. Contudo, nos anima a certeza de que idéias não morrem.
Em 1971, o seu amigo Hermes Lima, o anima a candidatar-se para uma vaga na Academia de Letras. Anísio iniciou uma série de visitas protocolares aos Imortais e numa das últimas visitas esteve com o lexicógrafo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, quando desapareceu em circunstâncias misteriosas. A família preocupada passou a procurá-lo, sendo informada pelos militares de que ele se encontrava detido. Após dois dias do desaparecimento, em 14 de março de 1971, o seu corpo foi encontrado, no fosso do elevador da residência do Aurélio, na Avenida Rui Barbosa, no Rio de Janeiro. Apesar do laudo de morte acidental, há suspeitas de que tenha sido vítima das forças de repressão do governo do General Emílio Garrastazu Médici.
Diante do legado histórico deixado para o povo brasileiro por este educador que dedicou a sua vida em defesa de uma escola pública democrática e de qualidade para todos, é que nós da Academia de Letras de Itabuna (ALITA) rendemos as nossas mais sinceras e profundas homenagens ao educador Anísio Teixeira