Por Celina Santos
A magia da palavra falada, cantada, recitada deu o tom na inauguração da sala cedida na reitoria da UFSB (Universidade Federal do Sul da Bahia) à Alita (Academia de Letras de Itabuna). Na noite primaveril de 23 de setembro, um legítimo sarau marcou a abertura do espaço onde confrades e confreiras realizarão reuniões mensais e outras atividades com foco na valorização da literatura regional.
O evento também selou o primeiro encontro presencial entre os acadêmicos empossados neste ano em que a entidade completa a primeira década de história. Com direito a bolo e parabéns, eles receberam as boas-vindas de fundadores e demais nomes que ocupam cadeiras na instituição.
A solenidade, cujo mestre de cerimônias foi o ator, professor e acadêmico Jorge Batista, reverenciou obras dos escritores Cyro de Mattos, Ruy Póvoas, Ceres Marylise e Lurdes Bertol. “Esta é uma academia que produz; nossa imortalidade primeiro se dá através dos trabalhos que fazemos no dia a dia. A chegada de sangue novo nos anima!”, grifou Jorge.
Do desafio à realização
Um dos fundadores e primeiro presidente, o juiz Marcos Bandeira (hoje aposentado da magistratura) elaborou: “A Academia era um sonho acalentado há muito tempo. Itabuna, com uma plêiade de poetas, escritores, pessoas de letras, da ciência não tinha academia. Graças à união de pessoas como Cyro de Mattos, Ruy Póvoas e muitos outros, nós conseguimos. Ser o primeiro presidente foi desafiador e hoje fico feliz em ver uma sala na UFSB para simbolizar a nossa sede. A Alita nasceu com a vocação da eternidade; ela é grandiosa, pela força e qualidade dos seus acadêmicos”, vibrou.
A atual presidente da Academia de Letras, professora Silmara Oliveira, anotou: “Percebemos a conscientização das pessoas, das instituições, do indivíduo humano do que seja a literatura, a arte, a vida. É um momento de alegria, de agradecimento à Universidade Federal do Sul da Bahia, à reitora Joana Angélica Guimarães da Luz, que decidiu perguntar aos seus pares se poderia nos ceder esta sala”.
Ela acrescentou, com veemência: “Os alitanos todos estão jubilosos, porque estamos amparados; temos um ponto de partida e estamos felizes com esta logística e, principalmente, estamos aqui para construir conjuntamente com as universidades”.
Na mesma linha, a professora Lurdes Bertol reforçou a importância daquela inauguração: “Estou me sentindo muito feliz, porque agora nós temos um espaço físico para nos encontrarmos, fazermos nossas reuniões, temos um lugar pra ficar, para nossos livros, nosso material, organizar as atividades que queremos desenvolver na cidade”, exultou.
Encanto de debutante
Anfitriã naquela noite, a reitora Joana frisou a importância da cultura e da literatura para todos os municípios. “A universidade não pode ficar alheia a isso. Não podemos desconsiderar a necessidade do espaço para essa academia. Nos sentimos felizes, será uma parceria muito boa”, declarou.
Já o reitor da Uesc (Universidade Estadual de Santa Cruz), Alessandro Fernandes de Santana, lembrou o quão simbólica é a chegada da Alita àquele espaço da UFSB, na Praça José Bastos, onde já existe uma faculdade e onde futuramente será aberto um núcleo da Uesc. “Na casa da educação encontramos espaço para a poesia, para a literatura. Agradecemos à reitora, esse ato de generosidade é importante e a região é quem ganha”, completou.
Ele lembrou o centenário do saudoso escritor Paulo Freire (encenado ali pelo ator Pedro Lisboa) e a repentina partida do professor Adeum Sauer, homenageado como um nome com sólido trabalho pela educação de Itabuna e da Bahia. “Nós vivemos em um país onde algumas pessoas se julgam supercidadãs e subjugam outras como subcidadãs. Sonho com um dia em que cada um de nós possa se olhar no espelho e, simplesmente, se reconhecer como cidadão e cidadã”, assinalou.
Com 30 anos de atuação na disciplina Literatura da Região do Cacau e também empossada neste ano na Academia de Letras de Itabuna, a professora Reheniglei Rehem disse sentir-se como uma debutante.
“Meu sentimento é de observação e encantamento. Pessoas que eu tinha como referência hoje estão ao meu lado numa confraria. Chegar como debutante num lugar onde eu já estava como veterana é essa ambiguidade. Honra maior ainda porque fui indicada pelo decano primaz, o poeta, escritor, advogado, entusiasta Cyro de Mattos”, afirmou, animada.
Empenho pelo crescimento
Por sua vez, a delegada Sione Porto, outra presença desde a fundação da Alita, pontuou: “Nestes dez longos anos, temos nos empenhado para que a Alita sempre cresça, como trouxe agora a professora Reheniglei, nossa reitora Joana Angélica, que nos cedeu esse espaço magnífico, meu irmão Sílvio Porto, o professor Alessandro, dentre outros”.
O médico João Otávio Macedo, chegado no primeiro aniversário da entidade, igualmente manifestou seu contentamento por ver a dimensão alcançada a cada dia. “Hoje é um marco para nossa entidade”. Ele, inclusive, indicou para aquela confraria o professor e escritor Wilson Caitano, encantado ao mencionar a “paixão por escrever livros infantis”.
Nos olhares e conversas, enfim, ficou patente o sentimento de alegria por ver o desenho de novos passos a referendar o caminho já percorrido nos primeiros dez anos de caminhada. Por que não acrescentar um legítimo mantra? Salve a literatura, viva e imortal!
A inauguração contou, ainda, com a presença do presidente da AGRAL (Academia Grapiúna de Letras), Samuel Leandro de Mattos, e o Coordenador de Comunicação de Itabuna, Afonso Dantas. Ali, ele também representou a mãe, a alitana Ritinha Dantas.
Fotos: Bruno Gonzaga e Felipe Carregosa
De forma bem sucinta: só aplausos!
Excelente texto da confreira e jornalista Celina Santos.
Evento iluminado! O convívio, as conversas, as leituras e falas dos que ali expreessaram suas ideias, todos esses elementos fizeram brilhar a inauguração da sala da ALITA na reitoria da UFSB. O belíssimo texto da confreira Celina Santos exprime bem os sentimentos e a felicidade presentes nesse momento.