Apaixonada pelas causas que abraçava, palavra forte, corajosa e, talvez até escondesse isso um pouco, capaz de grandes delicadezas. Recebi dela um enorme apoio quando resolvi fazer um lançamento bonito, em nome da ALITA, do meu segundo livro, em 1918. E, naquele momento, ela nem estava bem de saúde. Mas Sônia era assim: sincera, às vezes de franqueza muito fácil , mas um coração leve e pronto a ajudar. Dela, recebi sempre o carinho e a palavra incentivadora.
Bonita, vaidosa, orgulhosa do belo cabelo, porém pronta para qualquer luta, sem medo ou subterfúgios. Isso é apenas um pouco de Sônia Maron.
Que seus filhos e netos e nós, seus amigos que sempre a admiramos, a cubramos de bênçãos.
Margarida Fahel
Sônia querida, nos conhecemos ainda bem jovens, você no Quartel Velho, eu na Fazenda Castelo Novo e Ubaldo na Benjamin Constant. Você sempre linda, irradiando alegria e muita vontade de viver. Partilhamos de muitas festas na nossa cidade. Você sempre amorosa e muito delicada comigo e com Ubaldo. Você foi aquela mulher forte e corajosa, capaz de quebrar barreiras. Fez seu próprio destino e escolheu sua nobre missão. Passou por cima de inúmeros obstáculos, deixando para os que ficam um exemplo de coragem e persistência na sua trajetória de vida. Ficamos muito felizes quando se tornou juíza. Acompanhamos os seus sucessos na profissão. Desejamos que você feche esse círculo terreno com o mesmo vigor e a mesma esperança. Siga o caminho de luz que você mesma traçou, enquanto aqui esteve.
Descanse em paz.
Com eterno carinho Ritinha e Ubaldo.
Sônia Maron, elegância e simplicidade na mesma medida! Ela abriu as portas da Academia de Letras de Itabuna para novos integrantes, apostando na soma entre a tradição e a modernidade em favor da literatura.
Gostava de compartilhar histórias, vivências, gargalhadas, sempre deixando à vontade todos que com ela convivessem. Avessa a formalidades, preferia ser chamada apenas de Sônia. Sem títulos que afastassem o interlocutor. Porque ela queria proximidade, amizade, afeto – palavras tão caras nesta era de “modernidade líquida”, da qual Zygmunt Bauman tanto nos falou (ele figurava, inclusive, como um dos autores favoritos dela).
Ah, Sônia! Seguimos daqui buscando escrever boas histórias pela vida afora e aplaudindo o caminho vitorioso que você percorreu e tanto inspira quem cruzou seu caminho.
Rogamos a Papai do Céu que a conduza por um caminho de luz e que seu brilho resplandeça para sempre em nossa memória.
Com imenso carinho,
Celina Santos
PESARES DE SÔNIA MARON
Cyro de Mattos
Quem entende esse gesto?
O passado não tem volta.
Não se esvaem as dores
Prisioneiras do presente.
O vento que se aloja
nessas asas fabrica
vozes em rito de pesares,
que não se decifram.
Ó tempo rigoroso
no musgo desse muro,
sinto frieza no meu peito,
como fere nesse inverno.
Até no encanto assustas,
a flor que aparece
é a mesma que breve
no pó desaparece.
Imutável nesse estar
que ceifa a inocência,
a solidão de anoitecer
teu enigma que ofertas.
Hora que não tem cura,
Vez que não tem volta
Enquanto a noite chega
Para soterrar o dia.
Ó tempo quão amargo
É teu rigor nesse gesto
Que só a ti pertence,
Sufoca no meu peito.
De ti em dó e lágrima,
o que dói não é o calor
que aqueceu o coração,
mas as coisas que não virão.